Nicholas | 16 anos
São duas da manhã e não consigo pegar no sono. Mesmo colocando o RainyMood no celular, mesmo contando carneirinhos – alguém ainda faz isso? – e até mesmo coloquei as músicas mais relaxantes do Spotify, mas nada resolveu. Virei para a porta do quarto e a ouvi vagarosamente ser aberta. Ariel entra, se rastejando de sono, com sua coberta. Sento na cama e ligo a luz, fazendo com que ela fale comigo.
-Posso dormir com você? – coçou o olho. – Tive um pesadelo daqueles...
-O que aconteceu no pesadelo? – perguntei e ela se sentou ao meu lado na cama, dando um suspiro.
-Você já sonhou com a mamãe? – ela questionou e eu assenti – E no sonho... Ela chora? Quero dizer, praticamente solta cachoeiras dos olhos e fala debaixo da respiração, gemendo e resmungando... – eu a olhei meio boquiaberto, estava quase chorando. – Eu sinto tanta falta dela, Nico. Às vezes acho que se eu fizesse alguma coisa, tudo seria diferente.
-Ariel, você tem oito anos. Nem mesmo médicos com quarenta, cinquenta anos poderiam... Ah. Eu penso na mesma coisa às vezes. – eu a abracei, fazendo com que algumas lágrimas caíssem. E devo admitir que eu também, nos fazendo dormir, um entendendo a dor do outro.
E a noite passou. Na manhã seguinte, nós dois estávamos derrotados. Dormimos tarde, a dor de cabeça tomou conta de mim e minha irmã sentia dores no corpo por não parar quieta na cama. Ela saiu da cama antes de mim e já estava lá embaixo, provavelmente levando alguma bronca do papai. Revirei meus olhos e fui me trocar, logo então indo para a escola.
A sala não parava quieta, uma dupla estava pegando os nomes de quem iria participar do que e por algum acaso, tinha discussões entre eles. Mas decidiram o time de futebol masculino e feminino, vôlei, queimada e etc. Eu passei bem longe de participar da queimada, só irei para o time de vôlei e talvez basquete. É difícil estar deslocado ainda. Assim que a dupla terminou, eles foram à frente da sala repassar os times. Christopher estava me dizendo qualquer coisa sobre nosso trabalho e então virou a atenção para Gabriel, que como sempre, estava falando bosta.
-Com esse time aí, estaremos fodidos, hein?! – zombou, alto e claro para que toda a sala ouvisse. Eu revirei os olhos e desejei que uma chupeta calasse a boca dele.
-Com essa tua babaquice aí, estaremos fodidos, hein?! Fica quieto, Gabriel, que tu não passa de um jogador "não-importante" de futebol. – Christopher rebateu (e como rebateu!), fazendo com que Gabriel começasse a fazer barulhos com a boca em sinal de reprovação, mas os sons foram abafados pela sala rindo dele.
Eu estava morrendo de rir e Pedro notou isso, me dando um tabefe na orelha. Respirei fundo.
-Está bravinho, é? Por que eu tirei seu melhor amiguinho de você? Vai fazer que nem criancinha e me bater? – falei num som de ironia, colocando a mão no rosto e na testa, fazendo uma cena de drama. Ele estava soltando fumaça pelos ouvidos, vermelho como maçã. E eu dei risada. Christopher se virou e viu a cena, rindo da cara ridícula de Pedro.
-Pedro, para de fazer cara feia que cresce verruga. – disse.
Christopher fez um "bate aqui" com os punhos e eu respondi, sorrindo.
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No Ordinary Love
RomanceNova cidade, nova escola, novos professores, novas paixões, novos... enigmas? Sei que essa escola é a melhor do estado ou coisa assim, mas estou sofrendo. Não por causa desse menino de azul que faz minha mente virar de cabeça para baixo, mas sim por...