In Between Days

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Eu deixo de lado o quadro e me viro, andando para longe dele sem olhar para trás.

Eu apresso meus passos mesmo sabendo que ele não está me seguindo. Quando eu percebo eu estou correndo com lágrimas nos olhos, passando pelas pessoas sem ver nenhum rosto em particular. Quando acho que estou longe o suficiente, paro e respiro fundo tentando acalmar meu coração. Eu ajeito a minha postura depois de um tempo e limpo meus olhos, respirando algumas vezes e olhando para frente para ver onde eu estava. Não reconheço onde estou, não há tendas aqui e há muito pouco movimento de pessoas.

Eu me viro para voltar pelo mesmo lugar que vim até poder me localizar melhor e o vejo parado lá, me observando de longe. Meu peito dói quando o vejo e eu tenho que forçar as lágrimas a permanecerem presas em meus olhos. Juntei o pouco de orgulho que me restava e caminhei até ele, com o pensamento de passar sem ao menos lhe lançar um segundo olhar. Eu não sabia porque ele havia me seguido quando foi ele quem me mandou ir em primeiro lugar, mas eu também não me esforçaria em entender. Ele me afastou quando eu não queria ir.

O que mais ele queria de mim?

Quando estou a alguns passos de passar por ele, a cada passo meu coração pesa mais, eu não olho para ele, apenas para frente. Eu poderia deixar as lagrimas caírem quando chegasse em casa. Ele não precisava ver minha dor se não tivesse a intenção de fazê-la desaparecer.

Mais um passo e eu conseguiria, apenas mais um. Mas quando estou prestes a dar esse passo e deixá-lo ali para trás, assim como meus sentimentos por ele, sinto sua mão em torno de meu pulso me impedindo que eu me afastasse ainda mais. Eu paro, meu coração batendo acelerado, mas não me movo.Não me atrevo a olhar para ele.

—Por que?—pergunto com a minha voz baixa, sentindo a dor das palavras dele mais uma vez enquanto espero pela sua resposta.

Ele permanece em silêncio por um tempo muito longo e eu não posso mais esperar, eu não posso deixar que ele me machuque mais uma vez. Solto minha mão de seu aperto disposta a me afastar novamente, mas novamente sinto seu toque em mim, dessa vez são seus braços que me cercam e me trazem até ele, me prendendo ali. Sinto seu coração batendo rápido, tão rápido quanto o meu e um carroço se forma em minha garganta. Uma lágrima solitária escorre pela minha face quando sinto ele apoiar seu queixo em meu ombro e dizer com a voz suave, mas temerosa.

—Eu sinto muito. —Os meus olhos se arregalaram com emoção e eu não consigo acreditar no que acabei de ouvir.Lutando pela esperança que ameaça brotar em meio a minha dor, eu junto forças e pergunto.

—Pelo que?—Meu coração ,que antes parecia prestes a sair de meu peito, agora para ansiando ouvir sua resposta.

—Por te mandar ir.—Ele me solta e me vira para que eu possa olhar para seus olhos e me encara.Desatando o nó das cordas da capa, ela deixou cair o capuz para trás, mostrando o rosto e meu coração dá um salto por um momento.Eu tinha sonhado com ele quase toda noite, mas os sonhos não faziam jus a sua real beleza.Ele era tão bonito, uma beleza selvagem, natural e que fazia com que eu não quisesse parar de olhar para ele.

Eu não desviei meus olhos do dele procurando alguma coisa que pudesse me indicar que eu não estava sonhando, que ele realmente estava dizendo isso para mim.Ele passou a mão pelo meu rosto de forma carinhosa e eu senti o calor de seu toque aquecer todo caminho ate meu coração vazio, preenchendo-o com um sentimento quente, bem-vindo que sempre esteve lá desde que o vi pela primeira vez. E isso apenas aumentou quando ele falou com a voz mais profunda, dura e forte, sem nenhuma hesitação.—Eu senti sua falta.—Eu pude ver seus olhos úmidos de lágrimas e como eles procuravam em meu rosto alguma coisa que eu não sabia explicar.

A sombra do LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora