Acordara de manhã cedo, peguei um dos meus livros escondido na mala e abri numa página. Esse livro era o Grimoire de Bartolomeu, um livro desconhecido para o resto do planeta, mas por razões específicas. Estava escrito lá que os espíritos de possessões possuem pessoas para se comunicar. Não vamos generalizar. Nem todas elas fazem isso, mas um grupo específico, um grupo de mensageiros para alertar as pessoas. Alguns desses espíritos do Grimoire foram criados por Bartolomeu, e tinham habilidades específicas, vários deles eram mensageiros e Bartolomeu os criou como uma forma de se comunicar entre seus companheiros de magia ou até mesmo seus amigos de impérios quando necessitava de dar um alerta. Ele usara também para ameaçar outros feiticeiros cujo tinha inveja dele, pois Bartolomeu era um pseudônimo de um rei muito importante na história da sociedade humana. Esses espíritos possuíam pessoas próximas de quem precisava mandar o recado, elas tinham um tipo de ataque epilético e rosnavam palavras quase inaudíveis, as pessoas ficavam desesperadas com tal cena, mas a pessoa da qual a mensagem interessava entendia o que queria dizer.
Na página em que eu estava lendo dizia em hieróglifo egípcio que esses espíritos haviam sido presos em potes mágicos quando Bartolomeu estava definhando. Isso foi feito para assegurar que os espíritos não fizessem nada além do qual foram destinados a fazer. Talvez me perguntem se é ficção ou verdade essa história de Bartolomeu, digo-lhe que não só foi verdade como o principio de criação existe ainda hoje, não para criar mensageiros, mas para criar inteligências de habilidades diversas.
O pote mágico do qual foram presos nunca foi achado e os espíritos podem estar à soltas por ai ameaçando pessoas ou amedrontando.
Uma passagem rápida pelo livro e se nota que Bartolomeu tinha um conhecimento amplo sobre os elementais, ele os dominavam e criavam. Os elementais podem causar dor e sofrimento para aqueles que não os conseguem dominar. Eles absorvem energia através de pensamentos de quem eles estão ligados. São esses elementais criados chamados de elementais artificiais, pois não existia na natureza ate que alguém pensasse neles e percebesse que eles existiam.
Estava na cidade por um dia e nada acontecera, era terça-feira e Marcos iria ligar na quarta para dizer onde aconteceria a tal reunião na sexta.
Podiam acontecer as possessões a qualquer momento e eu podia estar ou não na cidade. Como podia estar em dois lugares ao mesmo tempo?
Tomei meu café, tinha pão, um doce que soube depois que era muito comum as donas de casa de aquela região fazerem caseiramente, algo como salame e comida típica da região. Fui até o centro ver se havia acontecido algo, mas chegando lá notei que estava tudo normal. Peguei o carro e segui em direção de uma cidade próxima dali: Criciúma.
Fui até uma casa abandonada nos subúrbios do bairro Mina do Mato. A casa era bem isolada e certifiquei que ninguém me perturbaria.
Peguei um giz branco e desenhei o selo de YRYED, um espírito dos desejos.
Fiz primeiramente um circulo, desenhei o signo da sua inteligência no lado direito e o signo do seu demônio no lado esquerdo. Mais um círculo e no centro simplesmente uma bola solida e maciça.
Em minha frente um pequeno altar com duas colunas, uma de prata e uma de ouro. Duas velas, uma negra e uma branca. Um punhal e um bastão. Pendurado em cima do altar o pentagrama flamejante, o símbolo de poder do mago, aquele que ordena e não é ordenado. Vários incensos foram espalhados pelo cômodo e o ambiente ficou infestado de fumaça. Uma luz negra era tomada pelo ambiente, havia um sigilo na outra parede, era sigilo de Saturo, o planeta das vontades, cabalisticamente ligada a Binah, ela que dá forma as vontades, é expansão. O espírito que apareceria ali fora evocado por razoes objetivas.
Em meio a fumaça apareceu uma forma não discernida, uma silhueta era tudo que se podia ver.
"YRYED, faz algum tempo que não lhe via mais."
Um silêncio vago permaneceu. YRYED não era muito de conversar.
"Vamos aos planos então...".
VOCÊ ESTÁ LENDO
Possessões
HorrorUm fenômeno nada comum ocorre em meio a uma igreja no interior de uma cidade brasileira. Apenas um ser para investigar, apenas um ser para resolver o pavor da cidade. O homem das sombras encarando as sombras do mundo oculto.