Prólogo

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O relógio marcava quase meia noite quando Joel entrou em casa, em Austin, Texas. Falava no telefone com seu irmão e sócio Tommy sobre mais um negócio mal resolvido da empresa na qual trabalhava, tão preocupado que quase não notou a pequena Sarah deitada no sofá. Ao ouvir o som da voz de seu pai, Sarah despertou e cumprimentou Joel.

- Hey.

- Chega pra lá. - Joel disse pedindo um lugar no sofá.

- Dia divertido no trabalho?

Levando em conta a pouca idade, Sarah entendia a situação financeira atual de seu pai. Sabia que as coisas estavam ruins e foram de mal à pior após a morte de sua mãe. Joel também tinha tudo isso em mente, por esse motivo não conseguia prestar atenção em nenhuma palavra do que sua filha estava dizendo. Estava exausto.

- O que ainda está fazendo acordada? É tarde.

- Droga! Que horas são? - ela se virou num impulso em direção ao relógio de parede.

- Já passou muito da hora de dormir.

- Mas ainda é hoje.

Sarah se esticou para pegar algo que estava no chão, ainda sem sair do sofá. Demonstrava empolgação, o que deixou Joel ainda mais cansado. A luz do abajur ao seu lado lhe dava pontadas na cabeça e tudo que queria fazer era dormir, mas estava cansado demais para isso também.

- Querida, por favor, agora não. Não tenho energia para isso.

Mas Sarah não deu atenção. Levantou segundos depois com uma caixa branca, em formato de um perfeito cubo, entregando à Joel com um sorriso.

- O que é isso? - ele perguntou

- Seu aniversário.

Joel encarou a caixinha por um segundo e sorriu para sua filha em seguida. Era seu aniversário, ele não lembrava. Abriu o presente com calma e pôde notar um relógio de pulso dourado. Sorriu para si mesmo, mentalmente.

- Você está sempre reclamando do relógio quebrado... - Sarah disse - Então eu pensei. Sabe como é.

Ela observava seu pai admirando o presente, colocando em seu pulso e estava louca para saber o que ele achava. Seu semblante era difícil de decifrar.

- Gostou? - ela perguntou finalmente.

- Querida, é legal, mas eu...

- O que? - sua ansiedade se transformou em preocupação quando viu Joel batendo no vidro do relógio.

- Acho que está parado.

- O que? Não, não, não, não.

Sarah puxou o braço de seu pai e checou os ponteiros do relógio. Estavam em perfeito movimento. Ela o encarou com um olhar de deboche e forçou uma risada. Joel adorava fazer esse tipo de brincadeiras.

Ele sorriu, e admirava o reflexo que a luz tinha sobre a cor dourada no cabelo curto de sua filha e como combinava com seus olhos verdes.

- Onde arrumou dinheiro pra isso?

- Drogas. - ela respondeu se deitando no sofá novamente - Eu vendo drogas pesadas.

- Que bom, pode ajudar na hipoteca então. - ele disse se ajeitando no sofá logo após de pegar o controle da televisão. Seu cansaço já não era mais tão forte.

- É, vai sonhando.

Tempo depois, Joel despertou com o apito do seu mais novo relógio de pulso, que marcava uma e meia da manhã. Desligou a TV e procurou por Sarah ao seu lado. Haviam horas que ela caíra no sono ali mesmo. Joel se levantou e pegou sua filha no colo em um suspiro. Subiu as escadas e caminhou até o quarto com as paredes lotadas de pôsteres de filmes de vampiros e bandas de rock. Colocou a menina na cama com cuidado e ajeitou uma mecha de cabelo que caía sobre seu rosto.

The Last Of Us - Os Últimos De NósOnde histórias criam vida. Descubra agora