Infiltrados.

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Um corredor me leva até uma porta grande e decorada com alguns adornos no centro, essa é a sala do prefeito. Uma reunião urgente disse ele ao telefone, negócios, é a terceira vez só essa semana.

- Como vai meu governador preferido, você está mais alto, já o disseram?

Sou recebido com seriedade, mas isso não faz com que meu senso de humor venha a óbito, já estou acostumado com a frieza com que me tratam, mas também...levando em conta o tamanho do fardo que carrego, não esperaria qualquer outra reação.

- Fiquei sabendo dos "pombos" que levou ontem ao centro de pesquisa, descobriram algo sobre o resto da gangue?

"pombos", é assim  que os chamam quando estão em grupos pequenos, tão descartáveis e inúteis quanto os próprios pássaros que os nomearam.

- Algo me diz que chegamos perto de descobrir sua localização a cada dia que passa, eles são cuidadosos, apagam os rastros, quase não detectamos os de ontem, mas não demora-rá muito até obtermos informações novas.

Nesse momento, o pequeno garoto de 15 anos  deve estar passando por um intenso e doloroso interrogatório. Se ele não ceder, sua amiguinha de 13 com certeza vai.

- Não acha que seus métodos tem sido um pouco...Pungentes Dr. Estevan? Afinal, estamos tratando de crianças aqui.

Desfiro um tapa na mesa fazendo-a balançar, como ele pode sentir dó de criaturas tão asquerosas?

-Acha meus métodos...Dolorosos Sr. Herman? Acha que não sei lidar com crianças? Pois eu acho Sr.Herman que o senhor ainda não percebeu que não estamos lidando com humanos.

Faço contato visual com aquele pequeno pedaço de gente que aparenta se encolher em sua cadeira gigantesca. como escolheram isso para prefeito de uma renomada metrópoles?

-Não esqueça. Eles são criaturas, são malignos, e acabariam com o senhor em um piscar de olhos.

Me levanto me preparando para dar meia volta e sair dali, mas algo me prende aos braços da cadeira. 

- Dr.Estevan! acho que descobrimos a localização da gangue! estão aguardado ordens do senhor para atacar!

Um de meus homens entra na sala desesperado, aparentando cansaço. Os cabelos desgrenhados e a roupa não habitual indicam que ainda não chegará a sede, deve ter recebido a noticia no meio do caminho e veio o mais rápido que pode. Sorrio.

- Se recomponha homem! e diga para que mandem espias...talvez hoje seja nosso dia de sorte.

Ele assente e ao sair do recinto, me volto ao governante sentado em sua poltrona.

-Me desculpe, parece que agora preciso tratar de outro tipo de "negócios". Se não se importa, preciso desferir meu tratamento pungente sobre outra colônia de pombos. até logo.

Me retiro deixando-o para trás com suas preocupações, esse instituto, essas criaturas, são minha área e eu não deixarei que ninguém me impeça de prosseguir com minhas pesquisas.

- Mandem um Helicóptero, preciso chegar a sede o mais rápido possível.



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