Capítulo 3: Ressentimentos

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       O dia havia chegado e Emily parecia animada demais para uma simples festa.


— Marrom ou Cereja? — Ela me perguntou apontando para os dois vestidos que estavam sobre sua cama.

— São bem diferentes não?

— Essa é a graça. Assim a escolha é mais decidida digamos assim. —Ela sorriu. Emily sempre sorria.

— Marrom.— respondi por fim.

       Ela fez uma careta e apontou para a outra cor sorrindo.

— É uma ótima escolha. Mas acho que o de cor cereja irá ressaltar mais meus olhos e cabelos e ainda combinará com meu bracelete.

— Então cereja. — Me dei por vencida.

— Cereja! — ela repetiu.

       Emily me fez pegar algumas peças de roupa que estavam em meu armário e as atirou sobre minha cama. Seu intuito, era me ajudar a escolher um vestido para ir até a festa e desta vez, eu nem pestanejei.
       Eu queria ir. Na verdade, precisa ir. "Abrandar a mente é uma excelente escolha" enquanto mexia nas roupas espalhadas em pilhas, pensei nas palavras que minha psicóloga dizia em todas as seções, e sabe de uma coisa? Essa técnica sempre adiantava.

— Você se veste bem sabia? Só tem roupas lindas.

— Tenho bom gosto. — sorri simpática para Emily que retribuiu o gesto.

— Nossa!!! Esse é...lindo! Você vai com ele.

— O Azul?Estava mesmo pensando nele.— falei.

— Ótimo!

        Ela jogou meu vestido de cor azul petróleo novamente sobre a pilha e, após ter pego sua chave e seu celular, foi em direção a porta do quarto.

— Emily, não vai se arrumar?

— Ah sim, claro. Mas preciso resolver uma coisinha antes. Vá tomando seu banho. Aproveite enquanto estarei fora.

        Ela definitivamente tinha bom humor. Sorri com o comentário da loira, que saiu do quarto segundos depois me deixando sozinha com minha indecisão em relação a qual sapato usar. Sim! Eu era vaidosa. Não tanto quanto essas garotas que gastam tudo em maquiagem ou roupas de moda, mas na verdade, eu sempre tive um apreço por me arrumar bem e comprar coisas do meu agrado. E para falar a verdade, minha situação financeira sempre me deu condições para realizar tais atos. Não que eu fosse rica, o que não era. Mas tinha uma boa posição social. O emprego do meu pai ajudava é claro.
Após ter escolhido qual sapato usar, tomei a decisão quase mais importante da minha vida: Ir tomar o banho antes que Emily voltasse.

***

       A festa era na casa de uma das fraternidades da universidade. Emily e eu, estávamos caminhando pelo campus a caminho da casa e eu havia estranhado o fato dela ter atendido uma ligação de Enzo e ter mentido para ele dizendo que já estávamos chegando à festa, quando na verdade, ainda nem havíamos saído do quarto. Segundo ela, Lorenzo queria nos encontrar para acompanha—la, é claro, mas pelo visto, ela não havia gostado tanto assim da idéia.

— Qual a necessidade de ter mentido? Me fazer andar correndo de salto para levar um tombo? — falei indignada com o fato de ter que correr na grama macia com meu salto fino preto.

— Talvez. — ela sorriu.

       Minutos depois já estávamos na porta da casa e o som já havia nos encontrado a metros de distância.

A Vítima PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora