Massacre.

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Meu coração esta disparado, sangue pulsa em minha cabeça enquanto tento correr o mais rápido que consigo fugindo das chamas que agora destroem meu antigo lar, tudo aconteceu tão de repente...

Eu e Natan estávamos sentados em torno da fogueira conversando sobre novas estratégias para o bando da comida, depois do que houve com Ariana e Jonathan, eu precisava ser mais cauteloso com nossas investidas. Logo Luke se junta ao grupo com uma pequena garrafa de coca cola nas mãos.

- Aceitam?

Ele nos oferece chacoalhando o liquido preto pela metade no recipiente de plástico, Natan aceita com um pequeno sorriso e retira do bolso um pacote de balinhas, provavelmente furtada de algum mercado.

- Eu já não disse que furtar é errado?

-Desculpe "senhor certinho", mas eu não como uma bala dessas desde os 10 anos.

-É Dante, deixa o cara, o mercado não vai falir por isso.

Respiro fundo entendendo o ponto de vista dos meus amigos, eles não tem culpa, não estariam nessas condições se a sociedade não os oprimisse tanto. Resolvo me soltar e me entregar a esse tipo de prazer adolescente que nunca tive, e que aparente eu nunca deveria ter tido...

Em questões de minutos, passamos de um burburinho agradável a gritos de desespero, sinto cheiro de fumaça.

-Fogo.

Levanto-me e num gesto rápido e começo a escoltar as pessoas ao meu redor até o andar de cima, as saídas estavam consumidas por labaredas.

Volto ao andar de baixo na esperança de encontrar alguém que não foi socorrido sentindo a estrutura da casa balançar ameaçando cair, é quando escuto a sirene... Isso me paralisa, fomos descobertos.

Pessoas com uniformes pesados e mascaras começam a adentrar o local, rendendo todos que encontram, ouço gritos e gente tentando cortar a chamas e passar pela porta, é tarde demais... Eles cercaram o local e estão prontos para acabar conosco.

A Patrulha nos encontrou e só posso pensar em como isso é o fim. Não consigo me mexer, meus músculos travaram, o fogo se aproxima... Se não for levado pela Patrulha, morrerei queimado.

-Dante, acorda! Precisamos sair daqui! Rápido!

Sinto alguém segurar minha mão e me puxar para fora da confusão, é Luke, percebo pelas mãos pálidas e os olhos azuis reluzentes que me guiam para longe da fumaça e dos patrulheiros. Pulamos da janela do segundo andar, se nada amortecer essa queda, estaremos em maus lençóis.

Natan estava lá em baixo, e estava debruçado esperando para parar nossa queda, caímos em suas costas nos segurando nos pelos longos e negros de nosso amigo, que agora estava em sua outra forma.

Descemos e começamos a correr o mais rápido que conseguimos, tentando ao máximo permanecer nas sombras, ouço som de revolveres e olho para trás, minha família... Minha família está sendo levada, e os que não entram nos camburões enormes estão sendo assinados, queimado, trucidados dentro daquela casa que agora está se reduzindo a cinzas... Minha vida inteira está desmoronando diante dos meus olhos, meu lar está sendo carbonizado e eu me sinto perdido. estou desmoronando como aquela construção, e tudo que posso fazer e correr.

Quero voltar, quero ajuda-los, preciso salvar os que cuidaram de mim quando eu fui abandonado, dou meia volta e começo a correr na direção do pandemônio, porém sou impedido pelos braços fortes da criatura de Natan, ouço um tiro próximo, Ângela, a pequena garotinha de 6 anos acaba de ser baleada, e cai no chão tentando se arrastar com a perna inútil fazendo-a chorar, tento ir até ela, preciso ir, mas não consigo, estou preso. a ultima coisa que vejo é um dos patrulheiros se aproximar e golpear a cabeça da pequena com uma coronhada...

Aquilo me acende, minha Criatura que sair, quero acabar com aquilo, lagrimas escorrem e eu grito, mas o som se abafa com as mãos de Luke que agora me força a correr.

O cheiro de chuva começa a ficar intenso, uma tempestade está para acontecer, e eu, Luke e Natan estamos indo para o meio da floresta, esperando que a água lave nossas almas eternamente feridas por aqueles que nos chamam de monstros.

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