Capítulo 8

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– Me perdoa, mano, por favor! Juro por Deus que não queria que isso tivesse acontecido... – o Dan me falou isso chorando.

– Pelo amor de Deus, cara, fala logo o quê que tá acontecendo...

– A minha esposa descobriu que eu sou gay...

– Você já me falou isso, Dan. Me fala o que aconteceu! Por que você tá assim, todo vermelho, cheio de marca, com a roupa rasgada? Como ela descobriu da gente? Ou melhor, como ela ficou sabendo que a gente se beijou ou alguma coisa assim?

– Ela não descobriu nada sobre mim e você...

– E como é que ela ficou sabendo? Alguém contou pra ela?

– Naquele dia que você tava no hospital e a gente meio que brigou, eu saí estressado de lá e fui a um bar. Eu bebi, bebi, e conheci um cara... A gente ficou por uma noite e ela descobriu tudo... Não sei como, mas ela descobriu. Cara, me desculpa, por favor..

Decepcionado. Eu fiquei decepcionado com o Dan. A gente não tinha nada, isso era certo, mas eu fiquei decepcionado com ele. Pensei que aquele beijo nosso tinha sido o suficiente para saber que ele gostava de mim, mesmo eu pensando no Ícaro... Me levantei e fiquei sem reação. Eu tava decepcionado e desacreditado. Ele só chorava no sofá.

– Théo, me desculpa, mano, mas eu tinha ficado com raiva de você de verdade. Eu queria tanto te ajudar resolvendo aquele problema pra você que quando você disse que não ia me dizer quem foi o cara que te bateu, eu fiquei louco de raiva. Minha vontade era de bater nesse filho da mãe... Eu não conseguia parar de pensar em você levando uma surra... Você é tão bonito, tão lindo, tem um rosto tão lindo...

– Você tá tentando colocar a culpa em mim? – falei calmamente.

– Você é o único que não é culpado em tudo isso. Você é a maior vítima. Eu quem errei. Certo que a gente não tem nada, a gente quase-mal se conhece, mas a gente tava caminhando pra rolar alguma coisa...

Será que estávamos? Será que se ele não tivesse chegado a minha casa e me contasse tudo isso ia dar certo, caso eu engatasse um romance com ele mesmo sabendo que eu tava gostando do Ícaro? Eu não sabia a resposta dessa pergunta. Sinceramente, eu não sabia mesmo!

– Me perdoa, Théo! Ontem a gente quase... Eu vacilei feio!

– Mas eu não tenho que te perdoar de nada, Dan. Claro que eu tô em decepção. Não esperava isso de você, mas você não me deve nenhuma desculpa! Se rolou, era pra ter rolado. Não adianta você me pedir perdão.

– Enquanto você tava lá naquela cama de hospital, eu tava me divertindo. Se esse cara aí nunca tivesse te batido, eu teria me divertido com você!

– Você fez o que achou que era certo. Num momento de raiva, a gente faz qualquer coisa errada, Dan. Você tinha esse direito. Nós não somos nada...

– Mas eu queria te fazer feliz. Eu quero te fazer feliz. Desde aquele dia que a gente se conheceu no banheiro, eu não paro de pensar em você. Minha vontade é de ter agora, só pra mim, mas depois disso é impossível que role alguma coisa. Digo isso porque eu tô te dando valor. Seria muita burrice sua se envolver com um cara que não te respeitou, Théo!

Eu não podia ser humilhado novamente. Não podia, não podia, mas o que foi que eu decidi? Ser humilhado novamente. Mas não foi pelo Dan.

– Faço das suas palavras, as minhas, Dan. Você tem razão. Nós estávamos andando pra um relacionamento, mas acabou o encanto.

– Eu não tiro a sua razão, Théo! – falou chorando.

– Se você fez isso comigo e a gente nem tava namorando, não quero imaginar o que você faria se estivéssemos. O encanto acabou, mesmo!

Fiz meu amigo hetero se apaixonar por mim....Onde histórias criam vida. Descubra agora