Oh, eu sabia que você era problema quando apareceu
Bem feito para mim, agora
Me levou a lugares que nunca tinha visitado
Agora estou deitada no chão duro e frio
(Taylor Swift – I Knew You Were Trouble)
São Paulo, 09 de abril de 2009
LIRIEL
Atordoada, não conseguia discernir em qual momento tudo começou. Desde o beijo na faculdade, não fora mais capaz de ignorar meus sentimentos guardados por tanto tempo, tudo se deu de forma tão repentina que não mais agia movida pela razão. A paixão que tanto lera em alguns livros e que era descrita por Cíntia de maneira tão eloquente, estava sendo vivida por mim. Samuel estava cada dia mais carinhoso e nos beijávamos todos os dias, em todos os cantos, desfazendo aos poucos a insegurança e receios que às vezes assombravam.
Antes de vir para cá, quando eu tinha treze anos, fui à casa de uma colega fazer um trabalho e fui beijada por seu irmão. Havia sido péssimo! Completamente diferente de como foi meu primeiro beijo com Samuel, afinal de contas, agora era uma mulher, consciente do meu corpo e do que sentia por ele. Depois do beijo que tivemos no estacionamento, minhas defesas desabaram e decidi enfrentar o que sinto, voltei a pegar carona com ele todas as manhãs e conversamos mais acerca dos meus receios e ele parecia compreender cada um deles. Além disso, Samuel aparentava não estar disposto a desistir de mim, o que me deixava revigorada, afinal, ele é tão bonito, gentil e poderia ter qualquer garota.
Em meus lábios ainda sinto os de Samuel, seu beijo fora intenso como em todas as manhãs, me fazendo feliz por um dia todo. Atravesso o corredor e quase esbarro em uma garota, seus cabelos são loiros e reluzentes, seus olhos são felinos e me estudam por completo.
— Será que não olha para onde anda? — Fala rispidamente e franzo o cenho.
— Me desculpe. — Digo, deslocada com seu mau humor
— Me desculpe?! — Remeda como se a tivesse ofendido. — Dá próxima vez olhe para onde anda, não é todo mundo que gosta de esbarrar em tipinhos como seu. — Gesticula e sai com o queixo empinado.
Vejo-a caminhar sem saber se me sinto ofendida ou impressionada, talvez seja stress que acomete maioria das pessoas dessa cidade. Ajusto meus livros no colo e sorrio quando vejo seu Dionísio; ele retira as luvas e as põe dentro do bolso do uniforme, andando em minha direção.
— Bom dia, Liriel! — Beija minha mão. — Que alegria te encontrar logo pela manhã.
— Obrigada! Mas acho que só o senhor pensa assim. — Murmuro e ele estreita as sobrancelhas.
— Como assim, minha querida?
— Ah, esbarrei com uma moça muito mal educada agora há pouco, mas deixa para lá. — Falo e noto que está com olheiras, seus olhos parecem fundos. — Desculpe perguntar, seu Dionísio, mas o senhor parece abatido... — Toco seu rosto e ele toma minha mão, a afastando, com delicadeza.
— Estou bem, Liriel. Deve ser impressão sua! — Sorri complacente, mas ainda mantenho minha opinião firme o estudando. — Me fale de você, hein? Que brilho no olhar é esse?
— Bem, eu e o Samuel, estamos nos envolvendo... — Acabo rindo e sinto que meu rosto queima, ele e Cíntia eram as únicas pessoas que sabiam. — Mas não comente com ninguém, por favor, nós preferimos manter discrição por hora.
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