- Você nunca mais cantou. – digo assim que pego o sanduíche e me sento de frente pra ela.
- Não depois que eu descobri que você também vem aqui. –ela da uma risadinha e eu permaneço a observando.
- Por que fez aquilo? – pergunto comendo sem tirar os olhos de seu rosto. Ela hesita um pouco antes de responder.
- Não foi a primeira vez, estou quase acostumada. - seus olhos se escurecem e olham para baixo como se tivessem vergonha de mim.
- Você é linda. – digo tentando aliviar um pouco o clima que se instalou entre nós.
- Existe uma linha tênue criada pela sociedade. De um lado está o bom, o bonito, o lindo. Do outro temos o ruim, o feio e o horrível. Você acaba de me colocar do lado lindo, mas por quê? Qual critério foi utilizado? Por que as pessoas insistem em colocar tudo em um dos dois lados? Feijão é ruim, mas banana é bom, porem se eu lhe disser que não acho isso criamos uma inimizade, é claro é apenas um exemplo, não acredito que ficaria com raiva de mim por você gostar de banana e eu não, um exemplo de como surge toda a guerra e discórdia no mundo. Dizer que as pessoas são bonitas por fora apenas por que é uma visão que agrada seus olhos, te impede de conhecê-las por dentro. Por esse motivo acredito que essa tal "beleza" imposta pelas revistas é muito idiota. Mas sei que sua intenção foi me elogiar então, obrigada. – ela volta a comer normalmente.
- Wow... er... Desculpa. Entendo seu ponto de vista. – fico sem saber direito o que dizer e me levanto sentando ao seu lado. – Você é diferente das outras garotas.
- Obvio que sou, são todas garotas estúpidas que saem de madrugada com seus sutiãs de enchimento procurando um empresário rico para pagar a champagne delas. – me olha sorrindo e sorrio de volta. – Não sou assim.
- E como você é? – Vejo-a se levantar para sair do trem.
- Pior. –sussurra e sai.
....
Depois da aula decido ir atrás dessa tal de silenciosa. Peço ao Louis para levar July e saio à procura da garota. Encontro-a saindo da sala de história.
- Ta livre amanha? – vamos andando em direção a saída.
- sim, e não. Eu não vou sair com você. – faço uma carinha de ofendido que a faz rir.
- Por quê? Podíamos ir só tomar um café.
- Não tem nenhuma festinha pra ir não?
- Tenho, mas não quero ir. Espero-te no portão da escola assim que acabar a aula amanha. –saio rápido sem dar tempo de ela dizer não. O que ela disse no trem me deixou um tanto quanto tocado e quero ouvir mais.
Acendo um cigarro. Ando de vagar. Chego em casa.
MAS QUE MERDA?!
*****
Amores, feliz ano novo! Um beijo para todos vocês. XOXO
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Fly
Teen FictionÉ impressionante como parece que somos atraídos para tudo que queremos longe. Eu não sei de onde essas coisas surgem, elas só estão ali, junto com você. Na verdade, elas não só me acompanhavam como estavam ali comigo. Todo dia, toda hora. Não exist...