"Sempre ouvi dizer que não há dor que dure para sempre! Que tudo é vário. Temporário. Efêmero. Mas porque algumas dores parecem que vão durar para todo o sempre ?"
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MAITE
Se me perguntassem há 10 anos atrás como eu imaginava que seria a minha vida nos dias de hoje... com certeza eu não responderia que seria esta que estou vivendo. Mas eu era só uma garotinha de 13 anos... cheia de sonhos, de fantasias... sonhos e fantasias que nunca se realizaram.
Perdi meu pai muito cedo e logo em seguida minha mãe descobriu estar com câncer... como filha mais velha, coube a mim a responsabilidade de cuidar da casa e de sua saúde...
E cá estou eu, bem diferente de quem eu sonhava ser... mas para ser sincera eu ainda sonho... todas as noites quando deito em minha cama sonho com uma vida melhor, com a felicidade, com um grande amor... mas sonhar não paga conta, não compra remédio nem comida. Por isso todos os dias antes de levantar eu respiro fundo, me encho de coragem e encaro o meu destino.
Já eram 20:00 hrs da noite de uma sexta-feira... depois de passar todo o dia cuidando da casa e da minha mãe, eu precisava me arrumar para trabalhar. Não era o melhor trabalho do mundo e as vezes até me dava vergonha de cantar e dançar naquele bar que era praticamente frequentado somente por homem. Mas eu precisava daquele dinheiro, não era nenhum fortuna, porém meu salário era maior do que eu ganhava como secretária.
C: Oi May... já está indo? – Olho pelo reflexo do espelho e vejo Clara encostada da porta
M: Já sim... ainda bem que você chegou... não queria deixar a mamãe sozinha... – Disse eu terminando de passar um batom vermelho nos lábios
C: Você está tão linda irmã... eu queria tanto te ajudar... vejo que você está tão infeliz... – Ela se aproxima de mim e acaricia meus cabelos
M: Nem pensar mocinha... eu quero que você termine os seus estudos... pelo menos você vai ser alguém na vida... – Disse eu beijando sua testa
C: Mas May...
M: Mas May nada... eu já estou atrasada... tenho que ir... cuide da mamãe ok? Eu já dei seus remédios e agora ela está dormindo... qualquer coisa você me liga que eu venho na mesma hora tá bom? – Perguntei já pegando minha bolsa e colocando no ombro
C: Tá bom... eu ligo... – Respondeu ela meio a contragosto
Dou um último beijo nela, passo rapidamente no quarto da minha mãe para confirmar que ela realmente estava dormindo e finalmente saio para mais uma noite de trabalho.
Mas algo me dizia que aquela não seria apenas mais uma noite qualquer... não sei explicar, mas meu coração está apertado, é como se tivesse um nó em minha garganta me impedindo de respirar... como se minha vida fosse mudar naquela noite... só não sabia se era para o bem ou para o mal.
