14 de Junho, 2017
Pov. Mia Adiers
Um bom tempo já se passou desde o dia em que ajudei o Dylan com uma crise de pânico, embora o que eu fiz tenha sido meio esquisito, não ficamos estranhos um com o outro nem nada, na verdade, estamos cada vez mais próximos.
Já eram seis e meia da tarde de uma quarta-feira e eu estava voltando da casa de Luci. Eu havia passado a tarde toda lá por causa que minha mãe teria algumas coisas a resolver hoje e me pediu para não ficar sozinha em casa todo esse tempo, então como fazia tempo que eu não ia na casa da minha melhor amiga, aproveitei a oportunidade.
Não eram nem 19h mas o céu já estava escuro, foi quando notei que estava prestes a chover. Acelerei os passos e consegui chegar em casa bem na hora que começou a chuviscar. Antes de entrar, notei um carro estacionado na frente de casa, mas não reconheci de quem fosse. Abri a porta e pude ouvir vozes alteradas vindo da cozinha. Estranhei.
- Você não vai levá-la para viver com você e aquela mulher no mesmo ambiente - Notei ser a voz da minha mãe dizer, a mesma parecia um pouco exaltada. Cheguei mais perto para ouvir melhor o que estava acontecendo.
- Isso não é você quem decide, eu quero a minha filha comigo, e se eu precisar colocar a justiça no meio eu coloco - Ouvi agora a voz do meu pai e entendi o que estava acontecendo e onde ele queria chegar com isso.
- Lembre-se de que não fomos nós quem abandonamos você, muito pelo contrário - Minha mãe dizia e notei tristeza em suas palavras.
- Não se trata de nós e sim de eu querer minha filha comigo - Meu pai falou e estremeci. Não acredito que isso estava acontecendo.
- Mas você sabe se ela quer ir morar com você? - Respondeu ela sarcástica e vi que já era hora de eu me intrometer.
- Exatamente, você sabe se eu quero ir morar com você? - Falei entrando na cozinha e ambos me encararam assustados.
- Acontece minha querida, que não é você quem decide isso - Respondeu meu pai com ironia na voz e senti uma pontada de ódio começar a subir. Só pode ser brincadeira.
- Eu não sou mais criança, papai, já tenho idade o bastante para escolher com quem eu quero ficar - Falei cínica e ele riu.
- Você ainda é menor de idade, se eu entrar na justiça para conseguir sua guarda, eu consigo fácil, fácil - Ele dizia com um sorriso vitorioso e eu não conseguia entender o por quê disso tudo, por que logo agora?
- Não teria como você ganhar esse processo, a mãe dela sou eu - Foi a vez da minha mãe se pronunciar.
- Não seja inocente Sophia, você passa a metade do dia trabalhando fora, eu trabalho em casa, sem contar que a minha renda é bem maior que a sua. Do lado de quem a justiça ficaria? - Ele dizia com tanta convicção que me irritava, mas de certa forma ele tinha razão, meu pai é um empresário muito cobiçado, claro que a justiça ficaria do lado dele.
- Você não pode nos abandonar e depois simplesmente aparecer assim querendo infernizar minha vida. Sabia que eu tenho amigos aqui? Está tudo perfeito, eu não preciso de você agora, a única coisa que você me traz é desprezo - Falei deixando as lágrimas caírem por pensar na hipótese de ir embora com ele e fui em direção à saída de casa sem esperar sua resposta. Eu ouvia minha mãe me chamar mas não me importei.
Sai de casa sem rumo pelas ruas, a chuva estava muito forte, mas se misturou com as lágrimas que caiam pelo meu rosto sem parar. Eu não estava me importando nem um pouco se eu poderia ser atropelada a qualquer momento, ou se eu pegaria uma gripe forte depois que isso passasse. Eu só conseguia correr sem saber para onde eu estava indo, tudo pra não aceitar que meu pai voltou do nada para me levar de volta para um outro estado onde só tenho más lembranças, onde estarei longe da minha mãe e dos meus amigos. Era demais para aceitar, as coisas estavam indo muito bem pra ser verdade.
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Unsteady (Dylan O'Brien)
Teen FictionPorque a vida pode atrapalhar todos os seus planos e expectativas dando um prazo de validade para ser feliz. Com tantas dificuldades implantadas no caminho desistir seria sua única opção, apenas se o amor não existisse nesses dois meios. Mas será qu...