Capítulo- 2

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Parte um- Mike

— FOI AQUELE TAL DE JOHNNY, NÃO FOI? — Esbravejou meu pai, chocando os punhos contra o volante do carro. Passei as mãos nos cabelos, irritado, abrindo a porta.

— NÃO, PAI, NÃO FOI O JOHNNY! POR QUE VOCÊ NÃO PODE SIMPLESMENTE FICAR FELIZ POR TER SEU FILHO DE VOLTA, HEIN? QUE MERDA! —Gritei, batendo a porta do carro. Andei a passos pesados e largos em direção à escola, mal prestando atenção aos alunos. Todos pareciam rir de algo, e só riam quando eu passava. Mas eu estava com tanta raiva que não me importei. Meus pensamentos estavam enterrados em meu pai, e em como ele conseguira estragar nosso reencontro. Eu estava tão distraído que não notei Miguel até me chocar contra ele. Nós dois caímos no chão, mas nos levantamos tão rápido que foi quase como se nem tivéssemos caído.

— Você não olha por onde anda não?

— Escuta aqui, playboyzinho português...— minha voz morreu quando nós dois ouvimos a voz de Pietra, que parecia irada. Nos entreolhamos por breves segundos antes de seguir o som. Assim que entramos na sala, vemos o porquê de ela estar com raiva.

— É melhor você calar a boca senão eu...— os gritos de Pietra se interromperam quando Kyle, um garoto alto e musculoso, se levantou da cadeira com tudo. Ele a encarou de cima, chegando perto, como se a ameaçasse.

— Vai fazer o que, hein? Vai chamar seus amiguinhos ETs pra me baterem? Me poupe. Você não teria coragem de me bater. Ia estragar suas unhas. — Ele provocou, e senti o ódio subir à cabeça. O mesmo pareceu ter acontecido com Miguel, já que, quando me enfiei entre Pietra e Kyle, estufando o peito para parecer maior, ele fez o mesmo.

— Ela pode até ver, mas não vejo problema nenhum em estragar as unhas, ainda mais se for pra dar umas belas porradas em um babaca como você. — Cuspi as palavras, cruzando os braços ao mesmo tempo que Miguel. Trocamos um rápido olhar, em um acordo silencioso. Nos odiávamos, mas odiávamos aquele cara ainda mais. Se preciso fosse, daríamos uma surra nele. Juntos. — E você, Miguel, tem algum problema em estragar as suas?

— Eu as estragaria com prazer. — Miguel respondeu. Ele recuou um passo, e eu e Miguel demos um a frente. Não entendo como um cara gigante como Kyle se sentiu intimidado por um gótico drogado e um playboyzinho português, mas estava funcionando. — Acho melhor ir embora.

— Não tenho medo de vocês.  — Ele disse, se empertigando. Eu e o português nos entreolhamos. Tivemos uma pequena conversa silenciosa, mas não chegamos a lugar nenhum. Voltei a olhar para Kyle.

— Deveria ter.— foi a única coisa que eu disse antes de socar seu rosto. Miguel parecia ter tido a mesma ideia, pois socou o lado esquerdo do rosto de Kyle ao mesmo tempo que eu socava o direito. O garoto caiu no chão, desacordado, enquanto começamos a puxar Pietra para longe. Se nos pegassem ali, estávamos ferrados.

Já fora da sala, ela pareceu acordar de seu estado de choque.

— Vocês estão malucos? — Gritou, irritada.

— Ei, ei, eu e o maconheiro chupador de pescoços estávamos só te defendendo! — Miguel tirou as palavras de minha boca, e contive a vontade de soca-lo pelo apelido. Assenti, concordando, e Pietra massageou as têmporas.

— Primeiro: eu sei me defender sozinha. — Esbravejou. — Segundo: vocês vão se meter em problemas, seus idiotas! E terceiro: que ideia é essa de "me defender"? — Fez aspas com os dedos. — Não quero nada com vocês! São só dois idiotas que se acham donos do mundo. Não somos amigos, e nunca vamos ser! — Ela exclamou, jogando os braços para o alto. Franzi a testa, e olhei rapidamente para Miguel, que se encontrava no mesmo estado.

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