Capítulo 2.2

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Bia chegou em casa de manhã e correu para o chuveiro.  Foi uma noite inesquecível que Beatriz queria repetir e sabia que isto iria acontecer de qualquer maneira.

- Filha como foi no hospital? A mãe da Eduarda está melhor? Houve um silêncio naquele momento e ao perceber que ela não respondia, sua mãe repetiu. - Filha? Você está me ouvindo? Saia desse banho.

- Ah! Ela está bem. Em breve irá para a casa e ficará de repouso – Afirmou enquanto bufava, pois odiou ter que mentir para seus pais. Ela torceu para que a mãe não pensasse em visitar a falsa enferma.

Um mês tinha se passado, as férias acabavam e aquele primeiro dia de aula foi cheio de novidades. Os assuntos eram os mais variados, desde namoros, viagens, festas, até os dois chegarem de mãos dadas. Então aquele beijo da festa teve desdobramentos...

-Eles estão juntos? Não sei o que ele viu nela. Tão sem sal. Eu ia mostrar um bom tempero para ele.

- Tempero e algo mais – Disse Brenda com olhar sarcástico ao olhar os dois se sentarem para a primeira aula. - Ela não vai ficar com ele. Eu vou fazer de tudo para dar uma liçãozinha nela. Garota sonsa.

- Nós vamos fazer – afirmou Dora com um olhar malicioso para Beatriz. Ela vai se arrepender de se meter com o cara mais gato da turma. Diogo não é para o bico dela.

- Pessoal vamos parar com a moleza porque as férias já terminaram. Bom, deixa eu me apresentar. Sou promotor de justiça e professor de direito. Vocês vão estudar comigo uma matéria chamada Teoria Geral do Processo.

Durante a aula, Brenda cochichou no ouvido de Dora enquanto o professor começava a explicar sua matéria:

- Você ainda tem contato com aquele seu amigo barra pesada?

- Não, meus pais me impediram de falar com ele desde aquela parada no colégio.

- Então entra em contado com ele porque eu tenho uma ótima ideia para dar uma lição naquela sonsa.

-Por acaso as madames vão ficar de papo na minha aula? Querem biscoitos e chá?

- Desculpe professor, eu estava resolvendo um problema – Afirmou Dora.

- Então minha cara, vá resolver em outro lugar, pois aqui não é aula de matemática para se resolver problemas.

Jéssica não gostou do que viu durante a aula, pois sabia da fama das duas que já aprontaram com outra garota na faculdade. Agora ela pressentia que o alvo claro seria Beatriz.

- Pelo visto o meu plano deu certo, não? - perguntou Jéssica.

- Não gostei de ter mentido para os meus pais. Esta ideia tinha que ter vindo da sua cabeça.

- Mal agradecida, se não fosse por nós não estariam juntos.

Bia olhou-a e fez um sinal negativo com a cabeça.

- Pelo menos rolou alguma coisa? – Continuou a garota. Bia saiu sem responder.

Ela não desgostava de Jéssica como no início do ano, mas ainda assim achava que ela era doida. Sempre com um rapaz diferente, tomando porres na saída da faculdade e sentindo-se livre, o que Bia na verdade nunca conseguiu sentir. Ela não queria admitir, mas isso a causava certa inveja. Sua presença ainda incomodava um pouco.

Quando chegou me casa ficou no quarto durante toda à tarde de frente para os livros. Queria estudar, mas pensava o tempo todo em Diogo, na sua pele e na boca macia.  Quando anoiteceu, ao pegar no sono, ouviu um barulho na janela, pensou que era sonho e não levou em conta. Ela ouviu novamente aquele barulho,  levantou-se e não acreditou no que viu. Diogo estava quase caindo da sua janela.

- O que você está fazendo aqui, seu maluco?

- Ficar com você.

- De jeito nenhum, desce e vai embora.

- Bia, calma, eu só estou aqui para ficar do seu lado.

- Não!!!!!!!

- Não vai dar para voltar porque aqueles seguranças brutamontes vão me ver. 

- Ai meu Deus!.- Respondeu enquanto balançava a cabeça.

- Calma linda, você não quer ficar comigo?

- Desce agor.. - respondeu quando ele já estava em seu quarto.

Diogo a beijou naquele instante até o clima ficar cada vez mais quente e os beijos mais ardentes. Bia sentiu um desejo incontrolável e quase tirou sua blusa, Diogo também.

- Não!!!!! E melhor você sair daqui – Bia  estava com roupas de dormir e ficou constrangida. Nunca nenhum homem a viu antes deste jeito. Ele percebeu a sua reação e segurou sua mão afavelmente.

- Calma, eu vou respeitá-la, só quero ficar com você.

- Diogo, vai embora – Afirmou Bia o empurrando pela escadaria abaixo nervosa.

O rapaz desceu sem os sapatos e teve a sorte do pai de Bia não ouvir nenhum barulho na sala. Percebeu que a garota não estava disposta a se arriscar e foi embora a contragosto. Queria sentir o seu corpo junto ao dela pelo menos por uma noite.

- Você é louco, não faça mais isso - Afirmou Beatriz no dia seguinte na faculdade.

- Vou fazer o possível e impossível para ficar ao seu lado. A propósito, essa tarde você será só minha.

-O que eu vou dizer em casa?

- Que você vai ficar fazendo trabalho. Quero levá-la a um lugar.

A igreja da Penha era um lugar desconhecido para Beatriz. Já tinha ouvido falar nas suas enormes escadarias, mas isso tudo parecia um lugar distante, pois nunca tinha pisado no subúrbio.

- A vista aqui é muito bela e essa escadaria parece mágica também. Subi todos estes degraus e não me sinto cansada.

- Minha mãe me trazia para assistir missa e também vinha com meu pai para ver esta paisagem. sempre venho aqui para ficar mais próximo dele.

- Seus olhos brilham quando você fala no seu pai.

- Ele marcou muito a minha vida. Em todos os sentidos. Sinto a  morte dele até hoje.

Diogo comentou as conversas que teve com o seu pai, inclusive quando conheceu sua primeira namorada. Ele cursava o último ano do ensino fundamental, era um belo rapaz, tinha um olhar atraente e estava sempre bronzeado. Diogo tinha todas as meninas a sua disposição até que Maria, uma colega nova se colégio apareceu em sua vida. A menina era alta, tinha cabelos longos, negros e um jeito brejeiro.  A princípio ela não deu muita importância para ele e o desprezava para incredulidade de suas colegas. Até aquele fatídico dia durante um jogo de handball na aula de educação física quando ele a defendeu de uma briga entre colegas. A partir do dia, eles começaram a namorar para tristeza de outras meninas. Foi o relacionamento mais longo e intenso que Diogo teve. Um amor de adolescência que o marcou profundamente.

- Você ainda lembra-se dessa menina? – Perguntou Bia com um olhar resignado.

- Ela foi um amor bem forte, mas nada que se compare a você.

O momento não podia ser melhor, tinham uma bela vista e aquele beijo pareceu mais belo, atraente e romântico que poderiam ter. Estavam se aproximando cada vez mais e Bia percebeu que mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar seus pais, mas preferiu afastar aquele pensamento e curtir o que estava vivendo naquela hora. Ela estava irrevogavelmente apaixonada por Diogo como nunca esteve por ninguém.


O preço da escolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora