Eu não queria chorar ....

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No meu caminho de volta para casa, eu tento não deixar que as lágrimas em meus olhos caiam. Elas são muitas e com cada passo para longe fica mais difícil segurá-las. Eu fecho os olhos e paro de andar, me apoiando em uma arvore próxima e comecei a respirar profundamente para me controlar. Funcionou por um minuto, até que eu não posso mais.

Eu senti meu coração se apertar desconfortavelmente no meu peito e levei a mão até ele tentando fazer parar, mas não adiantava. Em seguida as lágrimas se derramaram por meu rosto e eu não pude mais suportar, eu chorei ali mesmo, no silêncio da floresta escura.

Eu sentei no chão, encostada no tronco da arvore, levantei as minhas pernas e escondi meu rosto entre elas enquanto abraça-vas e deixava que tudo o que eu estava sentindo ,toda a tristeza que meu peito não podia conter, se esvair em minhas lágrimas derramadas.

Eu ouvi o som de folhas sendo pisadas e por um momento meu coração se encheu de esperança, eu pensei que fosse o JungKook vindo me procurar e dizendo que ele sentia muito, que havia dito aquilo sem pensar...Mas não era ele. O Ghost se aproximou de mim e sentou do meu lado, roçando seu pelo em minha perna e me olhando como se entendesse o que eu estava sentindo. Um soluço alto e desolado saiu de meus lábios quebrando o silêncio da floresta e mais lágrimas escorrem por minha face. Eu passo meu braço por seu pescoço e choro ainda mais.Eu deixo as lágrimas caírem, esperando que levassem consigo o vazio que sentia pressionando em meu peito. Eu não pensei que o que eu sentia pelo JungKook fosse tão forte assim, não conhecendo ele tão pouco. Eu não pensei que o conforto de sua presença ali fosse se transformar nessa sensação sufocante que ameaça me desfazer por completo.

Solidão é mais do que uma sensação, é uma manifestação esmagando meu coração, um peso gigante, me sufocando, me consumindo.

Eu ouço o lamurio do Ghost ao meu lado, e eu sei que ele sente a minha tristeza. Eu quero dizer a ele que eu vou ficar bem, mesmo que ele não entenda o que eu digo, mas eu não sei se vou. Essa dor é tão grande, eu não sei se consigo suportá-la.

Eu fico até o sol começar a clarear o céu. Eu devo ter dormido em algum momento, pois eu não vi o tempo passar. o Ghost estava ainda do meu lado e eu tinha me dormido encostado nele o que não deixou que eu sentisse o frio da noite.

—Obrigada.—digo com a voz rouca. Minha garganta doía de tanto chorar e eu sentia meus olhos inchados. Eu me levantei e comecei a caminhar de volta para minha casa, meus pais deviam estar preocupados. Não era a minha intenção dormir ali, nem chorar a noite inteira ,mas o que fazer agora ?

O vento mexia as folhas das árvores, fazendo as sombras dançarem. Quando as sombras mexiam daquele jeito, parecia que tinha coisas ali que não deveriam. O Ghost me seguia, o que me dava segurança. Eu não achava que qualquer animal fosse tentar alguma coisa com ele ali.Ou uma pessoa.

Eu tentei manter minha mente nesse cenário, imaginando que tipo de animais poderiam desafiar o Ghost, ou se uma pessoa pudesse estar tão fundo na floresta a essa hora, só para não deixar que minha mente voltasse para ontem, para como as coisas passaram de confortáveis a sem futuro em tão pouco tempo.

Quando cheguei em casa, mandando o Ghost ir antes de sair da cobertura da floresta e agradecendo a ele por ter ficado comigo, minha mãe estava na porta, rezando para seus deuses, e quando me viu, se levantou correndo e me abraçou. Eu me deixei ser abraçada por ela enquanto ela perguntava onde eu estava e se eu estava bem. Ela precisava disso e eu ainda mais. Eu disse que estava bem e que só havia perdido a noção do tempo, ela não precisava se preocupar. Mas ela era mãe, ela sabia que algo havia acontecido. Ela não perguntou sobre isso no entanto, apenas me abraçou e me deixou saber que ela estava ali por mim se eu quisesse falar. Eu não queria.

Eu tomei um banho e me deitei olhando para meu quarto sem o ver realmente e cai em um sono sem sonhos, vazio como eu me sentia.

Os dias que se seguiram foram exatamente iguais. Eu levantava, ajudava minha mãe e voltava para minha cama.A noite, eu chorava baixinho para que minha mãe não ouvisse e meu pai não se preocupasse, mas eu podia ver em seus olhos a preocupação crescente. Eu via o Ghost a noite, ele vinha todo dia e só ia embora depois de me ver acenar para ele. era confortante e ao mesmo tempo não, pois toda vez que eu o via, eu lembrava do JungKook e me perguntava como ele deveria estar, se ele estava comendo bem ou dormindo.E as lágrimas vinham mais depressa.

Meu pai, tentando me animar me chamou para ir na cidade com ele comprar alguns mantimentos que faltavam. Eu não queria preocupá-los ainda mais, então eu aceitei. Coloquei o meu melhor vestido e minha capa nova que meu pai tinha trazido para mim de uma de suas viagens a capital, e fui com ele, sorrindo das suas piadas e o fazendo rir das minhas.A viagem era longa, mas valia cada segundo na estrada.

Quando chegamos, eu logo me vi cercada de sons e odores novos e fiquei fascinada como sempre fazia quando via ate aqui. Eu corria de uma tenda a outra com meu pai provando temperos, sentindo a leveza dos tecidos e saboreando as frutas que os vendedores nos dava para experimentar e pela primeira vez, eu sorrio com vontade de fazê-lo e esqueci o peso da rejeição do JungKook.

—Eu tenho que comprar os grãos...Não vá longe. Você sabe onde eu deixei nossos cavalos né?—eu faço que sim com a cabeça e ele assenti.—Aqui, para você comprar algo para você.—Ele me entrega algumas moedas e me olha, ainda preocupado.Eu sorrio para ele e digo que vou ficar bem e ,depois de um olhar longo para meu rosto, ele logo some entre a multidão de mercadores.

Eu continuo a minha exploração pelas barracas entretida com tudo e paro em uma delas que me chamou a atenção de imediato.

Havia vários quadros entalhados com desenhos intricados de arvores, animais e pessoas e um deles me chamou atenção. Era o quadro de um grande lobo uivando para a lua de cima de um monte e o lobo do desenho me lembrou muito o Ghost. Eu passei a minha mão pela tela, absorvendo a riqueza dos detalhes, a beleza de seus traços e quando olho para frente para perguntar quanto é aquela peça sinto o sorriso em meus lábios diminuir aos poucos quando reconheço os olhos que me fitam de volta por debaixo da capa escura do vendedor.

A sombra do LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora