Tempo

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Os próximos meses foram uma confusão. Exames, idas ao médico, descanso, bajulação e muito mais, eu me sentia uma invalida. Até mesmo meu Alex estava todo mandão, pegando as coisas para mim e ficando na cama comigo, arrumando o motivo que fosse para me manter ali. Adan estava treinando direitinho esse monstrinho.

Sei que Matthew e Sara tentaram aproveitar desse momento para recorrer na justiça sobre a guarda do meu filho, alegando que eu estava incapacitada e corria riscos com a gravidez, o que poderia prejudicar e muito o psicológico do Alex. Mas só soube disso por alto mesmo, porque escutei uma conversa entre Adan e minha mãe, pois sei lá de que forma, eles conseguiram barrar aqueles dois e nem mesmo uma audiência foi convocada.

Quando descobri sobre a gravidez o médico constou que estava no primeiro mês dela, tudo era bem recente e o medo de um aborto era muito grande, pois durante todo aquele mês eu fui submetida a tratamentos com remédios fortes e em alta dosagem.

O segundo mês passou sem maiores problemas, eu sentia muito enjoo, tonturas e preferia ficar deitada grande parte do meu dia, acabei até mesmo negligenciando a criação do Alex por esse mês, mas meu filho pareceu não se abalar, ele estava muito feliz com o novo irmão ou irmã que faria parte de nossas vidas em breve.

Já o terceiro mês foi horrível, jamais esquecerei daquele dia...

"Estava deitada na cama, com Adan fazendo carinho em minha cabeça quando a primeira dor veio. Foi apenas um desconforto e tão rápido como veio, também foi embora, portanto não dei muita bola e acabei caindo no sono.

Acordei com outro incomodo no pé da barriga durante a madrugada. Adan estava dormindo de forma serena e eu levantei tentando não acorda-lo e fui ao banheiro, talvez fosse apenas vontade de fazer xixi.

Sentei-me no vaso, mas nenhuma vontade veio, desisti de tentar e me levantei para voltar para a cama. Quando fiquei de pé uma dor enorme me atingiu no baixo ventre e eu me curvei para a frente até ficar de quatro naquele piso frio, nem me dei conta de que havia gritado de dor.

  Poucos minutos depois e um Adan com um olhar perdido me encarava da porta, rapidamente ele veio até mim e me ajudou a sentar na beirada da banheira. Rapidamente levantei minha camisola para ver o que era aquilo que eu sentia entre minha pernas.

Sangue... Muito sangue escorria até meus pés. Eu estava perdendo nosso bebe. Comecei a chorar silenciosamente, sentindo minhas forças saindo de mim até que acabei caindo nos braços de Adan, que me amparou preocupado enquanto falava ao telefone pedindo por socorro.

Sei que já devia estar acostumada em acordar no hospital sem saber o que havia acontecido, mas sendo sincera, aquela foi a pior vez de todas, pois desta vez um filho meu que estava em perigo e não eu.

Olhei para o lado e encontrei os olhos do meu noivo, eu já chorava temendo o pior. Ele veio até mim e apontou para algo do outro lado da cama, enquanto acariciava meus cabelos.

Ali se encontrava um aparelho estranho, como um monitor cardíaco, mas que se ligava a minha barriga e possuía sinais mais rápidos que de um coração normal.

- São os batimentos do nosso bebe. Sua placenta deslocou um pouco, por isso o sangramento.

- Ele está bem?

-  Está sim, minha vida. Foi apenas um susto. Deixa eu te mostrar.

Adan foi até o monitor e apertou algum botão e um barulinho que eu reconheceria em qualquer lugar encheu aquele quarto, me trazendo alegria e esperança. Era o coração desse ser que estava na minha barriga são e salvo."

No quarto mês, tudo que eu queria era fazer logo a ultrassom e descobrir o sexo do bebe. Alex fez questão de ir conosco ver seu irmão ou irmã e eu não me opus a isso, claro que fiquei com medo da famosa pergunta: como ele foi parar aí? Mas mesmo assim não me importei de levá-lo.

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