I'm With You

Capítulo 15

Heitor Narrando:

Aos poucos fui recuperando minha consciência e ao que as imagens vieram a minha cabeça já senti meu corpo se agitar em repulsão. Isso não podia ter acontecido. Não após tanto tempo. Daria certo. Teria dado! Droga de cabeça Heitor!
Meus pensamentos em conflito me levaram a um ano atrás, quando estava em Londres e acabei indo ao Hard Rock Cafe London que passava por algumas reformas. E tais fatos me levaram a encontrar sua mesa. A moça que voltava o olhar para si, cabisbaixa.
E foi aí que tudo mudou. Ao encarar seu olhar de Medusa não pude mais retraí-los.
Passamos a conversar constantemente, dia após dia. Notando coisas em comum, muitas coisas em comum. Compartilhando sonhos, frustrações..até nos darmos conta de que havíamos nos envolvido demais.
Acabei ficando mais tempo em Londres e me envolvi pra valer com ela. Altas e longas noites perdidas em seu ou meu apartamento, até que me deparei com a realidade e sua verdadeira personalidade.
Com sorte a tempo. Com azar por não ter sido com outra, mas por amor ao que mais protejo diante de tudo e qualquer coisa que possa ameaçar.

Cadu Narrando:

PUTA MERDA! OUTRA VEZ DE NOVO NÃO! Que merda foi que fiz dessa vez??! Aliás, NÃO FIZ PORRA NENHUMA DE ERRADO EM NENHUMA DAS VEZES.
- VAI SE FODER! – falei no tom mais alto sem nem perceber, antes mesmo de abrir os olhos e encarar a realidade.
Ter ficado inconsciente mais uma vez já era ruim. Péssimo!
Agora, abrir os olhos e dar de cara com meu melhor amigo, basicamente um irmão, na minha frente era muita sacanagem. Não era nessa vida mesmo que eu teria sorte.
Heitor se encontrava não amarrado, mas acorrentado a minha frente.
E pelo que pude ver fora além de acorrentado, torturado!
Que tipo de gente faz algo assim??
- Precisa dormir mais ou vai ficar quieto dessa vez? – virei o olhar o máximo que consegui após ouvir uma voz masculina vinda de trás. – A não se preocupe, dessa vez cuidei para que você fique bem firme. – comentou percebendo que eu não podia vê-lo e em seguida ouvi seus passos vindos em minha direção. – Está lembrado de mim não está? Caso contrário não haveria emoção. – me perguntou já parado em minha frente.
É claro que me lembrava dele. O mesmo cara que aterrorizou meus pensamentos durante todo esse tempo, temendo que eu fosse capturado novamente. O homem que havia sequestrado eu e a Quémi.
Não me arrependo de nada que disse!

É claro que não falei. Estava com medo o suficiente para não fazer isso.
- Se eu fosse você pensava melhor antes de dizer algo. – Ouvi novos passos se aproximarem – Já foi bom o bastante não te acorrentarem como o outro.
- Tenho nome – Ouvi Heitor resmungar e cuspir ao lado de seu corpo.
- Não importa. Eu ainda não acabei com você, espere sua vez.
E em seguida o homem se aproximou da pessoa que estava mais afastada, voltou e jogou um celular em minha frente.
- Pediu para que eu lhe mostrasse isso – falou acenando para trás.

Quémi.

Não dava para ver o corpo todo, mas tinha certeza. Era ela.

- O que fizeram com ela??! – perguntei aflito, temendo que estivesse inconsciente também. Ela vinha em nossa direção quando fomos pegos, teria sido pega também? Ou fugiu e chamou ajuda?

Sinceramente,  torcia pela segunda opção.

Quémi não aparentava estar machucada na foto e o lugar em que estava era até bonito, mas duvidava que essas pessoas fossem capazes de fazer o bem a alguém. E a parte do corpo que não estava visível deixava aberta a imaginação, me fazendo pensar nas piores coisas que podiam ter feito com ela.
Voltei a olhar para frente e vi que o homem, ainda mascarado, ria.
Os passos atrás de mim voltaram a avançar, mas dessa vez mais firmes, determinados. Até pararem na minha frente.
- Bom saber que ainda se preocupa comigo – Subi o olhar para a voz que até antes tinha um som abafado, mas que agora eu reconhecia. Quémi. Ao mesmo tempo em que encontrei seus olhar ela me deu um sorriso cínico - Lamento, mas não posso dizer o mesmo de você. Mas quem sabe se torne útil hein? Demonstrou que se preocupa comigo, pode até trabalhar comigo. Seria útil ter mais um ajudante.
- Cale a boca ele não tem nada a ver com isso Camila – Me surpreendi ao ouvir Heitor chamando-a pelo nome. Eles se conheciam?
- Vai à merda Heitor! Como eu ia dizendo, podia te dar essa chance de trabalhar comigo, mas vou acabar com isso hoje, então não será necessário. – Ela voltou o corpo para o Heitor – Ou você prefere de outro jeito?