Capítulo 1 - Helena

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Joinville — Santa Catarina

— Como eu falei para a senhora pelo telefone, a casa passou por uma reforma há pouco mais de dois meses. A parte elétrica foi toda modificada, alguns canos e tubulações que estavam rachados e formando infiltrações, também foram trocados. E o mais importante, a casa está mobiliada, como a senhora tanto procurava e queria — disse Simone, representante da imobiliária.

A casa era simples, mas muito bonita. Ficava em uma cidade com pouco mais de 11 mil habitantes, chamada Glória, há um pouco mais de dois quilômetros de Joinville. Ao contrário das casas no Rio de Janeiro, ali — pelo menos naquela rua que me parecia tão calma —, a maioria das casas tinham os muros baixos, com um pequeno portão de ferro na entrada.

A fachada da minha casa era pintada de azul claro e logo me deu uma sensação que eu já não sentia há um bom tempo: aconchego.

Simone abriu o pequeno portão para mim e esperou que eu passasse. O pequeno quintal da frente tinha a grama aparada e um canteiro com pequenas flores coloridas. Subimos os quatro degraus que nos levava a porta de madeira branca. Olhei ao redor, curiosa, enquanto Simone destrancava a porta.

— Acho que já deu para perceber que a vizinhança é bem calma.

— Sim, e isso é incrível. De onde eu venho, tudo é muito agitado.

— Rio de Janeiro, não é? — eu assenti e ela continuou: — Nossa, eu fui lá uma vez, com o meu marido. É tão lindo! Me apaixonei por tudo, principalmente pelo Cristo Redentor. Que monumento! E a vista do Corcovado? É de tirar o fôlego!

— É sim. O Rio é uma cidade maravilhosa, não nega o apelido — comentei, entrando na casa.

A sala era linda. Toda pintada em um salmão bem fraquinho, com sofás em cor creme, uma estante e mesinha de centro de madeira. Simone me levou para uma pequena copa, onde tinha uma mesa de madeira com quatro lugares e, logo depois, passamos por um corredor que nos levou a uma cozinha comum, mas muito confortável, com espaço suficiente para uma pia grande, um fogão de quatro bocas, uma geladeira, armários e uma mesa de ferro com tampo de vidro e mais duas cadeiras.

Na cozinha tinham duas portas, uma que dava a área de serviço e outra que levava para um quintal maior e bem cuidado.

De volta a sala e ao corredor, paramos em frente ao banheiro, que, como ela havia comentado comigo por e-mail, também tinha passado por reformas e estava com pia, sanitário e chuveiro novos. Uma porta de blindex dava privacidade ao box.

O único quarto que tinha na casa, foi a parte que mais gostei. Era simples, pintado de rosa claro, com uma cama de casal, um armário fixo na parede, mesinhas de cabeceira e uma grande janela, que dava vista para o jardim florido da casa vizinha, mas que não tirava nem a minha privacidade, nem a privacidade de quem morava ao lado.

— É perfeito! Estou encantada.

— Fico muito feliz que tenha gostado — Simone disse, sorridente. — Espero que seja muito feliz aqui, senhora Helena e que fique por muito tempo. Aqui estão as suas chaves.

Peguei o pequeno chaveiro que ela me oferecia, onde continha a chave da porta da frente, da porta da cozinha, da área de serviço e do portão no quintal.

— Já disse para me chamar de Helena — falei e ela assentiu. — Espero que eu seja feliz aqui também, Simone.

E que seja capaz de esquecer tudo o que deixei para trás.

De repente, você (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora