Nota: Capitulo especial, falando sobre o passado do Rafael, explicando um pouco por que ele é como é, e outras coisas do tipo.
É provável que aqui tenha uma quebra no ritmo e no modo de narração até agora, mas garanto que esse passado terá certa importância na historia, e irá de fato ajudar na compreensão dos personagens.
Espero que gostem.
~Gino
-x-x-x-
~Rafael
Saindo de onde estava, entrei em um corredor escuro, pois a unica fonte de luz que o iluminava era a claridade que vinha do comodo doo qual acabei de sair. Em meio a penumbra eu observei algumas molduras penduradas na parede do corredor, elas continham em si fotos da família em momentos felizes, obviamente Jorge Belfort, o morto, estava na maioria delas, se divertindo com as filhas ou abraçado com a esposa. Imagino que essas imagens, que antes traziam recordações felizes, pareciam agora, para os moradores daquela casa, uma triste lembrança mórbida. Avencei até parar de frente pra porta no fim do corredor, na qual bati com o nó dos dedos. Silêncio, ninguém respondeu então eu voltei a bater. Dessa vez a menina gritou.
— Sai daqui, mãe! — A voz ecoou abafada através da parede e da porta de madeira, parecia muito irritada e tinha tom de choro.
— Não é a sua mãe, sou eu. — Disse girando a maçaneta e abrindo a porta, que por ser de um quarto de criança, não tinha fechadura para ser trancada.
Fui entrando e me deparei com um quarto pequeno com duas camas, uma em cada lado, bem próximas das paredes. Na cama da direita estava a mesma garota que a pouco saiu da sala correndo, e na outra uma menina um pouco mais jovem, que parecia assustada. Suponho que o som da irmã mais velha batendo a porta com força a tenha acordado de supetão.
— E quem é você?! — Manteve o tom de irritação, mas tentou disfarçar a tristeza, em vão, enquanto acendia um abajur que tinha em uma mesinha ao lado da cama, onde a luminária dividia espaço com um porta retrato que estava caído, ou melhor, que havia sido propositalmente abaixado para ocultar a foto, provavelmente mais alguma imagem do pai suicida que ela tentava evitar.
— Meu nome é Rafael Boaventura, detetive particular. — Falei, exibindo para ela o documento que eu carregava dentro da carteira, como sempre faço ao me apresentar dessa forma.
Mas a criança arrancou a carteira da minha mão antes que eu pudesse voltar a guardá-la no bolso, e leu o documento. — Ta tentando pegar um livro emprestado comigo? — Disse ao perceber que era um simples cartão da biblioteca. Agora tinha um tom irônico e arrogante, que pareciam estranhos saindo da boca de uma garotinha. Mas eu tinha de admitir, aquela menina era mais esperta do que os outros, que jamais perceberam minha farsa. Jogou a carteira em mim com raiva e se enfiou debaixo das cobertas, se deitando na cama e me dando as costas. — Sai do meu quarto, eu não quero falar com você, nem com ninguém!!
— Então apenas me escutem, vocês duas. — Disse me virando para a outra garota, enquanto ficava de pé entre as camas das duas. Nesse momento minha voz era calma e compassiva, ainda estava pensando no que iria dizer a elas. Me sentei na beirada da cama da filha mais velha, a quem antes Clara chamou de Julia, e voltei a falar. — Eu sou mesmo o detetive que está investigando e tentando descobrir por que o seu pai morreu...
— Não! Ele não "morreu"! Ele se matou!! — Gritou Julia, me interrompendo, se virando novamente pra mim e tirando a cabeça pra fora da coberta, mostrando os olhos marejados e cheios de raiva.
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Se eu te contasse, você teria que se matar.
Mistério / SuspenseUma onda de suicídios começa a se espalhar pela cidade, com pessoas se matando logo após ocorrerem grandes mudanças em suas vidas, deixando a polícia intrigada com o grande numero de suicídios aparentemente sem razão. Quando um corretor da bolsa de...