[...]
- É sério, levem ele. Ele não tem nada a ver com isso!! - Acordei ouvindo a voz de alguém suplicando aos prantos. Fui abrindo o olho lentamente, minha cabeça ainda latejava. Droga! Tentei levar as mãos a cabeça em vão e somente quando iria questionar tal fato, percebi que também não podia falar. Que diabos??!Olhei finalmente para o lado e pude ver a dona da voz que continuava a lamentar.
Tinha cabelos loiros longos, vestia um sobretudo vermelho e reparei que apesar de tudo ainda continuava com o salto. Voltei meu olhar para onde ela estava olhando. Haviam 2 pessoas com capuz e máscaras pretas. Armados. E a mulher continuava alegando que não sabia de nada. Céus, o que eu estava fazendo ali?!
Melhor pensar em como sair daqui. O que é praticamente impossível com as mãos amarradas. Além do fato de que já seria difícil ficar em pé, quem dirá reagir a caras armados.
Não entre em pânico Cadu. Para algo tinha de servir tantos seriados, mas eu não via nenhuma droga de clips ali por perto, nem nada do tipo. Ok, isso não é nenhum seriado.- Onde ele está?! - Ouvi a voz mais grave tornar a perguntar
- Eu já disse, não sei.
- Ok. Vamos refrescar sua memória. - Ele pegou uma faca e se aproximou dela - Acho melhor você começar a falar...Ou podemos fazer alguns jogos internos por aqui.
Eu precisava mesmo sair dali.
A essa altura duvidava que a minha dor na cabeça ainda era pela ressaca.
Enquanto ela seguia negando suas perguntas, ele fazia cortes em seu braço. O suficiente para ela sentir dor e começar a perder suas forças. Ao que pude notar, estava quase desmaiando. Com toda certeza aqueles gritos nunca sairiam da minha cabeça, se é que eu sairia dali.
Voltei a procurar algo afiado para tentar então cortar o que me prendia, até me lembrar de que a sobrinha do Heitor era viciada em grampos de cabelo. Tinha que ter um em meu bolso. Afinal, poucos dias atrás ela estava comigo.
Tateei o mínimo que conseguia com os dedos no bolso da capa e pude notar algo metálico em meu bolso. Por favor seja um grampo!
Me inclinei um pouco para o lado a fim de pegar o que esperava ser um grampo em meu bolso e...Maravilha.
Agora é só manter a calma, se concentrar...e...isso!
Após conseguir abrir a algema, peguei o primeiro objeto que vi na minha frente, tirei a fita da boca e lancei o objeto para o outro lado do depósito, sem que os outros ali presentes me vissem arremessando. Como consequência o barulho prendeu a atenção deles.
- Silêncio. - Ouvi um deles dizendo, antes de mandar o outro ficar de olho em nós e ir ver o que estava acontecendo no outro lado do depósito.
No momento em que a mulher me viu e percebeu que ela poderia acabar fazendo eles perceberem minha presença, já era tarde. Então acertei o homem em cheio com uma cadeira e o mesmo caiu desmaiado. "Continue agindo Cadu. O tempo está contra você. Anda!!" era o que minha mente não parava de gritar.
Abri a algema da mulher em minha frente, com muito custo, usando o grampo. Ela, em retribuição, fez o máximo que pode para sair dali com agilidade.
- Vem, eu acho que vi uma janela. Por aqui! - Assenti, agradecido e a segui.
Andamos com cautela (correndo desesperadamente para dar o fora dali) e, por sorte, encontramos a tal janela, saindo dali em disparada pela mata.
- AAI!! - ela gritou ao se debater nos galhos enquanto corria
- Cuidado porra! Vai chamar a atenção deles!
- Meio difícil, está coberto de árvores e espinhos. Ah, que seja! Me desc.. - percebi que havia alguém correndo atrás de nós
- NÃO FALA NADA, SÓ CORRE!! - falei interrompendo sua fala.
[...]
Não sei a quanto tempo já estávamos correndo, mas no mínimo, uma meia hora. Ela seguia na frente e ambos já estávamos exaustos. O que fez com que quem estivesse atrás de nós se aproximasse, tendo uma breve visão nossa.
- AH NÃO! - Ela parou à minha frente e suspendeu o braço nas pernas, começando a arfar devido a corrida.
- Que foi? - Perguntei enquanto estava me aproximando dela.
- Não dá para continuar. Tem um precipício aqui!
- Vamos ter que dar um jeito de descer aí. Podemos nos esconder deles lá embaixo. - Falei enquanto reparava a quantidade de arbustos e selva fechada que continuava lá embaixo - Ta vendo aquela pedra? - Ela assentiu meio insegura - Tenta chegar lá enquanto eu seguro seus braços daqui.
- Tá, espera.
- Que foi?
Ela rasgou um pedaço do casaco e jogou para o lado, ao mesmo tempo que marcava o passo, para assim desviar eles do caminho. De duas uma, ou eles pensariam no óbvio, que estávamos despistando eles e assim seguiriam para a esquerda, ou seguiriam pela direita, achando que realmente ficamos enroscados ali devido ao susto ao nos depararmos com o precipício e estarmos com pressa para fugir deles. Porém, em nenhuma das alternativas eles estariam certos, então teríamos um tempo para descansar.
- HEY!!! Me ajuda aqui! - Foi aí que reparei a mulher já posicionada na beira do precipício e me repreendi por ter desperdiçado parte do pouco tempo que teríamos para descansar. Isso se ainda teríamos, caso eu não me agilizasse para sairmos dali logo.
Fui até ela e ao segurar sua mão, ela saltou e eu saltei com ela.
-TA MALUCO??! Você é doido! Porque fez isso?!
- Para de gritar antes que eles te escutem e isso tudo tenha sido em vão. Temos que nos esconder logo. Acha que consegue caminhar?
- Dou um jeito, vamos por ali.
Seguimos correndo mata adentro e nos abaixamos atrás de alguns arbustos, permanecendo em silêncio.
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I'm With You
RomanceE se um dia de trabalho não for apenas um dia de trabalho? E se a pessoa não te da bola? A vida de Cadu está na mesma de sempre, e ele resolve parar de questionar e aceitar. Seria ''O Fim''? Ou seria apenas um começo? Desistir? Acho difícil. Recome...