Vida Dura

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Música do Capítulo:  Gabrielle Aplin - Home


Eles andavam apressadamente pelos corredores brancos e movimentados. Ao chegarem na recepção, a moça apenas entregou o crachá de vistante para eles e os cumprimentou. Afinal, todos já conheciam os rostos deles do tanto que apareciam.

Marinette abriu a porta hesitante. Respirando fundo, e colocando um grande sorriso no rosto.

– Oi, pai... -Sussurrou. Entrando com Nino atrás.

– O-Oi, querida... -Tossiu. Abriu os olhos lentamente sentindo sua cama pesar em seus pés. -Como f-foi de trabalho? -Sua voz saia com dificuldades.

– Foi tudo bem, pai. -Forçou um sorriso. -E o senhor? Como passou o dia? Te trataram bem?

– E-Eu, passei o dia, dormindo. -Dizia pausadamente. -N-Nino veio me ver hoje. P-Passou a tarde me fazendo companhia. -Sorriu para o homem encostado na cabeceira da cama.

– Entendi... -Abaixou sua cabeça. -Desculpe pela TV quebrada, pai. E-Eu prometo que tudo vai melhorar, daqui pra frente. -O fitou preocupada.

– M-Marinette. -Encostou sua mão com a de sua filha. -N-Não quero que se preocupe com isso. Fique com s-seu dinheiro pra você comprar suas coisas...

– Não! Pai, não tem essa de "meu dinheiro". Eu vou comprar uma TV nova para o senhor.

A enfermeira entra com uma bandeja abastecida de remédios e sedativos.

– Tá na hora. -O chiclete na boca dela estourou.

– Eu volto amanhã para dormir, tudo bem? Eu tenho que resolver umas coisas em casa. -Voltou a olhar para seu pai.

– E-Está tudo bem c-com o aluguel... -A própria tosse o interrompeu de continuar.

– Não se preocupe com isso pai, está tudo ótimo. É só um favor que devia para a nossa vizinha.

– E-Está bem. Boa noite, querida. -Sentiu finos lábios encostarem em sua bochecha.

– Eu te amo, papai. -Se afastou.

– Eu t-também te amo, minha filha.

Marinette ficou parada fitando a porta fechada em sua frente. Até sentir duas mãos em seus ombros, a obrigando caminhar.

– Eu estava vendo umas TVs hoje a tarde, e encontrei uma na promoção do...

– Não faça isso. -O cortou. Nino a olhou confuso. -Você já deu mais dinheiro do que pretendia, não posso deixa-lo dar mais.

– Bateu a cabeça no carro?! Marinette, eu vou ajudar! Se eu dei mais dinheiro do que o combinado foi porque eu quis. -Se exaltou.

– Eu sei Nino, mas isso é um problema nosso! Eu sou eternamente grata pelo o que você tem feito pelo o meu pai, mas você tem uma vida para viver.

– ...Se lembra quando seu pai nos entregou cookies, e eu cortei o joelho enquanto tentava ser o primeiro a chegar na bandeja? -Marinette o olhou confusa. Ele, sem olha-la, continuou. -Bom, ele cuidou de mim o dia inteiro. E me deu mais cookies do que pretendia me dar. -Riu sem ânimo.

Marinette já estava com a sua linha d'água preenchida.

– Estou apenas fazendo o mesmo que ele. Nada demais. -Olhou para trás, percebendo que Marinette parou de andar. Ela correu para o seu encontro, e o abraçou com todas as forças possíveis.

Nino ficou surpreso de início. Mas os soluços de Marinette o despertaram, e ele retribuiu o abraço.

– M-Me desculpe. -Desabou. -I-Isso tudo está a-acabando comigo. Ver ele daquele jeito, naquela cama, com aquele atendimento... e-eu queria tanto poder pagar um lugar melhor pra ele f-ficar. -O abraçou mais forte.

Uma Noite Para RelembrarOnde histórias criam vida. Descubra agora