#AAssexualidade

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Dia 18

Crescia uma criança especial, cuja especialidade estava em ser normal. Isso mesmo, nunca entendi o espanto das pessoas por eu sempre agir com o cérebro e não com o corpo.

Lembro-me da minha infância conturbada, nomes como Luquinhas o "viadinho", "boiola", "bichinha" e "fracote" eram comuns para um menino como eu. Um menino que aos 11 anos de idade não pensava em beijar na boca, que aos 13 não sabia o que era um site pornô nem nunca tinha visto uma revista de mulher nua.

Recordo das tardes angustiantes em que eu achava que deveria ser como meus coleguinhas, mesmo que dentro de mim eu não quisesse, não precisasse, não tivesse essa necessidade de ser "homem".

Fui julgado, meu primeiro beijo foi forçado, com a menina mais bonita e popular da turma, foi bizarro, eu até nutria sentimentos por ela, mas na prática, no ato de beijar o encanto sumia, não queria mais, não gostava.

Aos vinte anos a pressão psicológica era por nunca ter transado, então o fiz e me senti traidor de mim mesmo, homem que é homem faz sexo e dá prazer, mas e minha vontade? E meus princípios? Não eram levados em consideração?

Não estou dizendo que beijo, contato, sexo, seja algo errado, não é, mas minha felicidade, meu bem estar, minha vida não depende exclusivamente disso. Assexualidade, palavra grande e pouco entendida, todos os termos que depositaram em mim se resumiram ao simples fato de eu ser eu, de eu ser o homem da maneira que eu quiser, não da maneira que a sociedade quer.

Quero sentir o prazer sim, o prazer de ser livre, livre de rótulos e assim obter o verdadeiro orgasmo da vida: o de ser quem eu sou.

-Leandro Alves-


PH Poem A Day - 2016Onde histórias criam vida. Descubra agora