Capítulo 10: Arrependimentos

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     Ainda não havia acreditado no que acontecera a horas atrás.Não! Não é possível, dizia a mim mesma, ele não havia feito isso. Eu devia estar sendo assombrada novamente pela tragédia que afetou a minha família. Alguém só poderia estar de brincadeira ou tentando me machucar pelo o que houve com Emily. Mas quem? Isto seria mesmo possível? Não sei se sim, mas com certeza era mais seguro acreditar que aquela pessoa não havia voltado à mim. Ele foi embora! Ele cumpriu o que queria fazer, e foi embora. É isso, ele foi se foi.

     Não havia dormido muito bem durante esta madrugada acordei cerca de cinco vezes e lembro-me de ter sonhado com o nada. O vazio, mais uma vez. Porém, pensando bem, era melhor sonhar com o "nada" do que ter pesadelos ou acordar por causa deles. Havia decidido durante o tempo em que fiquei acordada, em falar com Marian, embora soubesse que seria difícil. Eu realmente não sabia ao certo qual seria a sua reação, mas com certeza ela tentaria recusar a minha ajuda. Uma sensação parecida com a que senti à anos atrás estava presente em mim, contudo, mais forte, fora intensificada e junto à ela o medo aflorava ainda mais.

     Chloe me ajudou dando a localização do quarto de Marian, e fui até lá. O quanto antes seria melhor. Não tinha muita esperança, nem mesmo sabia onde ela estava, ou se estava viva. "Droga" briguei comigo mesma por ter pensado isso. Quando cheguei, bati na porta com força não controlando a mim mesma e esperei até que alguém atendesse. Segundos depois, os olhos de Marian me encararam ao abrir a porta e seu semblante, como eu imaginei, não era nem um pouco convidativo.

— Marian?

— O que você quer?— sua voz firme foi seguida por uma pergunta objetiva.

— Queria conversar um pouco.

— Não tenho nada para falar com você.

     Ela ameaçou fechar a porta, porém eu a empurrei em um gesto impulsivo fazendo-a parar.

—Marian, por favor, eu posso te ajudar!

     Disse as primeiras palavras que vieram a minha mente e me arrependi instantes depois.

— Não quero sua ajuda Ariel. Vá embora!

     Sua força aumentava e a minha consequentemente também.

— Marian eu sei que você não gosta de mim, mas eu realmente estou aqui para ajudar. Meu pai trabalha na polícia e ele pode pegar quem fez isso com você.

— Eu não quero pegar ninguém!— ela gritou.

— Marian!— meu tom de voz aumentou tanto quanto o dela e eu decidi respirar fundo tentando agir com calma.

—Você não vai sair daqui tão cedo, vai?

     Fiz que não com a cabeça e ela liberou a porta deixando que eu passasse. Senti que na verdade, era isso o que ela queria fazer desde que me ouviu chamar pelo seu nome. Seus olhos gritavam por ajuda, mas seus lábios se negavam em pedir. Tentei ignorar as feridas em seu rosto e a vermelhidão que de perto, parecia ainda pior, mas nem sempre eu conseguia. Queria perguntar tudo de uma vez e obter as respostas que inventei enquanto encarava o teto do meu quarto e ainda esperava ouvi-las. Eu tinha esperança.

— Seline, pode nos dar licença por favor?— ela pediu a colega de quarto que não demorou a nos deixar a sóis.

— Fala logo Ariel. O que você quer afinal?

— O que realmente aconteceu com você?—fui direta, afinal sabia que ela não me deixaria ficar por muito tempo.

—Não acredito que estou falando disso com você.

—Você não entende não é? Quem fez isso com você não vai parar até ser pego! Você pode ajudar com seu depoimento explicando o que aconteceu, contando os fatos.

A Vítima PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora