Les Allés

1

- Você não pode sair assim - Rocksell disse furiosa por eu ter saído às pressas do desfile.
- Que se dane você e esse desfile - praticamente gritei e ela ficou quieta.
Saí correndo o mais rápido possível até trombar com alguém.
- Me desculpe - Felipe se desculpou.
- Você sabia ? - falei brava e ele entendeu.
- Ayla, eu ia lhe contar - ele disse triste.
- Já fizeram o trabalho sujo - disse indicando Rocksell.
Corri mais uma vez até sair do salão. Preciso respirar, não tem ar; caí perto da porta que levava ao jardim e foi para lá que eu fui.
Saí cambaleando pela escada até desabar em um banco. Ouvi passos atrás de mim.
- Vá embora - gritei mas ninguém respondeu e nem foi embora.
Me virei e apesar dos meus olhos cheios de lágrimas, consegui ver Camille em pé.
- Camille, de mas...- funguei - quero ficar sozinha.
- Eu...Eu... - a voz dela saía fraca, mas ela não parou - sinto...Muito...Ayla...
Ela segurou o pescoço tentando esconder a dor nas cordas vocais.
- Não fale - pedi - agradeço, mas não quero que se machuque.
Camille começou a chorar e me abraçou, ficamos ali até que meus soluços passarem.

" Ayla, sei que quer ficar sozinha agora mas quero que saiba que você ainda tem uma família. Aurora está vindo para cá, eu estou aqui, seus amigos e o Marc também estão. Você não vai ficar sozinha" - Camille escreveu no celular e eu consegui ler mesmo com meus olhos marejando.

- Obrigada, irmã - era isso que ela era, minha irmã de coração.
- Ayla - olhei para trás e o príncipe Felipe estava corremo em nossa direção - Sei que está brava, mas eu fui proibido de lhe contar antes do término do desfile...
- Eu entendo - respondi - só não queria ter descoberto desse modo.
- Rocksell é uma menina cruel e mimada - ele disse irritado - ela quis te atrapalhar, mas não conseguiu.
- Eu não ligo para o desfile - falei - quero saber de Aurora.
- Ela está a caminho - Felipe segurou em minha mão enquanto Camille me acalmava passando as mãos em minhas costas - mandei um avião particular para buscá-la.
- E a minha mãe ? - perguntei já temendo a resposta.
- Camille, pode nos deixar a sós ? - O príncipe pediu com tanta gentileza que Camille saiu de bom grado e voltou para dentro - Ayla, sinto muito em dizer, mas não conseguimos trazer o corpo de sua mãe.
Meus lábios tremiam, eu tentei pará-los pondo a mão neles mas não obtive sucesso. Felipe engoliu em seco e continuou.
- Ela foi enterrada no túmulo de uma família rica - E como vocês não tinham vizinhos e sua irmã é pequena de mais, sua mãe foi enterrada como indigente.
"A MINHA MÃE ENTERRADA COMO INDIGENTE? Ela foi enterrada como alguém não identificada e em um túmulo da família de outra pessoa! Eu não conseguiria aguentar isso"; já não conseguiam aguentar a dor que havia dentro de mim, minhas lágrimas caiam de meus olhos como se fossem molhar o jardim todo.
- Sei que não posso fazer muito por você nesse momento - o príncipe disse me abraçando - mas prometo que você e sua irmã ficarão a salvo.
- Obrigada, Felipe - tentei controlar as minhas lágrimas - você e sua família já estão fazendo muito por mim e por Autora.
Meus batimentos estavam ficando normalizados quando um guarda veio se aproximando do banco.
- Sinto em interromper, alteza - ele disse nervoso - mas é melhor entrar agora.
- Ah sim - o príncipe ficou agitado - muito obrigado, Fisher.
- Muito obrigada por me fazer companhia - disse me levantando - não queria incomodar.
- Não foi nada - ele passou meu braço para encaixar no dele e foi me guiando para o palácio - Você não atrapalha.
Subimos a escadaria com o guarda a poucos metros de nós; quando entramos Felipe olhou para mim.
- Caso você precise ficar com Marc esta noite, tem a minha permissão - ele olhou para os lados para verificar que ninguém escutaria - Peço sua descrição, ninguém tem permissão para sair do quarto depois do toque de recolher. Demian e eu temos alguns assuntos a tratar, então creio que só ficará vocês dois.
- Obrigada - abraçei o futuro rei da França e fui direto para o quarto de Marc.