- Ray, por favor o Efraim foi buscar o Ben na creche será que você pode levar ele pra casa? É que eu vou ter que sair um pouco mais tarde. Essa era uma versão mais madura da Karen, seus cabelos agora estavam na altura dos ombros e seus olhos florescentes cada vez mais notáveis.
- Mas é claro meu bem, só não demore porque você sabe que nós dois não vivemos sem você.
- E nem eu vivo sem vocês ... Parece que foi ontem que nós dois fizemos aquela viagem louca pra vegas né? e hoje o Ben com 4 anos e meio.
- O que você acha de passarmos as férias com a minha mãe na Itália?
- Parece uma ótima ideia mas agora eu preciso buscar nosso homenzinho ; Já volto e o entrego.
-Tudo bem meu amor.
- Ray aqui está....Ray?
- Ray? Está tudo bem?
- O que? Confesso que fiquei frustrado por aquilo ser um sonho.
- Você parecia tão submerso.
- Acredite,eu estava...
- Por quanto tempo eu dormi?
- Fazem quase 24 horas.
- Nossa...
- Por favor não se mexa, eu vou chamar uma enfermeira.
Ao sair do quarto puxei a primeira enfermeira que apareceu na minha frente.
- A, a minha esposa Karen London, ela acordou.
- Eu já estou indo lá senhor. Ela me tranquilizou.
Quando entramos no quarto ela encheu a Karen de perguntas totalmente clichê.
- Como se sente senhora?
- Cansada... O semblante da Karen evidenciava tudo o que ela dizia.
-gostaria de comer um pouco?
- gostaria de saber como está meu bebê. Nós dois nos surpreendemos com a pergunta direta e seca.
-O doutor Hunt virá e então ele explicará tudo.
- Só me diga se está tudo bem?! Ela insistiu e eu consegui encontrar seus olhos aflitos... " ele é tudo que eu tenho Ray...".
- Senhora... A enfermeira parecia desconfortável.
- Karen , está tudo bem eu vou chamar o dr. Hunt...
Levei uns 15 minutos pra chegar a sua sala onde ele parecia completamente cansado depois de um plantão.
- Ei doutor, eu sei que já está de saída mas sera que você pode falar com a karen antes de ir?
- Ela acordou?
- sim e está louca pra ter noticias do bebê.
- você contou alguma coisa?
- não e nem a enfermeira.Caminhamos em silêncio até o quarto dela até que ele resolveu se manifestar me fazendo voltar a tona.
- Como você acha que ela vai reagir?
- Acho que não muito bem, na verdade estou apreensivo.
- Olá Karen, fiquei muito feliz em saber que acordou! Disse enquanto entrava.
- DOUTOR, me desculpe a grosseiria mas eu preciso saber do meu bebê.
-Bem Karen você precisa ser forte...Ela o olhou de um jeito que fez meu coração caber em minhas mãos.
- Só diga... E então eu fui pra junto dela segurando sua mão.
- Eu não sei como não percebemos antes, mas você estava grávida de gêmeos...
- Estava? Senti minha mão ficar úmida até poder notar sua face completamente submersa em suas lágrimas.
- Sim Karen, infelizmente você perdeu muito sangue fazendo com o que sofresse um aborto de um dos bebês...
- E o outro?
- Eu vou te mostrar agora . Ele estendeu a mão para o aparelho enquanto a enfermeira espalhava o gel transparente na barriga dela.- Está ouvindo? Ele nos alertou para o coraçãozinho do bebê sobrevivente batendo e então Karen desabou.
- Ei , ei Karen está tudo bem... Disse enquanto beijava seu cabelo.
- Enquanto o coração dela bater desse jeito nada poderá nos fazer deixar de acreditar que ela nascerá saudável, é claro que precisaremos de cuidado e talvez você não tenha um parto normal mas não temos motivos pra não sermos otimistas.
- você disse ela? Perguntei.
- Sim.
- Eram duas meninas? Ela perguntou.
- Não, vocês tinham um casal eu sinto muito. Mas vocês ainda tem a sua garotinha crescendo ai e que vai precisar muito de vocês dois.
- Obrigada dr.Hunt. Ela disse entre lágrimas.
- Não há porque agradecer, me agradeça quando a sua bebezinha estiver em seus braços e ai eu respirarei aliviado.
- O senhor devia descansar. Complementei a fala dela.
- E eu já vou, mais tarde passarei pra vê-la.
A coisa mais dolorosa que podia haver era a Karen lavada em lágrimas naquela cama lamentando pela morte do bebê perdido e isso tudo era culpa minha, eu atraí aquela louca para as nossas vidas. Sai do quarto pra que não entregasse os pontos na frente dela mas não consegui me conter lá fora.
- Aconteceu alguma coisa com ela? Essa era uma voz que eu não queria por perto.- Eu não pedi que...
- O que aconteceu?
- Abaixe o tom de voz...Não quero que ela saiba que você está aqui, já tem sofrimento demais.
-Por favor, o que houve?
- Ela teve uma perda...
- O que? Efraim chegou sentando- se ao meu lado e logo depois fazendo mensão de entrar...
- Não Efraim não entre,ela quer ficar sozinha...
- Mas como?as coisas não estavam...
- A verdade é que Karen estava grávida de gêmeos mas até então o médico não tinha conseguido notar, não eram gêmeos idênticos e o bebê que morreu estava se desenvolvendo mais lentamente.- Não... Ele abriu a boca em um "O".
-Era um casal... Disse abaixando a cabeça.- Mas nós ainda temos a menina. Me dei conta que pela primeira vez havia dito nós na frente do Efraim.
- Ela vai superar, Karen é muito forte. Foi a primeira vez que o pai dela falou.- E esse bebê vai nascer são e salvo nem que eu tenha que tirar essa mulher do caminho com minhas próprias mãos.
- Fique longe disso Kristian!
- Você não pode me impedir...
- Você conhece as condições...
- Eu não preciso estar perto da minha filha pra cuidar dela, fiz isso a minha vida toda de longe.
Naquela noite eu não havia conseguido pegar no sono muito menos sossegar, a conversa com o pai da Karen havia me deixado bastante inquieto. E hoje de manhã ele aparece todo preocupado e protetor. Eu não sei se algum dia conseguiria entender todo aquele ódio mas o que eu sabia é que eu o não deixaria nunca mais ninguém que quisesse fazer mal a Karen ou a minha filha por perto.
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Noite de ano novo (Concluído)
RomanceKaren conheceu Richard a cinco anos atrás em um MBA em Chicago e desde então trabalham juntos nas construtoras London mas quando aceitou fazer uma viagem de com ele no lugar de sua irmã , jamais imaginou como isso mudaria sua vida.