Nicholas | 16 anos
Ouvi Christopher sorrindo pelo celular e logo ele desligou, aparecendo de volta no lugar onde estávamos fazendo as coisas. Ele se sentou ao meu lado e me deu um sorriso gentil, o sorriso mais doce de todos. Eu queria chorar ou até mesmo correr dali. Mas alguma coisa me puxa pra perto dele, me gruda ao redor do menino e não me deixa escapar.
-Desculpa. – eu disse, engasgando num soluço, fazendo com que ele me abraçasse. – Por ser tão idiota e fugir e negar e ser um idiota e te machucar e te jogar pra longe.
-Ei, ei, ei! Calma. Tá tudo bem, tá vendo? Vai ficar tudo bem, se você preferir assim.
-É uma coisa minha, sabe? – ele me olhava com atenção, me deixando falar – Na minha outra escola eu sofria assim também. Eu era o mais quieto e fechado da sala, ninguém gostava de mim. Era uma tortura e eu não aguentava mais.
-Eu entendo. Eu não tinha esse problema, mas eu entendo como é ser incompreendido. O Pedro e os meninos me obrigam a fazer coisas que eu não quero fazer, sabe? – ele deu um sorrisinho, mas seu rosto logo se fechou – Esse ano eles me obrigaram a ser esse "durão" que eles são. Quando eu te vi, achei que ia ser uma oportunidade pra começar essa merda. Mas... Eu não consegui. Você me travou por inteiro! – olhou pra cima, dando risada, me contagiando.
-Eu me lembro de você me olhar perdidamente, que nem um bobão. – eu dei um sorriso e ele me empurrou de leve, dizendo "Ei!", rindo. – Achei que você fosse me destruir com o Pedro.
-Prometo que não vou. E eu não quebro promessas, prometo mais uma vez.
-Eu não duvido, o problema são os outros. O Pedro vai me bater enquanto o Gabriel me segura e Edward vai me finalizar com chutes e xingamentos.
-Não vou os deixar tocarem um dedo se quer em você. Prometo. – deu o dedinho em forma de promessa. E eu devolvi, envolvendo o meu com o dele. Ele me deu outro abraço, sorrindo. – Então vamos arrumar essa bagunça e amanhã eu não deixo os meninos falarem um "a" sobre você ou para você.
Eu assenti e juntamos nossas coisas, dividindo os papéis e as coisas. Os papéis iriam para minha casa enquanto as canetinhas e essas coisas iriam para a casa de Chris. – ele me contou que seu gato, Aladin, destrói tudo que vê pela frente. O gato era o cão. Terminamos de arrumar as coisas e ele me levou até a saída. Eu sorria como nunca, ele me deixava tão feliz. Estávamos conversando e contando piadas idiotas enquanto nossos pais não chegavam. A ansiedade passou, esse medo está se diluindo e indo embora a casa sorriso que ele me dá. Assim que meu pai chegou, ele se despediu de mim com um abraço, quase me matando. Uma por causa do meu pai e outra por que ele me abraçou muito forte. Fui corado até o carro e meu pai me estranhou, como sempre. Não liguei e só coloquei meus fones de ouvido, colocando em qualquer música do aleatório.
Brian | 16 anos
Que lindo, Christopher. Abraçando meninos, levando-os para o lugar mais bonito da escola, beijando-os... A câmera do meu celular pegou tudo, queridinho. Assim fica muito fácil para que eu acabe com você. Ri alto.
-Brian? – Mara apareceu do meu lado. – Tá rindo sozinho? Tá ficando bobo, é?
-Bobo por você. – sorri maliciosamente e a dei um beijo.
-Oh, cacete! Você vai me ajudar ou não, Mara? – Saphira estava soltando fumaça pelos ouvidos. – Você disse que íamos só perguntar uma coisinha pra ele e pronto.
-Calma, queridona. Brian, você pode... – ela começou a falar qualquer coisa sobre qualquer parte do trabalho delas e eu nem prestei atenção.
Só conseguia pensar em como os amigos idiotas do Christopher me fizeram de tonto. E como eu odeio todos eles. Prometi para mim mesmo que iria me vingar de todas as merdas que eles fizeram. Mesmo que às vezes o Christopher não fazia nada, ele ainda tem culpa. E eu o odeio. Eu vou revidar, eu juro que vou. Se precisar, eu machucarei seu novo namoradinho. Eu acabo com você, Christopher; eu nunca vou me esquecer. Vá e coloque essa máscara de bonzinho para o seu amante, iluda-o com essas mentiras tolas enquanto eu sei de toda a verdade, eu sei o seu passado. Eu ainda posso te derrubar.
Sorrio maleficamente. Ele não perde por esperar.
Christopher | 16 anos
Abraçar Nicholas é a coisa mais gostosa que eu já pude experimentar. Seu cheiro é tão suave e doce, a voz dele, sua respiração... Eu não sei exatamente que sentimentos são esses. Eu gosto dele, mas não sei se é amor. Não quero machucá-lo com uma mentira.
Ah, é só esperar. Eu ainda tenho coisas para fazer, preciso pelo menos ser seu amigo. Eu quero a confiança dele, quero que ele possa contar comigo. Não quero que ele tenha essa imagem de mim de que eu possa machucá-lo. Eu realmente não quero machucá-lo. Fico olhando para o teto do meu quarto, imaginando. Já se passaram noites de sono com o mesmo sonho; eu e ele. É tão estranho, eu não sei como me sentir. Eu sei, mas mesmo assim me sinto perdido. Eu quero o bem dele e estar junto dele, quero mais abraços e sinceramente, mais beijos. Preciso decidir minha mente, certo?
Mas é tão difícil. Eu não quero que seja tão difícil. Sim, já saí com um menino aí – ele era um amor, eu gostava tanto dele. Mas a reciprocidade passou por algum motivo e eu fiquei desolado. Não podia nem contar com meu "melhor amigo". Com ninguém, praticamente. E eu não quero que isso aconteça com o Nicholas, não quero quebrar seu coração e não quero me distanciar dele. Acabo adormecendo no sofá de casa antes do jantar e sonho com um quarto. Só vejo uma cama ali e logo Nicholas se aproxima. Ele se deita na cama e me chama, aproximamos-nos e então nos beijamos. Era um beijo tão calmo, eu podia sentir seus lábios beijando os meus e era doce e quente. E assim que separamos os beijos, ele sorriu, saindo da sala. E eu o segui.
Até que eu acordei, ainda com o suposto gosto de seus lábios. Eu quem irei ajudar Nicholas nessa, mas eu quero tanto a ajuda dele. Eu quero segurar suas mãos e eu quero me aproximar de você. Mas sei que quanto menos tempo eu passo com você, menos você terá que recuperar-se. Ouço 'Talk Me Down', do Troye Sivan e fico refletindo. Eu realmente tenho que sentir todo esse medo? Eu não entendo. Eu sei que sou forte, sei que consigo superar barreiras – ora, se um dia eu fiquei com outro menino por livre e espontânea vontade! Livre paixão. E que infelizmente, durou pouco. Entretanto parece ser tão mais difícil. Eu superei esse outro menino, mas não quero superar Nicholas. Eu quero continuar, continuar e continuar! Eu quero que seja recíproco, que seja infinito e que traga-nos o melhor. Ah, o beijo... Eu quero sentir esse beijo mais vezes.
Minha cabeça está pegando fogo.
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No Ordinary Love
RomanceNova cidade, nova escola, novos professores, novas paixões, novos... enigmas? Sei que essa escola é a melhor do estado ou coisa assim, mas estou sofrendo. Não por causa desse menino de azul que faz minha mente virar de cabeça para baixo, mas sim por...