Capítulo 5

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Assim que respiro por dois segundos após sua partida, pego o telefone apressadamente e o encaro por alguns segundos. Sinto-me pressurosa demais, mas não posso evitar a necessidade por uma justificativa. Então digito:

Rosa: Você foi embora, e me deixou completamente desestruturada. Eu não entendi nada, o que foi aquilo?

Willi: Oi!

Rosa: ???

Willi: Não se preocupe, talvez seja melhor você não saber, eu não sei se vai entende... ou se eu for tentar te explicar, é melhor que não seja pelo telefone.

Rosa: Certo! Retorne amanhã então.

Willi: Não é uma boa ideia. Vamos nos encontrar em outro lugar.

Rosa: Onde?

Willi: Bb01 rua sete. É no salão do módulo.

Rosa: Ok

Willi: Amanhã, me desculpe por qualquer coisa.

Rosa: Como assim?

Alguns minutos se passam, sem que eu receba uma resposta. Deito-me na cama então sem conseguir focar no descanso. Esperava que em algum momento a garota tão fugaz e inesperada na minha vida se pusesse a me explicar o que se passa, ou que pelo menos esclarecesse que tudo não se passava de uma brincadeira de incrível mau gosto. Não posso evitar o aborrecimento, ou o pandemônio que acaba por ocorrer em mim. Por mais que Willi - este nome que me faz querer rir - seja mera desconhecida, meus pensamentos têm sidos lançados à suas feições diferentes e tão-somente belas. Consulto o celular algumas vezes esperando que algo tivesse sido dito, mas coisa nenhuma.

-

Ouço o painel apitar. Levanto-me e me prontifico de vestir o uniforme com certo desânimo. Enquanto escovo os dentes, reflito sobre o que eu não sei. Crio algumas hipóteses, que talvez envolvam o fato de eu estar aqui, o de eu sentir uma aproximação muito díspar de Willi, já que todas as pessoas por aqui são atipicamente frias. Não que em Mu elas também não fossem, mas talvez pelo fato de eu estar sozinha agora, isso soa bem mais insociável e esquisito. Também tento relacionar isso ao homem no metrô, que pareceu por um momento ser diferente de todos a que eu estou acostumada. Outra coisa que também me perquire são os exames na minha chegada. A relação tão afável dos meus pais no meu último dia com eles. Não sei. Esses pensamentos têm invadido meu raciocínio. Não pude dormir muito bem, já que permaneci angustiada toda a noite.

Faço todo o meu caminho, quieta e instigada. Eu percebo que me esqueci de perguntar o horário do encontro, então no metrô mando mais uma mensagem:

Rosa: Que horas?

Alguns minutos depois sinto o celular vibrar, então o pego novamente.

Willi: 19h, após o expediente.

Rosa: Vamos juntas?

Willi: Não! Te encontro lá!

Rosa: Tudo bem

Willi: Tenha um bom dia!

Não respondo. Talvez seja justo, ou infantil devolver a ausência de resposta. Mas no fundo sinto que não fará diferença.

Na cúpula, pego a planilha do dia, e multifário entre aguar algumas espécies e adubar outras. Os afazeres não me limitam a ler algumas indicações e me encantar pelo desenvolvimento de determinadas espécies. Fiquei por horas lendo a respeito da Caladium bicolor – tinhorão – antes tão venenosa, se encontrava ali sem o oxalato de cálcio, podendo ser usada até mesmo na composição de uma salada, e altamente recomendável na alimentação humana. Isso era incrível! – Mas quem ousaria come-la tendo na memória o risco de morte por sufocamento após a ingestão da mesma?

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⏰ Última atualização: Feb 06, 2017 ⏰

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Rosa AtrozOnde histórias criam vida. Descubra agora