Capítulo 5

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Sim, a minha vida tava mudando mesmo. A minha mãe sempre me dizia que quando eu crescesse, eu ia ver novas coisas, saber de novas coisas, conhecer mais pessoas e conhecer mais da liberdade. Meu pai me dizia que eu devia tomar cuidado com algumas pessoas e nunca confiar nelas, pois eu só teria decepções e ele não estaria comigo pra me ajudar. Eu nunca precisei muito da ajuda dos meus pais pra nada. Sempre fui solto, independente e apenas curtia depender de mim mesmo. E ah, nem contei o que eles são... Sim, preconceituosos. Óbvio que estão errados em ser assim, mas eles já são velhos, e antigamente ensinavam a ser machista em casa. Só pensava na decepção que seria quando eu contasse isso pra eles.

Um mês depois do casamento, o Loai e eu estávamos conversando seriamente dele vir pro Rio de Janeiro – como já falei – e ele veio, mas o que rolou antes da chegada dele, foi uma coisa terrível. Vamos lá.

Nina sempre me ligava, me pedindo pra ter uma conversa com o Ícaro, pois ele tinha muitas atitudes grosseiras com ela e chegava até a agredi-la. Tentei fazer isso pelo telefone, mas todas vezes Ícaro desligava na minha cara e me chamava de viado, intrometido, manda eu ir pastar, e me pedia pra não me meter no casamento dele. Certo dia, ele passou dos limites com ela: levou mulheres para casa e a traiu lá mesmo. O que mais me deixava indignado era o fato da Nina pedir a minha ajuda, e não se separar dele, o que era o certo. Nesse dia, Nina me ligou e falou várias coisas. Percebi que era sério pelo tom da sua voz e pela sua respiração ofegante. Ela me pediu para ir lá conversar com o Ícaro e eu não pude dizer um não à ela. Depois de me trocar, me dirigi a porta e quando ia saindo, o telefone tocou. Achei que era ela, mas me enganei.

– Nina, eu já tô indo praí\

– Alô, quem fala?

– Quer falar com quem?

– É você, Théo? Quem tá falando é o Dan...

Esperei uns minutos antes de falar algo. Lembrei-me do Dan e daquela transa maravilhosa que tivemos no banheiro, mas não entendi o por que dele ter me ligado. Não, na verdade entendi, sim. Se eu tinha dado o meu número a ele, eu já tinha que esperar por isso.

– Ah, oi, Dan. Sou eu sim, mano. Nossa, quanto tempo!

– Será que eu posso te ver?

– Agora? Se for, não\

– (cortou-me) Quando você quiser...

– Pode ser mais tarde? Tenho que ajudar um amigo agora.

– Claro, mas, por favor, vá. Quero muito ver você.

A única aproximação nossa foi aquela no banheiro, e depois eu tinha me esquecido totalmente dele. Mas bom, trocamos o endereço de tal lugar e eu mudei rapidamente de pensamento: minha sub-visão era toda voltada pro Ícaro.

Quando cheguei na casa da Nina e do Ícaro, vi que a coisa era mais séria do que eu tinha imaginado. A porta principal estava aberta e, na sala, havia roupas e mais roupas espalhadas. A Nina logo veio correndo, chorando e me deu um abraço. Claro que eu não recusei e devolvi o abraço. A Nina se acalmou rapidamente e sentamos para conversar.

Longa conversa, aquela. Nina me contou os problemas. Todos os problemas. Ela me disse que o Ícaro tinha mudado completamente, que ele tinha se transformado em quem ele não era. Me contou que ele a traía todo dia, que batia nela e já chegou até a ameaçar caso ela contasse isso pra alguém. Ela só estava me contando porque eu era amigo dele. No começo, fiquei chocado com tudo o que ela me dizia, mas depois fui ficando com raiva do Ícaro. Sou contra todo tipo de violência com mulher e ele estava fazendo isso com a Nina, que era legal pra cacete. Não. Eu não podia ficar de braços cruzados, mas fiquei. O Ícaro não estava em casa, ela disse que ele tinha saído e não tinha dito pra onde ia. Eu a acalmei e pedi para que ela me ligasse se ele voltasse pra casa.

Fiz meu amigo hetero se apaixonar por mim....Onde histórias criam vida. Descubra agora