É, papel. Estou outra vez aqui, desabafando com você, mas dessa vez não estou triste, nem me sentindo um lixo... Não mais. Pensei que estava sendo egoísta em falar com você só nos momentos ruins.
Decepções amorosas? O quê? Não... Não é isso que me traz aqui. Não agora. Estou aqui te contando que desapeguei. Finalmente, né? Foi naquela noite da discussão. Percebi que ele merecia somente minha pena. O coitado nunca amou ninguém de fato.
Meu vazio preencheu os espaços que ele deixou. Mas não foi o tipo de vazio devastador que nem o do ano novo. Foi um vazio bom. Aquele que te dá liberdade. Aquele vazio que você sente quando não está apaixonada e apenas está bem. Por que se apaixonar complica sua vida. Ô se complica.
Eu pude perceber que estava na hora de me importar comigo. De me apaixonar por mim. Era chegada a hora de viver minha vida sozinha e encarar meus problemas de frente. Ele era um dos problemas. E pude enfrentá-lo naquela madrugada. Não restou sequer uma dorzinha.
Mesmo tendo mudado em pouco tempo, mudei bastante. Estou decidida e forte. Entendi aquela frase que diz que os problemas vem para nos fortalecer. Ele teria que me conhecer outra vez. Não sou aquela trouxa que ele conheceu. Sei bem o que quero.
Não tenho mais medo de falar a história toda. Não dói mais. Não o amo.
As músicas que ouço não me lembram dele. Deixei de imaginar cenas de livro em minha vida. Não espero mais diálogos perfeitos. A vida tem que ser vivida de modo diferenciado. Fora da linha.
Os personagens do livro da minha vida mudaram. Os antigos personagens, hoje, sequer se conhecem. Não mais. São diferentes situações com outro ponto de vista. E está melhor assim.
Posso ser feliz e dizer que acabou.
E isso que direi é pra ele, o mundo inteiro pode saber:
― Você não faz mais parte do meu enredo.