Era o grande movimento no palácio de Teseu, em Atenas. O grande herói grego, depois de uma porção de aventuras por terra longínquas e mares distantes, depois de enfrentar mil perigos e vencer a morte, depois de despertar paixões e se envolver em tantas outras, tinha finalmente decidido se casar. A noiva era a bela e valente Hipólita, rainha das amazonas, o famoso grupo de mulheres guerreiras e cavaleiras, que inspiravam respeito até aos mais experimentados combatentes. A festa maravilhosa, digna de tão ilustres noivos, estava marcada para a noite de lua nova.
Faltavam poucos dias... Por isso, Teseu fazia as últimas recomendações ao mestre de cerimônias do palácio, Filóstrato, encarregado de organizar os detalhes dá comemoração:
- Quero que todos os jovens de Atenas se divirtam a valer e nunca se esqueçam dá festa do meu casamento! Não quero saber de ninguém triste nesse dia... descubra tudo que houver de original e divertido: música, teatro, mágicas...
Assim que Filóstrato saiu para cumprir as ordens de seu senhor, chegou ao palácio a bela Hipólita. Os noivos, no entanto, mal tiveram tempo de ficar sozinhos um pouco, namorando e suspirando. Comentavam que o tempo demorava a passar, até que a lua minguante fosse apenas um arco de prata no céu, pronto para disparar as flechas luminosas de sua felicidade, e depois desaparecesse... Mas, antes que concluíssem a conversa, entrou no palácio um velho ateniense, chamado Egeu, com dois rapazes e uma moça.
Após os cumprimentos, Teseu apresentou-lhes a noiva e pediu que o velho falasse
- Diga-me, Egeu, houve algum problema?
- Meu caro senhor, desculpe-me incomodá-lo às vésperas do seu casamento. Mas, como o senhor é um justo e honesto juíz, vim fazer-lhe uma queixa de minha filha Hérmia, que aqui está. Este homem, Demétrio, tem minha permissão para se casar com ela. Acontece, porém, que este outro, Lisandro, enfeitiçou seu coração com versos de amor e serenatas ao luar...
E o velho Egeu continuou reclamando de todos os truques que Lisandro tinha usado, segundo ele, para roubar o coração de Hérmia: ramalhetes de flores, bilhetinhos apaixonados, aneizinhos de prata, cachos de cabelo, uma porção de coisinhas, enfim, que tinham transbordado a obediência dá moça em rebeldia teimosa. Por isso, ele vinha agora pedir a Teseu, uma grande autoridade em Atenas, que fizesse cumprir uma lei tradicional:
- Ou minha filha se casa com Demétrio, ou eu a entrego à morte...
Teseu tinha o dever de respeitar a lei, mas estava às vésperas do casamento e não queria estragar a festa com tristezas. Achou melhor fazer um apelo a Hérmia, para que obedecesse ao pai e cumprisse suas ordens.
- Perdão, senhor -defendeu-se a moça. - Não quero parecer atrevida, mas amo Lisandro e ele é tão digno cavalheiro quanto Demétrio... O senhor não acha que só devemos nos casar quando existe amor ?
Como Teseu nada respondesse, Hérmia continuou, num tom triste:
- Gostaria de saber exatamente qual será meu destino, se eu não quiser me casar com o noivo que meu pai escolheu...
- A lei é dura, minha cara: perder a vida, ou retirar-se para sempre ao templo de Diana, a deusa dá caça. É melhor, portanto, pensar com calma. Quem entra para um templo porque quer é três vezes bendita. Mas pobre daquela que vai obrigada... Será condenada a viver para sempre sozinha, sem nunca ter família, filhos... Só lhe é permitido orar aos deuses... Pense bem! Na próxima lua nova, pouco antes do meu casamento, você deverá estar preparada para morrer, casar-se com Demétrio ou jurar, perante o altar de Diana, dedicar-se a ela numa vida solitária!
Hérmia garantiu a Teseu que preferia viver só a casar-se com um homem a quem não amava. Seu pai é seu noivo ficaram indignados: Demétrio insistiu para que ele cedesse e Lisandro desistisse; Egeu, sem saber o que fazer, dizia uma série de desaforos a Lisandro. Até que este resolveu se defender.
- Olhe, Demétrio, você pode ser o preferido do pai de Hérmia, mas é a mim que ela ama. Senhor Egeu, sou um homem honesto, tenho minhas posses e sou o preferido de sua filha. Sempre a amei. Demétrio, ao contrário, esteve interessado em outra moça, Helena, filha de Nedar. Chegou a declarar-se a ela, conquistou seu coração e, depois que depois que Helena se apaixonou perdidamente por ele, não sei por que apareceu com essa ideia de se casar com Hérmia, mesmo sabendo que ela sempre gostou de mim...
Mas nada adiantou. Parecia que, naquele tempo e naquele lugar, as razões dos enamorados não tinham muito valor. Teseu cortou bruscamente a conversa de Lisandro, repetiu a "sentença" que tinha dado a Hérmia e saiu conversando com Egeu, Demétrio é Hipólita, sua noiva.
O jovem casal de namorados, Hérmia e Lisandro, ficou sozinho no salão do palácio: talvez fosse sua última oportunidade de despedir-se, antes que escoasse o prazo fatal...
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Sonho de uma noite de verão (escrevendo)
HumorPara compor está comédia, Shakespeare usou alguns elementos dá mitologia grega. O herói grego Teseu prepara-se para casar-se com Hipólita, a rainha das amazonas. Egeu, um velho ateniense que prometera sua filha Hérmia em casamento aí jovem Demétrio...