V - Vossa Majestade, a Rainha

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O abraço foi quase reconfortante por um minuto, antes de nós dois nos afastarmos um do outro e lembrarmos que mal nos conhecíamos

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O abraço foi quase reconfortante por um minuto, antes de nós dois nos afastarmos um do outro e lembrarmos que mal nos conhecíamos. Ficamos nos encarando pelos longos minutos que se seguiram, como se tentássemos descobrir quem era a pessoa na nossa frente.

Apolo tinha quase vinte e quatro quando saiu de casa para se juntar a guarda há pouco mais de um ano, deveria ter vinte e cinco agora. Parecia ainda mais alto do que eu me lembrava, e também estava mais forte. Tinha os mesmos cabelos castanho-avermelhados de Marian, mas diferente do que eu me lembrava, ele não os usava mais preso em um rabo de cavalo na nuca – o que constantemente era motivo de brigas com sua mãe – mas agora estava bem cortado e lambido para trás.

Ele havia trocado as camisas, suéteres e sapatos sociais pelo uniforme branco e dourado da guarda, que deixava seus olhos azuis mais escuros e parecia intensificar o ceticismo neles.

Aquele não era o Apolo que eu conheci, sem dúvidas. Não era mais um rato de biblioteca magrelo, que vivia na casa da mãe e sempre tinha as respostas certas, e – talvez ainda mais importantes – as perguntas certas.

Ele havia mudado muito em apenas um ano. Eu, por outro lado, seguia a mesma.

-Soldado Keller – cumprimentou Alicia, depois do que pareceu uma eternidade, parando ao meu lado com um sorriso calmo no rosto – Em nome das musas, gostaria de dizer que sentimos muito pela sua perda.

-Diga a suas garotas que agradeço por isso, senhorita – falou ele, de uma forma polida e fria, da forma como falava com Isis quando ela tocava em assuntos delicados. Isis nunca parecia notar. Alicia notou.

-Direi – ela respondeu da mesma forma dura. Pisquei um pouco surpresa com a reação de Alicia, ela parecia tão dócil que não imaginava ela falando tão friamente com alguém. Mas por outro lado, ter que liderar aquele grupo de garotas devia render certo pulso – A maioria das garotas aqui viveu algo parecido, elas só estão tentando ser gentis.

-Acho melhor vocês irem, não quer deixar a rainha esperando, não é mesmo? – sugeriu Tina, dando uma batidinha nas minhas costas – Boa sorte.

Agradeci pronta para seguir Apolo para fora da Casa das Musas quando um pigarro me fez parar. Isabel passou na minha frente, ficando entre mim e a dobra no corredor, segurando nas mãos os sapatos que eu havia descartado. Ela os empurrou contra meu peito com tanta força que senti vontade de chorar, e então ela sorriu.

-Não se esqueça de chama-la de Majestade – falou Isabel docemente, como se eu fosse um cachorrinho, antes de me dar as costas e seguir pelo corredor até a sala de estar, com as gêmeas nos seus tornozelos.

-Isso foi rude – falou Alicia, torcendo a boca – Você tem que ir, eu vou falar com ela... De novo!

Percebi como de repente Alicia parecia amarga e cansada, mas preferi deixar isso para outra hora. Não que eu não estivesse preocupada com ela, mas imaginei que Tina realmente tivesse razão. Eu não iria querer deixar a rainha esperando.

A Rainha Da Beleza - A Rainha da Beleza Livro I [NÃO REVISADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora