Prólogo

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                                                                                                                                    Rio de janeiro, Ipanema 2013

Meus sonhos não são mais aqueles que eu imaginava antes, agora busco a minha realização. Sinto-me mais livre agora.

O dia amanheceu chuvoso e a previsão do tempo indicava que a situação não iria melhorar, mas nada a desanimava. Setembro de 2013 se iniciava e ela estava obstinada a seguir em frente, mesmo diante de tantos obstáculos. Beatriz tinha certeza de que desta vez conseguiria o papel responsável por modificar sua vida. O texto já estava na ponta da língua, pois tinha sido revisado a noite inteira.

Ao chegar no pequeno teatro na Tijuca seu coração disparou. Estava diante de milhares de jovens atrizes, mas ainda assim sentia-se segura, pois interpretaria uma escritora cujas obras conhecia bem: Alice Peixoto. Bia admirava aquela mulher que tinha conseguido dar a volta por cima durante a difícil época da ditadura militar e no período do exílio na Inglaterra. Naquele dia, sua função era representar uma de suas obras para o teste. Apesar da aparente tranqüilidade, a expectativa e o nervosismo estavam presentes, pois se não fosse aceita, esta seria mais uma das respostas negativas que tinha ouvido. Ela não estava disposta a desistir, pois já tinha ido muito longe atrás deste sonho. Diante do diretor da peça ela ouvia atentamente as perguntas:

- Seu nome?

- Beatriz Santiago.

- Idade?

- 33 anos recém-completados.

- Quais foram seus outros trabalhos?

- Na verdade esta é a primeira peça que farei. Há dez meses recebi meu registro de atriz e estou em busca de uma oportunidade. – disse enquanto fez uma pausa - Estou certa de que receberei uma boa notícia desta vez. Vou ser escolhida!

- Você não é nem um pouco pretensiosa, ein?

- Não. Eu tenho esperança, pois deixei uma vida inteira por este sonho. Tanto na minha antiga profissão quanto no aspecto pessoal.

- O que você deixou?

- Uma carreira de juíza.

- Como? Esta é uma pergunta que Eduardo, o jovem diretor da peça queria saber. O que fazia uma juíza no teste de elenco de sua peça?

Neste instante Beatriz lembrou-se de tudo o que realmente havia deixado para trás...

Beatriz Santiago era uma respeitada juíza criminal. Construiu uma sólida carreira e era temida por muitos advogados por ter mandado para cadeia assassinos, contraventores e traficantes. Tinha os cabelos lisos e cortados na altura dos ombros, os olhos negros e expressivos, era alta e ostentava lábios grossos que chamavam a atenção de advogados, promotores e funcionários do fórum.

Sua melhor amiga Jéssica era o que todos chamariam de uma mulher estonteante. Loira, olhos azuis, cabelos cacheados, tinha quadris largos e usava roupas que marcavam sua silhueta. Ambas eram cúmplices na vida pessoal, mas na parte profissional não compartilhavam os mesmos ideais.

- Você colocou meu cliente na cadeia! Estava certa de que ganharia o caso. Você sabe o que ele me ofereceu para ser posto em liberdade?

- Não sei como você consegue dormir sossegada defendendo estes assassinos. Ele era um traficante, matou pessoas de forma cruel. Devia amargar na cadeia.

- Este é o meu trabalho Beatriz. Ganho muito bem para isso. – retrucou Jéssica.

E ganhava mesmo. Jéssica Bastos dividia com Beatriz uma cobertura na Visconde de Pirajá, localizada no coração de Ipanema. Trocava de namorados como quem trocava de roupa. O que gerava muitas críticas de sua  amiga. Bia achava que ela deveria sossegar com alguém.

- Beatriz, você não pode falar de mim. Também não quer saber casamento, só sabe trabalhar, não se diverte. Nunca mais namorou ninguém depois do Diogo e só saiu com aquele retardado do Eduardo. Vai acabar entrando para o convento.

- Não me lembre do Diogo depois de tudo o que aconteceu. Eu passei os piores anos da minha vida por causa dele.

- E os melhores também Bia. – Finalizou com um sorriso malicioso.

A lembrança de sua amiga fez Beatriz estremecer de raiva e paixão ao mesmo tempo. Depois de todo este tempo, ela ainda não tinha esquecido o seu grande amor.


Olá,

Espero que vocês gostem desta história. Eu dei uma acelerada no tempo e nos próximos capítulos vocês vão conhecer o início da história da Beatriz.

Comentem a vontade e se gostarem votem!

Abraços

Ana Cláudia

O preço da escolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora