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P.O.V V. A. L. E. N. T. I. N. A

VALSOLDA, ITÁLIA.

Já passa da 01:00 AM e ando distraidamente pelas ruas escura da cidade, a essa hora todos os moradores dessa pequena cidade estão em suas casas.

Hoje de manhã cedo o dia estava bem quente para uma época tão fria, porém assim que a noite caiu o frio se alastrou pela cidade e o pequeno arrependimento de só ter pegado uma blusa leve se espalhou por mim.

A lanchonete onde trabalho integralmente para que eu possa terminar meus estudos, não fica tão longe assim da pequena casinha onde eu e minha tia Marta moramos.

Tia Marta apesar de muitas vezes gritar e me obrigar a limpar a casa, enquanto ela joga em cassinos, ela é uma boa mulher e agradeço muito por me abrigar na casa dela quando minha mãezinha morreu.

Todas as noites faço o mesmo caminho, saio de casa pela manhã vou para faculdade e volto correndo para casa para preparar o almoço de minha tia, às 14:00 da tarde vou para a pequena lanchonete da cidade e só saio de lá quando o último talher estiver limpo e muitas vezes isso se estende até quase 01:00 AM.

Com os fones de ouvido quase não percebo que estou sendo seguida, pauso a música e dou uma olhada para realmente confirmar que dois rapaz estão atrás de mim.

Apresso o passo e prendo a respiração, meu coração acelera e sinto minha pernas bambearem, tento mudar algumas vezes de percurso para me livrar deles, mas nada funciona.

Então lembro do pequeno beco que me levará direto para minha casa, ele é bem estreito e nesse horário é meio perigoso encontrar alguns integrante da máfia "Lobos do Deserto", mas conhecidos como As raposas.

Os integrantes da máfia andam livremente pela rua nesse horário, a cidade toda os tratam como cidadões normais e bem na minha opinião não deveriam.

Isso só mostra como a sociedade aceita qualquer coisa imposta.

Minha tia sempre me contou que As Raposas sempre comandaram essa cidade e que eu sempre deveria abaixar a cabeça e aceitar que sem eles nossa cidade seria esquecida e morreríamos em poucas semanas.

O pequeno beco se aproxima e assim que entro nele começo a correr, os dois rapazes percebem minha rápida movimentação e começam a correr.

Posso ver o final do beco estreito, minhas pernas doem e tenho que desviar de latões de lixos, escuto a correria dos rapazes atrás de mim e quando acho que conseguirei chegar ao final, um vulto aparece em minha frente fazendo com que eu esbarre no corpo e vá em direção ao chão.

- P-por fa-vor me deixe ir. - Meu rosto já está molhado de lágrimas quentes e meu corpo treme com o frio.

- Nananinanão pequena ovelhinha, prazer sou Isaac!! - Ele estende a mão para mim.

Recuso a pegar em sua mão e me levanto sozinha.

- Moço eu te imploro me deixe ir, minha tia precisa de mim.

- Calma ovelhinha. - O rapaz diz com um sorriso maligno.

Ele tenta passar a mão em meu rosto e eu acerto um tapa em sua mão fazendo com que ele leve um susto e caia na risada.

- A ovelhinha pode ser um lobo mal também. - ele sorri mais. - Viram rapazes cuidado com ela. - Só agora percebo que os dois rapazes que antes corriam atrás de mim estavam nos observando.

- Moço eu juro que eu te dou tudo o que eu tenho, mas por favor me deixe ir. - Mais uma vez imploro e ele nega com a cabeça.

- Você é um presente. - Um dos rapazes diz, me viro para olhar para ele, mas a escuridão não deixa.

Mais lágrimas escorrem pelo meu rosto, me sinto pequena e frágil, não quero nem imaginar no que irá acontecer só consigo pensar em como minha tia ficará preocupada.

- Minha tia, moço ela precisa de mim.

- Mas ela que fez isso com você. - Isaac como o homem tinha se apresentado fala, ele faz um aceno com a cabeça e os rapazes atrás de mim pegam em meus braços.

- Quê? Como assim? Me solta.- Me debato, mas aqueles caras eram milhares de vezes mais forte que eu.

- Hora de cala a boca, ovelhinha. - Colocam um pano no meu nariz tento não inalar, mas meus pulmões começam arder e acabo cedendo e logo minha visão fica embaçada e meu raciocínio mais lento, então tudo fica escuro.

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P.O.V. A. U. G. U. S. T. O

Estou a mais de 3 horas nesse maldito hospital já passam das 01:00 AM e nenhum médico foi capaz de aparecer, minhas mãos tremem e o nervosismo não vai embora, passo a mão pelos meus cabelos e sinto algo viscoso quando vejo é sangue.

Algum corte superficial.

Minha mãe se levanta e me segura pelos ombros.

- Filho sente-se andando em círculos só nos deixa mais nervosos. - Acerto um tapa em minha mãe, porém logo me arrependo, machucar minha mãe era como bater no Bambi, só que pior.

- Me desculpe, só que essa demora está me matando.

Ela me entende apenas com o olhar e volta a se sentar.

- Alguma novidade? - Meu pai pergunta assim que chega próximo a nós.

- Não, ela ainda está na cirurgia.

Lauren a mulher da minha vida, a única mulher que me ensinou a amar e agora ela estava em uma cirurgia de vida ou morte.

Tudo culpa minha.

Sinto vontade de entrar naquela sala de cirurgia e abraçá-la e beijá-la antes que seja tarde demais.

Sem pensamentos negativos Augusto.

Quando acho que vou entrar a qualquer minuto em um ataque de pânico, observo um médico se aproximar.

- Vocês que são a família da Lauren Willy? - Ele pergunta.

- Sim, eu sou o noivo dela, Augusto. - Me apresso logo a falar.

Ele me olha com pena e sinto meu coração falhar uma batida.

- Me desculpe mas...ela não resistiu a cirurgia, teve falência de órgãos e hemorragia cerebral.....- Sinto meu mundo desmorona, minhas pernas pesam e caio de joelhos no chão, lágrimas rolam livremente em meu rosto.

Tudo culpa minha.

Em uma ataque de raiva, me levanto e começo a jogar tudo que aparece em minha frente.

- Filho isso vai passar fica calmo. - Minha mãe tenta me segurar, pego meu celular e jogo contra à parede.

- NÃO, ISSO NÃO VAI PASSAR.- Grito.

Chego ao ponto de jogar todos os objetos da sala de espera bem longe.

- Claro que vai. - Minha mãe tenta insisti em me acalmar.

- ELA SE FOI ELA LEVOU TUDO LEVOU MINHA VIDA.- novamente me ajoelho no chão, ela corre em minha direção se ajoelhando junto a mim e abraça e começa a cantar.

[...] Não diga uma palavra, Mamãe vai te comprar um rouxinol, E se esse rouxinol não cantar, Mamãe vai te comprar um anel de diamante [...]

- Acalma-te esse coração, um dia alguém te ensinará amar novamente.- Ela dizia alisando meus cabelos.

- Nunca amarei ninguém, como amei ela mamãe. - Sussuro entre as lágrimas, sinto uma pequena picada em meu braço, e minha visão como a embarçar e tudo em minha volta girar, assim meus olhos se fecham.

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Espero que gostem da mudança.

Amor Fora Da LeiOnde histórias criam vida. Descubra agora