Lights fill the streets spreading so much cheer.
Eu tinha certeza que, quando eu abrisse os olhos, estaria deitado sobre meu sofá, com o volume da televisão no máximo abafando Jingle Bells que era cantada no coral da minha rua e eu ficaria muito feliz por isso. Certeza absoluta, já que esse era o som que penetrava meus ouvidos. Eu sabia que não era o Papai Noel, eu tinha absoluta convicção disso.
Abri os olhos. Eu não podia tê-los mantido fechados?
— Eu sabia que Jingle Bells o acordaria. — A duende Anne disse, sorrindo vitoriosa — É a musica preferida do Noel.
Era a minha música preferida? Quem contou essa mentira absurda para ela? Isso nitidamente demonstrava que as coisas estavam erradas no universo.
Procurei desesperadamente com os olhos, varrendo todos os cantos da sala onde me encontrava, algo que eu nem sabia o que era, até meus olhos fitaram os de Alison, que estava preocupada. Acalmei-me no momento que senti a textura da luva branca em minha mão.
— Você está bem? — Ela me perguntou pela milésima vez naquele dia.
— Eu acho que não. — Disse para ela. Seus olhos castanhos pareciam legitimamente preocupados enquanto ela olhava para mim. Eu confiava no que ela dizia, percebi, quando pensei que deveria esclarecer que tipo de pegadinha era aquela antes de prosseguir — Será que podemos conversar?
— Claro. — Ela sorriu vagamente — Vamos para um lugar mais discreto — Direcionou seu olhar para a pequenina de chapéu verde, cuja cor da pele indicava que ela estava prestes a ter um ataque cardíaco. Delicadamente, se abaixou até conseguir colocar uma das mãos em seu ombro direito — Tente manter as coisas em ordem Anne, terei que ver o que faço com Noel.
Ela se levantou após receber um aceno positivo de Anne. Andamos lado a lado pelo mesmo corredor no qual eu acordei pela primeira vez, só que dessa vez, os dedos de uma de suas mãos estavam entrelaçados aos meus. Eu não sabia ao certo porque, mas confiava nela de uma forma estupenda e basicamente instintiva, já que, na realidade, eu não a conhecia. Chegamos ao quarto e nos sentamos na cama de casal, lado a lado, o que era algo natural, como se eu já estivesse estado ali muitas vezes com ela. Tínhamos uma intimidade da qual eu não me lembrava.
— Eu sei o que quer saber — Disse, apertando levemente a mão na minha, de um jeito reconfortante —Você quer saber porque todos dizem que você é o Papai Noel e porque não te chamam pelo seu nome. — Assenti positivamente — Eu te levei à montagem, para que, talvez, se lembrasse, mas acho que essa abordagem não está funcionando. E, como temos pouco tempo, acho mesmo que devo te contar o que está havendo.
Assenti novamente, sem nada comentar. Ela prosseguiu:
— Há muitos anos, realmente muitos, alguns reis, pelo que conta a história, resolveram presentear todas as crianças do reino. No início, não era exatamente pelo nascimento do menino Jesus, mas sim pelo dia da Luz, comemorado no dia vinte e cinco de dezembro. — Ela pausou sua fala por alguns segundos, como se estivesse esperando que eu absorvesse a informação — O nome do primeiro rei era Claus. Ele era um velho, de cabelos e barba compridos e grisalhos, que fazia uso de uma roupa toda vermelha, o que caracteriza a aparência do Papai Noel atual. Então, o menino Jesus nasceu, mas não se sabe ao certo em que dia, pois não havia como registra-lo, então, começou-se a comemorar no mesmo dia da festa da luz, que era uma festa pagã, pois essa festa comemorava a verdadeira luz do mundo. Que data poderia ser melhor? E essa tradição foi passada de rei para rei, durante toda a dinastia. A história conta que eles deixaram de ser reis, mas continuaram em posições na alta sociedade... E, de alguma forma, começaram a presentear todas as crianças do mundo. Com magia. — Ergui as sobrancelhas, um tanto descrente do que ela estava falando — Parece irreal, Mark, mas é assim que tem sido há muito tempo. A tradição se manteve na família e acho que pode imaginar quem foi o último Papai Noel.
— Meu pai? — Chutei, num tom meio duvidoso, apenas seguindo a lógica da história.
Ela assentiu, calmamente.
— E ele passou pra você há alguns anos. Desde o primeiro grande Santa Claus, ou Papai Noel, eram seus ancestrais. Você é descendente daquela dinastia, Mark. — A história, ao menos no que tange os aspectos de que minha árvore genealógica de fato comportava alguns monarcas, era verídica — E você é agora o Papai Noel. Aqueles duendes na confecção são de verdade. Eles acreditam que você é o Papai Noel, porque essa semana é algo mágico. — Ela sorriu com ternura, deslizando de forma delicada as mãos nas linhas de meu maxilar — Eles não existem todo o tempo, apenas na semana de natal. E é por isso que é importante que eles não saibam que você é um ser humano normal. Para eles, você é o grande Santa Claus, ou melhor, o Papai Noel.
Eu fitava Alison. Ela não estava realmente esperando que eu acreditasse naquela história, certo? Eu, descendente do Papai Noel original que entregava presente para todas as crianças do mundo. Por favor. Nem se eu fosse um pouco mais idiota e tivesse cinco anos acreditaria numa asneira tão grande.
— Você não acredita. — Constatou, afastando as mãos do meu rosto de uma forma quase ofendida.
— É muito bonita a história, mas... É inacreditável. — Respondi, óbvio.
— Eu posso te mostrar. — Ela disse e sorriu, como se tivesse acabado de aceitar um grande desafio que se achava nitidamente capaz de vencer.
Tente a sorte, Mamãe Noel.
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Oi, gente! Tudo bem?
O que vocês acharam do segundo capítulo, hum? Contem-me tudo!
Obrigada por estarem lendo!
Beijos,
Gabs ❤
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Visco (Concluído).
Short StoryMark Davis tem uma certeza na vida: O natal é a pior época do ano. Ao contrário da maioria das pessoas, que se enchem de alegria e bondade, ele simplesmente não vê sentido no espírito natalino e sente vontade de hibernar e só ser acordado quando o...