Chapter 18

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27 de junho, 2017

Plena terça-feira à noite e eu me encontro sem saber o que fazer da minha vida.

já faz um pouco mais de uma semana desde que Dylan e eu resolvemos nos envolver em um relacionamento sério. Tudo está indo bem entre nós, mas eu não o vejo desde anteontem quando ele me trouxe para casa após temos saído para jantar, pois ele não foi para a escola ontem e nem hoje por motivos que eu ainda não descobri, mas os quais estavam me deixando completamente preocupada. Juro que não sou uma namorada grudenta ou perseguidora, sério, qualquer um no meu lugar estaria preocupado também.

Só trocamos algumas mensagens falando sobre o básico durante esses dois dias, o que me ajudou a saber que ele ainda está vivo. Foi quando me veio a ideia de ligar para ele e foi exatamente o que eu fiz. Como não pensei nisso antes?

- Mia? - Atendeu ele no segundo toque.

- O que está acontecendo com você? - Lancei frustrada.

- Em que sentido?

- Você faltou dois dias seguidos da escola e leva um ano para responder minhas mensagens. O que está acontecendo? - Termino de dizer e ouço Dylan soltar um suspiro pesado do outro lado da linha.

- Desculpa não ter falado nada, é que desde domingo à noite eu não venho conseguindo dormir, é só fechar meus olhos que os pesadelos já aparecem e eles estão ficando cada vez mais assustadores, eu simplesmente não consigo mais dormir e o pior é que eu estou muito cansado - Ele dizia preocupado e eu podia notar a tensão em sua voz.

- Isso já está ficando mais sério do que deveria, por que você não vai ao médico?

- Não acho que seja necessário. Vou fazer aquele seu chá que você me ensinou e quem sabe já ajuda - Respondeu não me convencendo.

- Dylan...

- Mia é sério, está tudo bem, esses pesadelos devem ser psicológico, se eu esquecer deles talvez eu consiga dormir - Falou calmo em uma tentativa de me despreocupar e suspirei incomodada.

- Só quero te ver bem - Disse sincera.

- Fica tranquila quanto a isso - Me respondeu com a voz doce.

- Te vejo amanhã na escola? - Quis saber, eu sentia muita falta dele.

- Com certeza.

- Até amanhã então Dyl.

- Até amanhã Mia - Respondeu calmo e finalizei a ligação.

Seria exagerado eu dizer que devo estar mais preocupada do que ele? Porque é o que está parecendo.

Não é normal alguém passar dias em claro, ter pesadelos constantes e até sonambulismo, tudo de uma vez. Mas parece que Dylan nem está se importando com isso, como pode?

Tentei focar na sua voz dizendo que está tudo bem e fui me deitar para dormir. Seja lá o que ele tenha, amanhã eu descubro melhor.

Pov. Dylan O'Brien

- Onde está o Paulo? Onde está meu marido? - Perguntava ela desesperada enquanto saía do seu quarto de hospital e ia em direção aos corredores onde não havia ninguém por perto.

- Ele já vem mamãe, a senhora precisa voltar para o seu quarto - Eu falava calmo tentando me aproximar, mas a mesma me olhava aterrorizada tentando me manter longe dela.

- Não me chame assim, você não é meu filho, você é um monstro - Papai havia me contado que as vezes minha mãe não se lembraria de mim, mas mesmo sabendo que não era proposital suas palavras me machucavam.

- Está tudo bem, vamos voltar para o seu quarto que logo o seu marido já volta - Tentei parecer calmo enquanto a seguia, a mesma se direcionou até a porta onde dava entrada para o terraço do hospital.

- Eu não vou voltar pra lá, fique longe de mim, você não vai me matar, seu monstro - Ela berrava se afastando e então parei de acompanhá-la, sentindo as lágrimas invadirem meus olhos. Por que ela estava me tratando assim afinal?

- Erin o que você está fazendo? - Gritou meu pai aparecendo e encontrando minha mãe andando em direção a uma área sem proteção. Ela iria tentar se jogar de lá?

- Paulo, aquele... aquele menino, ele quer me matar, não deixe ele chegar perto de mim - O pior era o olhar que ela me lançava. Um olhar de medo, pânico e repulsa.

- Querida ele é só uma criança, ele é o nosso filho, venha, vamos voltar para o seu quarto - Meu pai dizia indo em sua direção e tentando acalma-la.

- EU NÃO TENHO UM FILHO - Gritou minha mãe agora correndo em minha direção - Você é um monstro - Se aproximou de mim me acertando várias sequências de tapas.

- Mãe para com isso.

- Erin para, ele é só uma criança.

- Ele vai me matar, é tudo culpa dele - Continuou me batendo e eu só conseguia chorar.

Acordei em um pulo, assustado e logo senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Foi só mais um sonho ruim, que na verdade parecia mais com uma memória.

O que está acontecendo comigo?

Olhei ao meu redor e notei estar sentado no chão do meu banheiro. Além dos sonhos ruins eu também venho tendo sonambulismo nas vezes em que consigo dormir.

Eu já nem me lembro mais quando foi a última vez em que consegui dormir de verdade. Quando estou acordado tenho alucinações, quando estou dormindo fico sonâmbulo junto com uma onda de pesadelos que invadem meus sonhos. O pior é que nem sou eu quem controla a hora de acordar, é uma sensação horrível e isso está ficando cada vez mais fora de controle.

Talvez Mia esteja certa e eu deva mesmo ir ao médico.

Ou talvez eu deva esquecer que terei um pesadelo todas as vezes em que eu fechar os olhos e tentar dormir.

E se isso tudo for causa do estresse ou da pressão que os adolescentes sentem quando estão no último ano escolar?

Pode ser exatamente isso e talvez eu só precise de férias, certo? Falta pouco até julho, acho que posso esperar para ver, desde que nada piore e faça com que meu pai tome alguma decisão por mim.

Mas agora, pelo visto acho que vou ter que passar mais uma noite em claro. Duvido muito que eu consiga voltar a dormir depois desse sonho.

Unsteady (Dylan O'Brien)Onde histórias criam vida. Descubra agora