Capítulo 10

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~Ace

No caminho para casa, no fim da tarde passada, o Matt me disse que já não precisava mais me preocupar, estava tudo resolvido, eu não seria mais incomodado pelo Noah de maneira nenhuma, mas... ele não faz a menor ideia do que está acontecendo. E eu obviamente não contei, enquanto ele se orgulhava como um herói que tinha acabado de salvar a minha vida.

Um pouco mais tarde, liguei uma máquina daquelas que picam cartas antigas que encontrei na dispensa do hotel e destruí cada uma daquelas 500 fotos. De uma por uma. As lágrimas desciam, estas eu não contei.
"É bom não estar sozinho nessa..." Suas palavras de mais cedo ecoavam na minha mente, quando me abordou no corredor momentos antes do Matt chegar. "E se pensar em dar pra trás agora e fazer alguma coisa contra mim, lembre-se de que você sabia de tudo esse tempo todo e não fez nada... será tão culpado quanto eu". Mais lágrimas desciam, até que terminei de destruir todas as folhas, mas o alívio nunca vem de verdade.

Logo depois, enchi a banheira e fiquei em baixo da água por alguns segundos... o suficiente para quase perder a consciência, e nem assim fui capaz de parar de ouvir a sua voz ecoando na minha mente e alimentando o meu sentimento de culpa.

*

Quando chego no colégio, na manhã de terça feira, pecebo uma movimentação relativamente diferente do normal. Pelo menos, dessa vez, o que estranho não são olhares de acusação para mim.
Em uma das mesas do refeitório, converso com Aiko, em uma das poucas oportunidades que tenho de encontrá-la fora da sala de aula durante o dia. A Aiko é um exemplo como aluna, uma das melhores da classe, se não a melhor, mas ela recusa qualquer título que a relacione a isso.

—Já que esse documentário já está pronto, e eu espero que não precise de cenas pós créditos, acho que pode voltar a viver a sua vida normalmente, não acha?—Pergunta ela. Só consigo reparar na jaqueta brilhante de cor azul que usa, tão extravagante, parece até que foi desenhada e costurada pela minha mãe.—A gente tá precisando de uma festinha...

Eu gostaria que o documentário fosse a única coisa a tirar o meu sono a noite e a minha vontade de sair de casa para me divertir, por exemplo.

—Eu tô bem por enquanto.—Dou de ombros, fechando o notebook.

—Seu sorvete derreteu, virou a porra de um milkshake quente, você nem tocou nele.—Quando o diz, observo o sorvete ao meu lado, eu tinha esquecido totalmente dele.—Jura que tá bem? Sorvete pra mim é coisa séria.

—Não...—Respondo sem entrar em muitos detalhes.—Mas não é nada muito grave, eu juro.

Do outro lado do refeitório, vejo Lewis, com os seus amigos, nunca o vejo com a Lexi no colégio, só quando estão indo embora juntos pela porta dos fundos que dá para o estacionamento. O fato de estarmos afastados ainda é bem trágico para mim, mas ainda não sinto que é o momento certo para termos uma conversa sem que um comece a provar que está mais certo do que o outro.

O barulho se aproximando atrás de mim, de repente, estraga qualquer surpresa que poderia estar por vir. Daisy não consegue dar dois passos sem tropeçar em alguma coisa, soltar um palavrão, e completar com um "Deus me perdoe!".

—Oi! Surpresa!—Senta-se em uma cadeira ao meu lado, carregando a sua bolsa de lado e com um sorriso de orelha a orelha quase contagiante.

O olhar de Aiko sai da tela do seu celular e a acompanha sem expressar reação nenhuma, só espero que guarde os seus comentários ácidos que nem ela parece conseguir controlar.

—Oi!—Digo, fingindo estar realmente surpreso.—Tudo bem?

Me abraça com toda a sua força durante um segundo, e então volta a pensar no que pretendia dizer. E pelo visto a novidade é boa.

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⏰ Última atualização: 20 hours ago ⏰

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