With you, under the mistletoe.
Voltamos para dentro da casa. Eu não tinha me dado conta de quanto tempo passara, mas já eram onze da noite.
Alison me levou novamente para o quarto, procurando por alguma coisa dentro das gavetas. Levantou-se, trazendo nas mãos uma touca e um pacote de alguma coisa, que não reconheci de imediato. Ela colocou a touca na minha cabeça e me entregou o pequeno pacote. Voltamos para o estábulo, os presentes estavam todos no trenó. Anne e um outro duende, que descobri depois se chamar Robert, estavam dentro do trenó, sentados no assento traseiro.
— Noel. — Alison me chamou, calma. Estávamos de mãos dadas, então pude sentir quando ela apertou com leveza minha mão num gesto de apoio. — Está na hora de levar todos esses presentes.
— Você vai me ajudar? — Questionei, devolvendo seu aperto gentil.
— Eu não posso. — Ela disse, sorrindo de um jeito meio tristonho.
— E como eu faço isso, então? — Perguntei. Era uma pergunta válida, quero dizer. Não sei se um trenó era como os carros e as motos como os jet skis para que isso desse muito certo.
Ela pousou as mãos calmamente em meu rosto, olhando dentro de meus olhos e, como se tivesse medo das próximas palavras, ela prosseguiu:
— Só você sabe como fazer isso. — Encarou-me por um segundo. — Você sabe o que fazer, Mark. — Estranhei o fato de ela não ter me chamado de Noel, mas esqueci até como era meu nome de verdade quando ela sorriu. — Você sempre soube. Basta acreditar na magia que o natal traz.
— Mas eu não acredito! — Disse a ela. Esse era um problema meio óbvio, talvez ela já devesse ter notado — Eu odeio o natal! Sempre odiei. Sempre achei que fosse um motivo a mais para ser consumista, para as pessoas dizerem que vão fazer o bem e não fazerem nada; mais uma desculpa para se empanturrar de chocolate. Eu nunca soube o significado, eu não posso acreditar.
— Não é no que as pessoas dizem, ou deixam de fazer que o natal se baseia. É nos bons sentimentos, é no amor que fica no ar. É na alegria, são nas poucas pessoas que realmente fazem algo que a magia está. — Alison disse, encarando-me nos olhos e deslizando os dedos longos pelo meu maxilar — Não são nos presentes, são nas ações. São nos sorrisos que se abrem por você contar uma história em um hospital ou pelo carinho transmitido em um abraço. E você não vai só entregar presentes, aliás, eles são o que menos importa. O que importa é o sorriso e a felicidade que surgirá amanhã pelas crianças, não por terem um novo brinquedo, mas por saberem que Noel novamente não se esqueceu delas. E é graças a essa felicidade que isso tudo existe — ela se referia a cada cômodo que eu havia visitado, a cada rena, a cada duende — E é assim que se renova ano após ano. Pense no sorriso delas, na alegria, nas famílias, nas crianças mais simples que acreditam que você existe, quando nem você mesmo acredita nisso. Pense nelas, e pense que elas precisam de você. Pense no amor, Mark. Esse é o segredo de tudo.
Algo inusitado apareceu em mim, algo instantaneamente bom. Abracei Alison de um jeito terno. Apertei seus cabelos com as mãos, beijando o topo de sua testa. Virei-me para o trenó a minha frente, sem muita certeza. Abri o pequeno pacote que ela havia me entregado, tirando dele um pó que me lembrava purpurina. Sentei-me no assento reservado a mim, tomando as rédeas com a mão livre.
— Eu sou o Papai Noel — E, dizendo isso, ou melhor, acreditando nisso, atirei o pó que estava em minhas mãos no trenó. As pequenas purpurinas pareciam ganhar vida e circulavam o trenó freneticamente. As portas do estábulo se abriram, eu peguei as rédeas da renas com as duas mãos e, de repente, eu estava viajando com renas voadoras no meio da noite.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Visco (Concluído).
Short StoryMark Davis tem uma certeza na vida: O natal é a pior época do ano. Ao contrário da maioria das pessoas, que se enchem de alegria e bondade, ele simplesmente não vê sentido no espírito natalino e sente vontade de hibernar e só ser acordado quando o...