O18. o queridinho das garotas

10.7K 716 100
                                    

AMÉLIA DICKSEN

    A alegria contagiante de Kessen ao caminhar pelo corredor em nossa direção fez com que um sorriso de satisfação brotasse em meus lábios. Ela irradiava felicidade, uma felicidade genuína por estar alcançando seus objetivos.

— Só me faltam oito assinaturas para completar minha lista. — anunciou ela, exibindo a prancheta que carregava, assim que se juntou a nós. — E vocês, como estão progredindo?

— Estou indo bem. — respondeu Nina, mostrando sua própria prancheta. — Só me faltam doze assinaturas.

Ontem, no fim do dia letivo, Nina havia apresentado o projeto com Kessen para os membros do Grêmio, que o aprovaram com poucas ressalvas, graças à preparação meticulosa das duas durante as aulas depois do almoço, que anteciparam todas as possíveis perguntas sobre uniformes, recursos, apoio e demais aspectos.

Após a aprovação, elas permaneceram na escola por horas a mais, dedicando-se ao projeto para que pudessem apresentá-lo aos superiores, juntamente com as listas de assinaturas que haviam impresso no dia anterior.

Fiquei verdadeiramente impressionado com a perspicácia delas; a maneira como conseguiram organizar e executar tudo no mesmo dia em que Kessen propôs a ideia.

Nossa meta era coletar duzentas assinaturas, e qualquer número além disso seria um bônus. Por isso, Kessen, Nina e eu ficamos responsáveis por uma lista cada. Peter decidiu assumir uma lista, com o objetivo de obter assinaturas exclusivamente masculinas, enquanto a lista adicional ficou sob a responsabilidade de Cindy, Lindsay e Anis. Todas com a mesma quantidade de cinquenta assinaturas para serem recolhidas.

Eu não estava tendo tanto sucesso, pois detestava abordar as pessoas e ser alvo de olhares curiosos, que fingiam atenção mas, na verdade, estavam mais interessados em mim por razões pessoais. O primeiro questionamento que faziam em meio a minha explicação, era se eu estava bem. Era constrangedor, pois sabia que a motivação por trás dessa pergunta era a piedade pela garota que fora traída e passara grande parte das férias em reabilitação para lidar o ocorrido.

— E você, Amy? Como está indo? — Kessen me tirou dos pensamentos com sua pergunta.

— Ah, eu... — hesitei, analisando a lista na prancheta. — Consegui vinte e cinco assinaturas. Ainda falta metade.

— Você está indo bem! — ela me encorajou com um sorriso motivador.

— Quem vocês abordaram primeiro? — indagou Nina, e antes que pudéssemos responder, ela prosseguiu. — Eu fui direto conversar com Jolie. Ela é incrível em todos os tipos de ginástica que você possa imaginar: acrobática, artística, rítmica... Ela é excepcional e seria uma adição valiosa ao grupo de líderes. E adivinhem só? Além de assinar, ela se comprometeu a fazer parte do grupo.

— Mas ainda teremos testes, certo? — questionei, para confirmar.

— Claro, mas você duvida que ela seria aprovada? Você ouviu o que eu disse sobre suas habilidades, não ouviu? — insistiu Nina.

— Sim, eu ouvi. — confirmei.

— Lembram daquela loira do Grêmio que se animou com a apresentação da ideia? — Kessen interveio, e eu sabia exatamente a quem ela se referia. — Ela veio até mim hoje cedo, assim que me viu com a prancheta, e foi a primeira a assinar. Aqui. — ela apontou para o nome no topo da lista, Pierina Bianchi. — Ela disse que fará o teste se o projeto for aprovado. Ela parece muito determinada.

Sim, ela é determinada. Se quer algo, ela vai atrás, mesmo que isso pertença a outra pessoa, e o pior é que ela geralmente consegue.

— Graças a Deus, eu só farei parte da organização, não da equipe em si. — Nina expressou alívio, com um tom de desdém.

Algumas infinidadesOnde histórias criam vida. Descubra agora