A cura

25 6 0
                                    


Três dias atrás

  Desci do helicóptero e caminhei até o homem que me esperava em pé, próximo às escadas. Vestia um terno caro, e sapatos de couro de animal, que lhe caiam muito bem. Tinha olhos negros, que combinavam com sua cor escura, dando um ar assustador ao homem.

  - Porque está atrasada, Sra. Rayworth? – Perguntou o homem com um resmungo.

  Prepare-me para falar de como o piloto do helicóptero havia se atrasado, mas o chefe apenas virou-se e desceu as escadas, entrando na porta vermelha que levava aos laboratórios principais.

  - Não quero ouvir suas desculpas, mas quero apenas que se concentre nas maravilhas que verá hoje. Espero que mantenha o que ver aqui, já que tudo é inteiramente ilegal e muito perigoso. – Propôs o chefe, com voz grossa.

  Simplesmente assenti, entrando pela porta corta-fogo, logo atrás do homem. Entramos em um corredor branco, e viramos a direita logo depois, as luzes piscando a cada passo que dávamos.

  - A lâmpadas queimam como fósforo aqui, não sabemos ainda o motivo, aparentemente o cheiro de morte as deixa fracas. – Acrescentou ele rindo.

  Dei um pequeno sorriso, afinal o que importa é agradar ao chefe. Chegamos à ala norte da fábrica , onde ficavam os cientistas. Estavam todos debruçados sobre grandes computadores e equipamentos estranhos.

  - Preciso que venha ver logo o que conseguimos, chegamos à fase final, a fase borboleta. – Afirmou Sr. Schimer.

  Ele andou até uma porta de ferro que ficava no lado mais distante dos cientistas.

  - Pronta para ver a mágica? – Perguntou ele num sussurro misterioso.

  Assenti, esperando ansiosa. Ele colocou uma senha enorme em um teclado ao lado da porta e a empurrou.

  A sala agora estava escura e fedia a decomposição e lixo. Assim que entramos pude escutar uma movimentação, um barulho parecido com gemidos. Aproximei-me de um vidro e esperei meus olhos se acostumarem. Era uma gaiola de vidro, uma gaiola enorme, que abrigava quase cinquenta infectados, todos na fase larva. Mas havia uma espécie de muco em todo o vidro, uma coisa cinza e que ficava escorrendo em todo canto.

  - O que é isso? – Perguntei calmamente, tentando acalmar minha respiração.

  Sr. Schimer ficou ao meu lado e colocou as mãos atrás das costas.

  - Isto minha cara, é a mãe, isto são anos e anos de pesquisa, isto é a cura. – Retrucou ele.

  Minhas mãos tremiam agora eu podia observar melhor, grudado ao teto da gaiola, havia dois pares de olhos atentos, olhos famintos.

Fenômenos EfêmerosOnde histórias criam vida. Descubra agora