Desculpas

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Aqui está tão diferente... Muito tempo passou. Os elevadores estão muito mais modernos, mais rápidos, muitas salas foram criadas, muitos cargos cresceram... A única coisa que não mudou foi meu amor por este lugar. Localizo a sala que Cormoran me disse, e uma luz forte se destaca na entrada da sala com os dizeres "MALFOY, Draco, Chefe da Execução das Leis Mágicas". Bato na porta, e uma voz grossa e aguda diz "pode entrar, está aberta". Abro a porta e para a minha surpresa, ele está acompanhado.
-Rony...? -balbucio.
-Hermione...? -ele também balbucia. Ele congela. Fica imóvel, me encarando fixamente. Seus olhos não brilham mais da mesma intensidade que brilhavam há anos atrás. Pois eu tirei esse brilho, e subitamente uma pontada enorme de culpa e remorso paira sobre mim.
-Granger... Quanto tempo! -Malfoy anda o mais rápido possível até mim, de cadeira de rodas, com dificuldades. Droga. Não sabia que a doença está tão avançada a ponto de ele estar numa cadeira de rodas.

-Malfoy... Como você está?

-Eu vou indo, não muito bem por causa dessa doença maldita, mas fora isso estou no limite do bem. É. Bom, a gente se fala... Vou deixar vocês conversarem. Foi bom te ver Granger.

-Espera Draco. Não tenho nada para conversar com ela. -sua expressão é fria. Assim como seu tom de voz. Ele diz "ela" com tanto desprezo que até dói.

-Rony, por favor, eu queria...-começo, com o restante de dignidade que eu tinha.

-A gente se vê amanhã, Draco. -ele me ignora secamente. Até Draco parece surpreso com essa frieza. Engulo em seco.

-Espera, Rony. -tento barrá-lo na porta, sem sucesso.

-Com licença. -seu tom é mais do que frio. Carrega mais do que desprezo, nojo. Ódio. Deixo ele passar, e sem querer ele deixa um rastro de lágrimas no ar. Me seguro para não fazer o mesmo. Olho para trás e ele está pegando o elevador, enxugando as lágrimas de ódio. Ele me olha, escondendo-se de mim.

-Hermione. -Draco me chama, tirando-me do surreal.

-Draco.

-É bom te ver. Como passou esses anos na Austrália?

-Foram os piores anos da minha vida-respondo, sincera. -Eu queria pedir perdão. Sei que meus atos foram impulsivos demais. Estou aceitando as consequências disso. Perdão, Malfoy.

-Mas o que é isso, Granger? Se rebaixando para um Malfoy? -ele brinca, como se fosse algo engraçado. Forço um sorriso, mas em vez disso, desmorono em seu colo.

-Não mereço seu perdão. Nem de ninguém.

-Para de drama, Mione. É sério.

-Olhe para você! Eu...-vejo seu dedo com uma aliança. Se casou com Meredith, e tem filhos, como posso ver nos porta retratos. Lindos e felizes. -Perdi seu casamento, perdi a chance de conhecer essas crianças lindas! Malfoy...

-Não, por favor, não chore. Você pode conhecê-los. Scorpius, Lucy... E Hermione.

-O quê? Você... Você colocou o nome da sua filha de Hermione? -minhas lágrimas desabam em cima dele. Deito em seu colo, apertando-o e pedindo perdão sem parar, morta de arrependimento. Isso só me faz sentir a mulher mais mesquinha do mundo.

-Bom, era pra você ser a madrinha dela, mas tudo bem. Eu estava esperando você voltar, mas... enfim, eu levo você para conhecer as crianças qualquer dia desses. -sua voz tinha um pouco de raiva de mim. Claro, com toda a razão do mundo. Até eu tenho.

-Me sinto uma saca de bosta de dragão.

-Não se sinta. Apesar de eu achar um pouco disso, não se sinta assim. -ele ri, e eu também, fungando.

-E Harry? Gina, Luna, Neville....?

-Por quê você mesma não vai vê-los.

-Não tenho coragem de ir até lá. Estou morta de vergonha e arrependimento.

-Embora eu ainda ache que você mesma precisa ir lá... Potter e Weasley se casaram e tiveram dois filhos; Gina está grávida do terceiro. Lovegood e Longbottom casaram, mas não tem filhos; estão tentando engravidar de novo. Ela perdeu o primeiro bebê. -isso me faz entrar em choque. -O gêmeo Weasley casou com aquela jogadora do time de quadribol da Grifinória, a Angelina, e têm um filho, Fred. Gui e Fleur estão morando fora, Carlinhos está sempre viajando, Percy está com a namorada na Irlanda... O sr. Weasley faleceu, e agora a Sra. Weasley está sozinha.

-O quê? Eu não fui avisada da morte dele? -desmorono. Não acredito.

-O que você queria, Hermione? -ele diz baixinho, mas ouço perfeitamente. -Desculpe.

-Não, você está certo. Eu deveria fazer uma visita para a Sra. Weasley?

-Você é uma mulher madura, Hermione, precisa tomar suas próprias decisões.

-Desculpe. Você tem razão; desde que cheguei aqui, muitas coisas vêm me acontecendo. São consequências.

-É. Eu sei que está arrependida, mas não dá pra simplesmente esquecer o que você fez. Você não só largou Rony em uma cama de hospital; você me largou, assim como Gina, Luna, Harry, Neville e tantos outros que precisavam de você. Veja o que você perdeu! Gostaria de voltar no passado e fazer diferente?

-Não duvide disso. Mas não tem como fazer isso, Draco. Eu não tenho mais cara de aparecer para os outros e pedir perdão por tudo! Perdi metade de suas vidas, tudo.

-Então por quê voltou pra cá? Pra não ter cara para pedir perdão? Hermione, enfrente as consequências de seus atos como você sempre fez. Não fuja de novo.

-É tarde demais. -balbucio.

-Nunca é tarde demais. Embora Rony esteja... Noivo. -noivo. A única coisa que se passa na minha cabeça é que eu deveria ser a noiva. -Sinto muito.

-Não sinta. Estou assumindo meus erros, então... Bom pra ele, que ele seja feliz, mais do que um dia ele foi comigo. -pare de ser egoísta, Hermione. Deixe-o ser feliz.

-É isso? A Hermione Granger que eu conheço não desistiria tão fácil assim.

-A Hermione Granger que você conheceu morreu no dia que abandonei todos vocês.

-Você cometeu um erro, tudo bem, mas...

-Não existe perdão para o que eu fiz, Draco! Mas que droga, não existe... Você mesmo disse... -desabo no chão em pedaços, e ele vai até mim naquela cadeira de rodas que me dá calafrios, e acaricia meus cabelos, tentando me consolar.

-A maior grandeza de um ser humano é o arrependimento. Se você realmente está arrependida, corra atrás. Não vai ficar aí parada deixando as coisas acontecerem, vai? Vai deixar que Rony se case assim? Ele ainda te ama, e você ainda o ama também.

-Ele me odeia.

-Não, ele não odeia... Ele só... Esquece.

-O quê? Vamos, Draco, diga!

-Hermione, acho que você deveria conversar com ele...

-Como, se ele ao menos me dá chance?

-Vou dá um jeito em relação a isso. Mas... Acho que você tem que saber de uma coisa antes de tomar qualquer atitude precipitada.

-Desembucha.

-O Weasley... O Weasley está noivo.

True Blood - O futuro nos espera (Parte Final)Onde histórias criam vida. Descubra agora