Capítulo 3 - Testemunha

134 19 17
                                    


Depois da ida do primeiro grupo Sr. Shay quis estabelecer uma ordem para os grupos seguintes. Antes mesmo que pudéssemos conversar com o resto do grupo, Mila ofereceu nosso grupo para ser o segundo. Rick, Axel e eu tentamos desfazer aquilo, mas o professor já havia abraçado a ideia. Eu não sabia o que ela tinha em mente, talvez tentar encontrar Quirina antes que ela chegasse do outro lado? Axel pareceu preocupado com essa atitude repentina de Mila, mas se manteve firme.

- Vamos continuar com o plano? – perguntou Axel.

- Sim. Mas agora vamos só fazer a segunda parte. – sussurrei.

Quando terminou de decidir a ordem dos grupos, professor Shay olhou para seu cronômetro, que estava contando o tempo desde a partida do primeiro grupo, e pediu que nos alinhássemos no limite da floresta. Os apolíneos do grupo disseram seus nomes. O loiro dos olhos verdes se chamava Hayden Mazur, o do Black Power era um tal de Ade Jaha Izebge. Os dois parecidos se chamavam Iker e Holden, mas eu não consegui escutar seus sobrenomes.

Professor Shay colocou seu apito na boca e eu me preparei para correr. Eu estava ao lado de Rick e Axel. Mila estava do outro lado. Assim que ouvi o apito corri para dentro da floresta e segui Axel, que estava de olho em Mila. Rick, Hayden, Ade e os outros do grupo partiram em linha reta, enquanto a pequena valentona correu na diagonal direita. Ela parou de correr e começou a caminhar assim que perdeu de vista os outros. Eu me escondi atrás de uma árvore oca e Axel se escondeu na árvore do lado. Mila sentou no chão atrás de um tronco caído. Estávamos distantes o suficientes dela para que pudéssemos conversar.

- O que raios ela está fazendo? – perguntou Axel.

- Eu sei lá. – falei, dando de ombros.

Ouvi Mila vir em nossa direção e entrei no buraco na base da árvore. Lá dentro estava escuro e senti algo gelado quando apoiei as mãos no chão. Torci para que fosse apenas musgo. Os passos de Mila se aproximaram e vi as botinas dela passando na frente da árvore. Axel deve ter dado um jeito de se esconder, pois não ouvi conversa nenhuma, só os passos. Esperei até ter certeza de que ela estava a uma distância segura e sai de dentro do buraco. Fiquei agachada e encostada à árvore para verificar se Mila estava longe. Não a vi em lugar nenhum e entrei em desespero. Senti algo tocar meu braço e abri minha boca para gritar, mas alguém a tapou. A pessoa me puxou e virou meu rosto para que eu visse... Axel?

- Você viu para onde ela foi?

- Sei que ela foi para aquele lado, mas não a vi quando sai.

Axel assentiu. Olhou para algo atrás de mim e sua expressão mudou da água para o vinho. Ele se abaixou no mesmo instante. Fiz o mesmo.

- Ela está lá. – apontou ele. Olhei naquela direção e vi ela quebrando um galho com as mãos. – Tudo bem, agora vamos esperar um pouco. Então você fica caída aí atrás e eu me escondo naquele tronco e você grita por socorro. Lembre-se, você acha que quebrou o tornozelo.

- Ok.

Nosso objetivo era que Mila me ajudasse e as pessoas do próximo grupo vissem, assim não teria como ela não achar que me salvou. Todos a chamariam de heroína, eu principalmente. Parecia ser um bom plano. Algum tempinho se passou e ouvimos o apito, esperaria um pouco até o outro grupo chegar e poria minha garganta para funcionar. No entanto, antes mesmo de conseguir fazer isso, Mila desatou a correr. Axel e seu a seguimos, novamente, de longe. Nos escondemos atrás de uma moita e observamos a garota. Ela parou e ficou atrás de uma árvore, à espreita.

A Disforme - O legado da Ira [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora