Pov. Tyler Posey
Já eram 17 horas quando cheguei no hospital para ter certeza de que Dylan estava por aqui.
O que é bem provável com base no que conversamos hoje de manhã e também, porque ele não atende o celular.
Eu já vinha o observando a um tempo com um comportamento estranho. Ele andava estressado e ansioso, fora sua feição de cansaço que fica mais evidente a cada dia que passa, isso era notável de longe. Ele não estava bem e tive ainda mais certeza depois do que ele me contou mais cedo.
Caminhei pelos corredores lendo as fichas dos pacientes que ficavam penduradas ao lado da porta de seus quartos, fui olhando uma por uma, até que encontrei a de Dylan. Peguei a mesma para ler e me surpreendi com os sintomas listados.
"Paciente: Dylan O'Brien
Sintomas: Alucinações. Impulsividade. Irritabilidade. Insônia Aguda."
Preocupado após ler aquilo, olhei pelo vídro da porta - o qual me dava visão de toda a parte de dentro do quarto - e vi o corpo de Dylan deitado na cama. Ele dormia tranquilamente e logicamente a base de algum sedativo. Senti uma pontada no peito ao vê-lo nessa situação, tenho a sensação de que as coisas estão mais sérias do que deveriam estar.
De relance vi minha mãe entrar em uma sala com o pai de Dylan logo atrás, ambos com um semblante preocupado em suas faces. Obviamente foram conversar sobre o caso do meu amigo.
Me aproximei da porta sem ser notado, para ouvir a conversa. Por algum motivo meu coração estava muito acelerado, como se eu fosse uma criança curiosa prestes a ouvir uma conversa particular entre adultos.
Tirando o fato de eu não ser mais uma criança, o resto era verdade.
- "O paciente está irritado, impulsivo, tem sonhos vividos. Incapaz de diferenciar realidade da fantasia. Insônia aguda." - Escutei minha mãe ler de uma ficha de outro paciente, porém, eram os mesmos sintomas que Dylan vinha apresentando.
- Foi antes de seda-lo - Continuou minha mãe após fechar aquela ficha e notei que na mesma tinha em letras grandes a palavra "Orbito" carimbada. - Fiz algumas perguntas a ele. Apenas sintomas e... sim - Terminou de dizer com a voz quase inaudível aos meus ouvidos.
- Tudo bem - Respondeu Paulo com um semblante triste - Acho que sei do que você está falando - Disse ele, tirando um bloco de notas do bolso de sua calça - Escrevi isso nas últimas semanas - Terminou de dizer entregando-o para a minha mãe.
Após ler o que estava escrito lá, ambos ficaram em silêncio por alguns segundos se entreolhando. Foi então que Paulo voltou a se pronunciar.
- Acho que precisamos marcar alguns exames.
E foi então que a realidade caiu sobre mim e tudo começou a fazer sentido.
Aquela ficha na mão da minha mãe, era a ficha da mãe de Dylan.
Os sintomas que ela apresentava são os mesmos que ele tem apresentado nos últimos dias.
Eles acham que Dylan está com a mesma doença a qual matou sua mãe.
Me afastei daquela sala e corri em direção a saída. Minhas mãos estavam trêmulas e eu podia ouvir as batidas do meu coração em bom som.
Não consigo acreditar que isso esteja acontecendo.
Não consigo acreditar que isso esteja acontecendo com meu melhor amigo.
Será que ele sabe? Será que ele sabe o que está acontecendo com ele e talvez seja por isso que ele não quis vir ao médico antes?
Devo contar a ele o que eu descobri? Devo contar a Luci para que ela me ajude a decidir o que fazer? Devo contar a Mia sobre o que o namorado dela vai enfrentar daqui pra frente?
Não!
Embora seja o certo a se fazer, eu vou ficar calado. Como quem não sabe de nada.
Até porque não é certeza ainda, e isso é um problema o qual o Dylan vai querer contar aos amigos. Eu não posso tomar a frente e sair dizendo algo que nem sequer foi confirmado.
Seja lá o que o pai de Dylan resolva fazer sobre isso, uma hora nossos amigos vão descobrir, então que seja pela boca do próprio.
Sinto lágrimas preencherem meu rosto. Eu só não consigo pensar na possibilidade de perder meu melhor amigo. Ele é tão jovem, como isso é possível?
Eu sei que vivemos em uma linha instável na vida, e que a qualquer momento tudo nela pode mudar, tanto pra melhor quanto pra pior.
Mas agora só resta ter paciência e esperar, torcendo para que minha mãe e o senhor Paulo estejam enganados, e que seja apenas algum problema comum que 10 a cada 50 adolescentes enfrentam nessa fase da vida.
Não custa nada ter esperanças, certo?
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Unsteady (Dylan O'Brien)
Novela JuvenilPorque a vida pode atrapalhar todos os seus planos e expectativas dando um prazo de validade para ser feliz. Com tantas dificuldades implantadas no caminho desistir seria sua única opção, apenas se o amor não existisse nesses dois meios. Mas será qu...