3 - C A M P

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Capitulo narrado por Blair 

Eu observava Arthur através do retrovisor, portanto pude capturar o exato momento em que ele abriu um sorriso simpático para mim assim que estacionou o carro em frente à escadaria de minha casa. Sorri para ele também, apenas em um ato gentil porque nenhuma parte de mim estava afim de sorrir naquele momento.

Eu me via esgotada de tudo. Dos meus pais super protetores, das pessoas superficiais, de casa, e principalmente, dos problemas que apenas aumentam com o decorrer dos dias. Arthur abriu a porta e se pôs para o lado de fora, me deixando sozinha dentro do carro. Eu sentia as minhas pernas fraquejarem e a minha cabeça chegava a latejar apenas por relembrar que meus pais ainda gostariam de ter uma tal conversa comigo.

- Lar doce lar, senhorita Collins. - Arthur falou, conforme abria a porta para mim.

O sorriso no rosto de Arthur quase chegava a me deixar animada. A real é que eu invejo Arthur por estar sempre de bom humor, com um sorrisinho sempre no rosto. Qual seria o seu segredo para estar sempre tão zen?

- Obrigada. - agradeci, me colocando para fora do carro.

Ao sair de dentro do carro senti um vento leve tocar o meu rosto, fazendo com que cada nervo tensionado do meu corpo instantaneamente se acalmasse. Eu inspirei fundo, trazendo um ar puro para os meus pulmões. Senti uma calmaria pairar sobre o meu corpo, como se cada problema que existia em minha vida há poucos segundos atrás houvesse simplesmente desaparecido, largado a minha vida, para que eu pudesse ter um único e curto momento em paz.

Fui desperta pelo barulho proporcionado pela porta do carro sendo fechada atrás de mim, fechei os olhos com força tentando manter a minha sanidade ainda comigo. Já era. Era tarde demais para tentar recupera-la. Era melhor nem olhar Arthur, era capaz de arrancar sua cabeça fora por ter me arrancado do meu único momento de tranquilidade.

Atravessei a sala principal, pisando firme com meus saltos no chão para informar a todos que eu havia chegado, para a imensa felicidade de cada um que circulava por ali. Minha cabeça latejava e eu estava prestes a retirar os saltos quanto ouvi a voz doce, porém rígida, de minha mãe ecoando atrás de mim. Sorri amargamente, lamentando-me por não ter conseguido adiar aquela conversa que eu nem sabia do que se tratava, mas esperava ansiosamente para que ela não existisse.

- Pedi para não demorar, Blair. - minha mãe dizia, com seus braços cruzados, me olhando de uma forma que eu quase não soube decifrar.

- Eu precisei passar na Columbia... - menti, caminhando devagar até mais perto dela.

- Sente-se, querida. - ela praticamente ordenou, apontando para o imenso e branco sofá à uma distância mínima de nós duas.

- E meu pai? - Questionei, sentando-me da melhor maneira possível no sofá, cruzando as pernas logo em seguida.

Torcia mentalmente para que Arthur não decidisse passar com as minhas compras por ali, eu já estava encrencada e se minha mãe descobrisse que eu havia mentido para ela, estaria ainda mais.

- Não estava se sentindo bem, então eu o garanti que teria essa conversa com você assim que você chegasse. - ela disse, pousando as mãos delicadamente em sua cintura.

- Pode começar. - eu descansei minhas costas no sofá e vi minha mãe, que parecia ter sido esculpida bem ali em minha frente, revirar os olhos.

Talvez ela questionasse porque eu era tão diferente dela, porque eu nunca consigo fazer as coisas direito ou porque eu nunca consigo ser responsável... São muitas as possibilidades.

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