Capítulo 2

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~Ace

—Você falou com a Daisy?—Pergunta Matt no exato momento em que fecho a porta do meu armário no corredor. Eu me assusto, é claro, ele parece ter surgido do nada, e constantemente olha para os lados como se a Daisy fosse sair do chão.—O que ela disse?!

—Ah... eu não a vi ainda.—Respondo, cruzando os braços.—Prometo que vou falar com ela depois da aula, no ensaio das líderes de torcida.

Parece confuso.

—A... Daisy agora é líder de torcida?

Enquanto questiona, lembro dos dois testes que fez desde que entrou para o colégio. Ambos um desastre. Ela não conseguiu realizar um passo sequer, e segue confiante de que uma hora ou outra vai conseguir. Tenho torcido bastante para que alcance o seu objetivo, por mais crítica que a situação pareça.

—Ainda não, tadinha... mas ela é bem esforçada.

—As meninas... ensaiam no campo.

Dou de ombros.

—E daí?

—O time vai ter treino.

—Ela só vai saber que me pediu para falar se você contar.-Ikmediatamente sorri, talvez de alívio. Matt me lembra uma criança na véspera de natal, segundos após escrever uma cartinha para o papai noel exigindo o seu presente, parado na porta o esperando com um sorriso no rosto e um brilho nos olhos que transbordam por ansiedade.—Até mais, quarterback.

Sigo caminhando pelo corredor com um copo de café do Starbucks em mãos, provavelmente a única coisa que terei no meu estômago durante o dia de hoje por um bom tempo.

—Peraí... eu vi o que eu vi?!—E para completar, tomo mais um susto causado por alguém surgindo do nada, dessa vez Lewis. Eu não estava esperando por ele, tinhamos conversado ontem, mas não combinamos de nos encontrar, afinal, vamos ter aula juntos hoje de qualquer forma.—É bom ter uma explicação, porque eu não te imagino entrando para o time de jeito nenhum.

A princípio, o Lewis faz parte do meu pequeno círculo de amigos, que a propósito, não fazem parte do mesmo grupo e são totalmente distintos. Também existem chances de ele ser a pessoa mais inteligente que eu conheço, mas por inteligente, não quero dizer esperto. É só que aparentemente o livro de álgebra é o seu travesseiro favorito.

—Bom dia pra você também!—Digo, com um certo entusiasmo, mas sem parar de andar, enquanto me acompanha.—E eu só estava garantindo uma vaga no time para te dar de presente no seu aniversário. Era surpresa.

Lewis ri. Um dos motivos principais para nos darmos bem é que temos um senso de humor particularmente parecido.

—Tudo bem. Vou me ocupar pensando em posições diferentes para chorar caso você me troque de vez por esses atletas.—Diz, me fazendo rir dessa vez.

O motivo da minha pressa é que tenho atividades para exercer que vão um pouco além das salas de aula. Um mini documentário envolvendo os atletas e as líderes de torcida com o propósito de incentivar o fim do uso de drogas através da introdução nos esportes está sendo produzido, e eu meio que fiquei encarregado de cuidar de uma parte da produção. A ideia não é ruim, mas é relativamente hipócrita, já que todos os envolvidos se enchem de álcool na primeira oportunidade de fazerem uma festa sem celebração na casa de alguém, mas por já ter perdido muitas aulas, preciso de pontos extras. E encontrei uma excelente oportunidade. Esse é o motivo do meu envolvimento recorrente com as líderes de torcida. A maioria das meninas querem aparecer nos seus melhores ângulos nas filmagens.

—Você viu a Amber? Ela deve estar querendo me matar...—Questiono, lembrando que ainda não produzi conteúdo o suficiente para contribuir com a minha parte nesse trabalho.

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