Joel e Ellie estavam encostados numa parede, sobre o parapeito de uma janela. Com cuidado, deslizaram seus pés até Joel conseguir espaço para pular para o outro lado. Antes que pudesse recuperar o fôlego, foi surpreendido por um homem, que o atacou, colocando o braço em volta do seu pescoço. Joel pegou impulso, conseguindo bater o homem na parede. Ellie pulou a janela e correu com uma faca, mas foi atingida por um soco. O homem se surpreendeu com a presença de Ellie, o que o deixou distraído. Joel conseguiu o derrubar e começou a socar. Nem prestava muita atenção onde acertava, mas não parava de socar.
- Joel! - Ellie gritava - Joel, para!
Ele se virou para Ellie e ela apontou para um garoto. Exatamente igual o homem que Joel socava, só que numa versão juvenil. Ele apontava uma arma para Joel, que levantou as mãos, assim como Ellie.
- Deixa ele em paz! - o garoto ordenou.
- Calma, filho. - Joel disse. - Muita calma.
- Tudo bem, eles não são bandidos. - foi a vez do homem jogado no chão falar. - Abaixa a arma.
O garoto obedeceu.
- Cara, você bate com força. - o rapaz disse tentando levantar.
- Bom, eu estava tentando te matar. - Joel respondeu
- Achei que você também era um deles. Então eu te vi. - ele disse apontando para Ellie. - Se não perceber, não aceitam crianças aqui. Sobrevivencia do mais forte.
- Você está sagrando! - o garoto disse se aproximando do rapaz.
- Ah, não é nada. Eu sou Henry - ele disse para Joel e Ellie. - Este é o Sam. Achei que seu nome fosse Joel.
- Ellie. - ela disse se apresentando.
- Quantos estão com você? - Joel perguntou.
- Todos mortos. - Sam respondeu, mas Henry o cortou.
- Ei, não sabemos disso. Tinha vários. Alguém teve a brilhante ideia de entrar na cidade, procurar suprimentos. Aqueles idiotas estavam de tocaia. Nos dispersaram. O que importa agora é sair dessa merda.
- Podemos nos ajudar. - Ellie disse e Joel interviu. - Segurança em números e tal.
- Ela está certa. - Henry concordou. - Podíamos nos ajudar. Temos um esconderijo perto daqui, seria mais seguro conversar lá.
Joel cedeu. Não porque acreditava que daria certo, por mais que acreditasse, mas por Ellie. Queria que ela se sentisse útil de certa forma, queria dar uma chance.
Henry era negro e alto, mais alto que Joel. Aparentava não ter mais de vinte anos. Sam era seu irmão mais novo, parecia ter a idade de Ellie, talvez um pouco mais novo. Não eram pessoas ruins mas Joel não confiava. Sam se desculpou pela arma. Disse que eram de Hartford. Era um lugar horrível, Ellie sabia disso. Os militares abandonaram a zona de quarentena e era tão exposto quanto qualquer lugar do lado de fora. Por esse motivo eles fugiram.
Durante o caminho até o esconderijo, eles entraram em uma velha loja de brinquedos. Os caminhões doa caçadores passavam por alí e eles tinham que abaixar o tempo todo para não serem vistos. Sam avistou uma miniatura de robô azul e se interessou. As crianças daquela época não sabiam muito bem para quê serviam os brinquedos, e por ter crescido durante a epidemia, Henry também não.
- Sam, o que está fazendo? - Henry disse quando viu o menino com o boneco na mão.
- Nada.
- Joga isso fora.
- Minha mochila está praticamente vazia.
- Qual é a regra sobre pegar coisas?
- Mas Henry, está muito leve...
- A regra. Qual é?
- Só pegamos o que precisamos. - ele disse jogando o brinquedo no chão.
- Isso mesmo, agora vamos.
Ellie observou a situação. Não achava justo. Sam não tinha culpa de ter nascido naquele tempo, assim como ela também não. Mas isso não significava que não poderia se divertir.
Entraram em alguns prédios até Henry usar uma chave para abrir uma porta de madeira enorme.- Chegamos. Bem vindo ao meu escritório. - Henry disso com a voz modificada.
Era realmente um escritório antigo, de dois cômodos. Perfeito como esconderijo.
- Quanto tempo estão aqui? - Ellie perguntou.
- Alguns dias. - respondeu Sam. - Mas achamos um pouco de comida.
Ele levou Ellie até o estoque de rações. Joel e Henry estavam perto da janela.
- Mirtilo, achei un estoque deles. Quer un pouco? - Henry perguntou para Joel.
- Não.
- Ei cara, relaxa. A gente está seguro
- E por que não foram embora?
- Esperando a oportunidade certa.
- E?
- Dá uma olhada nisso. - ele caminhou até uma outra janela. - Olha esses filhos da puta.
Caçadores tomavam conta da entrada de uma zona abandonada. Tinham vários deles. Era impossível sair dalí vivo. Todos os dias eles se reuniam alí, protegendo a ponte, mas à noite só sobravam os esqueletos. Henry sabia, estava os observando.
- Depois do pôr do sol, é a nossa chance. Sem a maioria deles, passamos sem que nos vejam.
- Talvez dê certo. - Joel disse.
- Vai dar certo. Com certeza vai.
Uma risada no fundo da sala lhes chamou atenção. Era Ellie, junto de Sam. Brincando de atirar comida para o alto e tentar acertar na boca. Estavam se divertindo.
- Uau! - Henry disse. - Já faz um tempo que aquele garoto deu um sorriso. Ela nem parece incomodada com tudo isso.
Mas Joel estava distraído. O sorriso de Ellie lhe encantava e o som da sua risada dava uma sensação incrível de paz. Não se sentia assim há muito tempo.
- Onde estão indo? - Joel perguntou.
- Ouvi falar que os Vagalumes tem uma base no oeste. Vamos nos alistar com eles. - Henry disse se sentando.
Joel riu, se sentando também.
- É engraçado?
- É que parece que tem muita gente apostando tudo nos Vagalumes ultimamente.
- Talvez tenha um motivo para isso.
- Então não sabe onde eles estão e vai arrastar ele pelo país para encontrá-los?
- Vou te dizer uma coisa: quem sabe eu me preocupo com meu irmão e você com a sua garota?
- Calma. Também procuramos os Vagalumes.
Henry parou. Pareceu pensar um pouco antes de tirar um papel do bolso. Era um pedaço de um mapa com dois pontos traçados.
- Estamos aqui. Tem uma estação de rádio militar abandonada, saindo da cidade. Os sobreviventes do nosso grupo tem que nos encontrar lá amanhã. Se você e sua garota quiserem vir junto, vai ser esta noite.
- Então acho melhor descansarmos.
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The Last Of Us - Os Últimos De Nós
De TodoVinte anos após a epidemia do virus cordyceps tomar conta dos Estados Unidos, Joel e Tess lutam para sobreviverem entre militares e infectados. Afim de recuperarem seus armamentos, os dois são enviados pelos rebeldes Vagalumes numa missão: levar a p...