Se eu te contasse, você teria que se matar.

Capítulo 5 - Duplo Homicídio

~Anna

Fala sério, como é que eu fui acabar envolvida nisso?

No fim das contas, a Clara Belfort concordou em contratar o Rafa como detetive particular, mas, como ela não gostou muito dele, impôs a condição de que eu ficaria sendo uma das responsáveis pelo caso.

Isso é brincadeira? Eu nem sequer acho que exista um caso pra se investigar. Mas não tinha como dizer "não" para aquela viúva. Tudo isso por que eu decidi acompanhar o meu amigo naquela visita à família da vitima...

Agora aqui estou, de manhã cedo, na platéia vazia desse teatro, esperando esse ensaio terminar para poder falar com os atores que eram amigos da Laila... Ah, terminou!

— Lamento por ter te feito esperar, é que temos pouco tempo pra ensaiar essas falas. — Dizia um rapaz alto e forte, que veio até mim com um roteiro ainda nas mãos, enquanto o resto dos atores e atrizes ainda permaneciam no palco.

Tentava parecer simpático, mas era visível que ainda estava um tanto abalado, provavelmente com a morte de Laila.

— Não, tudo bem, eu é que deveria me desculpar por atrapalhar o ensaio. — Eu lhe disse, educadamente. Seu nome era Roger, já havíamos nos apresentado anteriormente, contei que estava aqui como detetive particular e ele concordou em falar comigo depois do ensaio. — Aliás, não é meio "cedo" pra estarem ensaiando? Quer dizer, a temporada da peça de vocês terminou agora, e a Laila morreu a menos de 48 horas...

— É, pois é. Nós até queríamos poder tirar um tempo pro luto, mas parece que o público adora uma tragédia. Ainda ontem, quando a notícia da morte saiu no jornal, nosso diretor disse que recebeu ligações reservando ingressos pra peça, e nos mandou voltar a ensaiar. O que é uma grande ironia, já que ele está na sua cabana de verão nesse momento, provavelmente tomando um copo de whisky e pensando em todo o dinheiro que vai ganhar com isso. — Sua voz tinha um tom inconformado, e vi, em seu semblante, sinais de desprezo quando se referiu ao diretor.