Ao longe, já podíamos ver a escola e, na frente dela, um ônibus amarelo, bem grande, seria nele que iríamos à Londres. Alguns alunos o cercavam, outros já estavam dentro. Chegamos ao colégio. Michael se despediu nas escadas, pois não havia necessidade de irmos para a sala. Olhei ao meu redor, alguns alunos reunidos em grupos de colegas, Adam e Melanie entregavam seus bilhetes ao professor de artes, mas nem sinal de Kevin. Não podia imaginar que ele não veio, seria o fim do meu dia, ele prometera que viria se eu fosse. Tentei recapitular as suas ordens, quanto à decisão da Sra. Carmem. Tenho certeza, que ele disse para eu ligar, somente, se eu não fosse. Pensei em ligar para confirmar a sua presença, entretanto, se ele não estava aqui, eu não faria papel de bobo!
- Jimmy, - Adam se aproximava – o professor está chamando, iremos partir.
Caminhei em direção ao ônibus, não era possível que ele faltara, entreguei o bilhete, o qual a Sra. Carmem assinara, e entrei no automóvel. Melanie e seu namorado já tinham sentado. Havia apenas dois bancos, no final do ônibus, me dirigi até eles; agora, eu estava mais sozinho do que nunca. Sentei, a janela estava meio embaçada, esfreguei a manga da camisa, ele não apareceu, o motor do carro começou a ranger, consequentemente, perdi as esperanças.
- Espere, espere. – alguém bateu na lateral oposta à que eu estava.
As minhas orelhas começaram a queimar com a possibilidade de ser Kevin. Pareciam que elas sentiram a sua presença, pois ele entrou no ônibus, ofegante, procurou por mim e, quando me viu, veio sentar-se ao meu lado.
- Perdoe-me pela demora. – seus olhos traduziam o seu pedido.
Kevin estava com um arranhão que saltava da sua camisa e subia próximo ao seu pescoço.
- Aconteceu alguma coisa? – toquei em seu pescoço, ele sentiu o ardor – Desculpe.
- Um acidente na floresta. – ele respondeu, abaixando os olhos, parecia querer esconder algo. – Provavelmente amanhã já estará melhor.
A sua resposta, curta, não matou a minha curiosidade, também não entendi o que ele quis dizer com: "Provavelmente amanhã já estará melhor", porém não me atrevi a perguntar os detalhes. O ônibus voltou a ranger, aos poucos, atravessávamos o vilarejo, as casas desapareceram.
- Você, provavelmente, não me perdoaria se eu faltasse, estou certo? – ele levantou uma de suas sobrancelhas.
- É claro que eu perdoaria. – virei o rosto para a janela, não queria que ele me desmascarasse.
- Tem certeza? – ele me fez olhá-lo.
Minhas orelhas estavam para explodir, não poderia insistir.
- Está bem, - fiquei envergonhado – eu ficaria muito chateado, é verdade. Sabe, eu costumo ser orgulhoso, todavia algo me diz que eu não conseguiria ficar sem falar com você.
Ele sorriu e começou a importunar minha orelha.
- Eu correria atrás do ônibus, até Londres, se fosse preciso, - ele encarou, profundamente, meus olhos. – mas não deixaria você sozinho. – sorriu com ironia.
Suas palavras me faziam sentir um conforto incrível, era fantástica a atração que eu sentia pela presença de Kevin. Aquela impressão que eu tive, quando o vira pela primeira vez, de que ele representava perigo, continuava. No entanto, eu não me sentia desconfortável com ela.
Pela janela, as árvores passavam, velozmente, as nuvens faziam desenhos no céu, o vento entrava furioso, devido a velocidade do automóvel. Em minha cabeça, eu ainda tentava descobrir o motivo pelo qual eu gostava tanto de Kevin. Eu não conseguia imaginar nada sem ele, parecia um vício. Agora, com suas palavras, eu acreditava que esse sentimento era mútuo. Possivelmente, ele sabia o que estava acontecendo, mas eu precisaria de uma coragem, muito além da que eu possuo para comentar isso com ele.
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Jimmy Stuart e O Livro dos Anos (Degustação)
RomanceUma estória de fantasia, aventura, e romance gay, onde os protagonistas enfrentam o preconceito, e descobrem que o amor é tudo o que importa. Link para a Amazon: https://www.amazon.com.br/dp/B01MG6U1YL Jimmy Stuart e seu irmão vivem em um internato...