Verdades. (Capítulo 11.)

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Eu paralisei quando ouvi Edward perguntar isso.

- Como assim mentiu sobre minha mãe? O que você quis dizer com isso, Edward? - falei olhando pra ele. -

- Eu acho melhor você perguntar a ela. - Edward falou. -

- Não, você vai me falar exatamente o que você quis dizer com isso. - falei começando a ficar com raiva. -

- Bom, você precisa se controlar, não queremos nenhum incidente, não é? - ele falou. -

- Ok, vou tentar, prometo. - falei. -

- Ok. Ela disse que sua mãe tinha passado lá e estava meio que fugindo, não é? - concordei com a cabeça. - Mas isso é meio que mentira, ela encontrou sim com sua mãe, mas foi no meio do caminho para cá. Ela já vinha pra cá, entendeu? Ela teve a visão e veio pra cá. Encontrou com sua mãe no meio do caminho e sua mãe a salvou de ser capturada também. Então sua mãe mandou ela lhe procurar. - ele falou. -

- Então quer dizer que minha mãe estava aqui por perto? - perguntei esperançosa. -

- Não sei, Pez, não consegui ver direito o lugar onde elas estavam na mente dela, só consegui ver isso que te contei. - ele falou sincero. -

- Ok, entendo. Tudo bem, eu vou falar com ela quando ela acordar, obrigada Edward. - sorri. -

Todos voltaram a fazer suas coisas e eu fiquei quieta um pouco, parada encostada no pilar da parede olhando pra janela enorme de vidro. Marie tinha mentido pra mim e bem na minha cara, coisa que ela nunca tinha feito em toda a vida e eu perguntava se isso tinha um motivo ou não, me perguntava como ela conseguiu me enganar. Acho que me deixei levar pela emoção de vê-la e deixei os sentimentos subjugarem o que era o certo. Obviamente todos perceberam que ela estava mentindo, porque enquanto Edward falava, todos me olhavam com cara de pena, o que é simplesmente a coisa que eu mais odeio. Respirei fundo e sai, o sol estava começando a se pôr e eu fui olhar pelo lado de fora, ele sempre me trazia paz e eu precisava pensar um pouco sozinha, sem vários pares de olhos dourados me vigiando. Sai pela porta da frente e fui andando distraída, eu sabia que eles estavam me olhando sair, mas acho que pela postura do meu corpo e os gritos no meus pensamentos que deixei Edward escutar que eu não queria companhia. Voltei a mesma clareira, ou fui atraída até lá, porque não lembro de fazer o caminho dela, mas quando percebi, já estava aqui, usei das minhas novas habilidades recém adquiridas e subi uma das árvores e me sentei no topo, abracei o meu corpo e fiquei olhando a imensidão vasta do céu sendo tingida de cores entre os variados tons de laranja e vermelho, enquanto o sol se punha entre as nuvens. Mamãe estava viva, isso a Marie não tinha mentido, ela mentiu sobre a visão, então não sei se o que ela viu é verdade ou não. Agora me restava saber onde mamãe tinha se enfiado, se ela ao menos me mandasse um sinal, uma mensagem, qualquer coisa que me fizesse saber aonde começar a busca por ela, respirei fundo e toquei no colar, ela sempre estava com ele. Senti meus olhos encherem de lágrimas e me permiti chorar um pouco, durante toda essa confusão eu me fiz de forte, mas o que eu mais queria realmente era um colo pra poder chorar.

- Acho que não seria bom você ficar aqui muito tempo, está ficando tarde. - Edward falou aparecendo ao meu lado. -

- E eu acho que deixei bem claro que não queria ser seguida. - falei enxugando os olhos com as mãos. -

- Desculpe, não podia deixar você sozinha, fiquei preocupado. - ele falou. -

- Eu sei, pelo menos você demorou a me interromper. - falei. -

- Então você sabia que eu estava aqui? - ele perguntou sorrindo. -

- O tempo inteiro. Obrigada por isso e obrigada por ter me dito a verdade sobre a Marie. - falei. -

- Sem problemas, eu sempre irei dizer a verdade a você, você merecia saber. - ele falou sentando ao meu lado. -

- Minha vida era fácil Edward, fora as viagens loucas e constantes com mamãe, a minha vida era normal, calma. Eu era uma adolescente comum, revoltada com a vida. - sorri fraco. - Gostava de ficar o dia em casa assistindo filmes ou séries no computador, ou lendo livros. Gostava de ver o sol se pondo e o sol nascendo, as vezes mamãe até via comigo. Nunca namorei, nunca liguei muito pra isso, então acho que nesse ponto eu não era tão comum assim. - ele sorriu. - Mas minha vida tinha um ritmo, e eu gostava disso. Então, do dia pra noite tudo mudou, uma trilha comum de todo final de semana, se tornou um pesadelo, mamãe desapareceu, eu descobri que sou uma vampira e que tenho poderes e por causa deles meu pai morreu, minha mãe está em perigo e eu corro risco de vida. A única coisa boa de tudo isso é que eu vim parar com você e eu conheci você, o garoto que estava atormentando meus sonhos há algum tempo. - sorri olhando pro céu com o orvalho da noite se formando. -

- Garoto dos seus sonhos? Como assim? - ele perguntou interessado. -

- Antes de tudo isso acontecer, umas duas semanas antes eu sempre tinha o mesmo sonho, o que eu achava que se tratava de um pesadelo. O sonho sempre começava comigo perdida numa floresta, andando de um lado pro outro, e meu corpo inteiro doía, minha garganta estava sempre queimando e mamãe não estava comigo, então você aparecia, quase da cor de gelo, com seus olhos dourados, quase da cor de um caramelo e chamava alguém e depois disso eu sempre acordava. Era frustrante acordar, porque eu nunca conseguia entender o que significava e nem quem você chamava. Então quando mamãe me mandou fugir e me esconder e eu fiquei vagando na floresta, foi como se meu sonho tivesse se tornando realidade, então você apareceu e chamou por Carlisle e eu desmaiei. - falei. -

- Pez, será que em vez de sonho, você não teve uma visão? - ele perguntou curioso. -

- Não sei se isso é possível, parecia tanto sonho. - falei olhando pra ele. - Será que é possível eu ter visões dentro dos meus sonhos? - perguntei. -

- Não sei, acho que sim, só falando com Carlisle pra saber. - ele falou. - Fico feliz em ter sido o garoto dos seus sonhos e em ter encontrado você naquele dia na floresta.

- Parece tão distante esse dia não é? E não se passou nem uma semana direito. - falei suspirando. - Também fiquei feliz. Lembro que nas primeiras vezes em que sonhei, fiquei muito brava, porque não conseguia ver seu rosto direito e tinha raiva em saber que eu amava a cor dos seus olhos, mas não conseguia saber se iria amar o seu rosto também. - falei sorrindo. -

- E depois que você viu meu rosto, você amou o conjunto? - ele falou sorrindo. -

- Um pouco, até ficar agoniada com o mesmo sonho todas as noites, as vezes eu achava que sonhava acordada, porque do nada eu conseguia ter o mesmo sonho e nem lembrava que tinha dormido. Acho que sonhei com você no meu segundo dia aqui, quando eu queimei todas aquelas árvores no meu primeiro descontrole. - falei olhando novamente pro céu. -

- Porque você acha que sonhou comigo? - ele perguntou. -

- Porque novamente eu não vi o rosto, mas eu reconheci a sensação do sonho quando você me ajudou a ficar em pé, fogo contra gelo. No sonho, quem estava deitado do meu lado na campina, tinha o corpo frio, como uma pedra de gelo, e meu braço era quente como fogo encostado no seu, mas a sensação era boa, era tranquila, me deixava em paz. - sorri. - Você me deixa em paz. - sorri olhando pra ele. -

- Você também me deixa em paz, Pez, como algum tempo eu não me sinto...

Ele falou sorrindo pra mim, fechei os olhos e inspirei o doce perfume das árvores, e então senti os lábios gélidos de Edward tocarem os meus, fogo contra o gelo, senti que poderia me perder exatamente ali, naquela sensação.

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