Capítulo 3 - Helena

3.1K 619 40
                                    


Olá, amores!

Trouxe mais para vocês <3 

Beijos! 

--------------------------------------

A arma.

Novamente, a arma estava em minha mão. O cano prateado estava coberto por sangue vermelho vivo, que sujava também as minhas mãos. Com pavor, soltei o objeto que saiu quicando pelo chão de madeira, que também estava sujo de sangue.

Havia sangue por todo o lado, cobrindo o chão. E então, quando olhei para os meus pés, o sangue estava lá também. E nas minhas pernas, sujando meu vestido amarelo.

Eu estava cheia de sangue. O sangue não me deixava respirar. Eu não conseguia mais enxergar. Senti o gosto metálico na minha garganta. Me debati e com um longo grito, senti a escuridão me tomar.

Ouvi o grito e demorei alguns segundos para entender que o barulho horripilante havia saído de mim.

Tirando as cobertas das minhas pernas, olhei ao redor, procurando o sangue, sentindo meu corpo pegajoso e molhado. Vi pela luz do sol que entrava pela janela, que ali não era aquele lugar. Que aquele quarto era seguro, era limpo e tranquilo, não era aquele quarto que deixei para trás.

— Foi apenas um sonho — murmurei, mas precisei falar mais alto, para me certificar. — Apenas um sonho, Helena.

Cansada, passei as mãos pelo meu cabelo. O relógio na mesinha de cabeceira me indicou que eram oito da manhã, o que me fez lembrar que eu tinha dormido um pouco mais de três horas, pois passei quase a madrugada toda arrumando minhas coisas.

Três e quarenta e sete minutos de sono, para ser mais exata.

— Um novo recorde.

Não conseguia dormir direito há meses. Uma hora e meia era o máximo que meu cérebro descansava, antes de repetir aquela cena na minha cabeça.

Sabendo que não conseguiria mais dormir, caminhei para fora do quarto. Fui ao banheiro, comecei a escovar os dentes e, então, olhei-me pela primeira vez no espelho. Olhei-me de verdade e, aquele reflexo, não era eu.

Bom, pelo menos não era a mulher que eu sempre conheci.

Meu pai é branco, descendente de italianos, mas minha mãe é uma negra linda, com cabelos crespos que formavam lindos cachos. Eu nasci com a pele morena, meus cabelos eram um pouco mais lisos do que os da minha mãe, mas ainda eram crespos e encaracolados.

Sempre gostei muito de me cuidar. Apesar de odiar exercícios físicos com todo meu ser, eu gostava de dança e me esforçava a fazer aulas de jazz. Meus quadris sempre foram largos, minha barriga não era chapada, como aquelas modelos saradas, mas eu não me desesperava por aquilo, pois sempre gostei do meu corpo.

Mas, o que me encarava agora, era o oposto da mulher que sempre fui.

Meu cabelo parecia um ninho. Estava emaranhado no topo da minha cabeça, preso por um elástico. Meu rosto estava abatido, com olheiras escuras. Meus lábios estavam ressecados.

Minha pele estava ressecada também, pois há muito tempo eu não fazia uma boa esfoliação.

Até mesmo a minha depilação estava atrasada, pois, ultimamente, eu só andava de calça jeans e não tinha relações sexuais há meses.

— Está na hora de mudar isso, não acha, Helena? — perguntei a mim mesma. Então, a imagem do meu vizinho veio clara na minha mente. E senti um arrepio de horror ao pensar que ele havia encarado essa imagem pavorosa. — Com certeza está na hora de mudar isso!

De repente, você (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora