7 - C A M P F I R E

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Capítulo narrado por Blair

Saí do estabelecimento pisando firme, me odiando por ter cedido aos beijos de um desconhecido qualquer que conheci bebendo em plena 13:00 da tarde. Eu me tornei exposta diante a ele, como se ele pudesse me beijar quando quisesse e da maneira que quisesse, e isso me faz querer voltar no tempo e socar a cara dele. Mas, por mais que eu queira omitir, o beijo não foi nada mal.

O alcoólatra - decidi que o chamarei assim de agora em diante- tem uma aparência bem atraente e tenho certeza que todas as garotas se apaixonam pelo brilho que ele possui em seus olhos, mas eu me contive. Me obrigo a tirar esse babaca da minha cabeça. Afinal, foi só um beijo, ou melhor, dois beijos. Tenho certeza de que nunca terei o desprazer de reencontra-lo.

Me aproximei do meio-fio e ergui o braço, movendo a mão freneticamente no vento, aguardei que algum táxi passasse por ali e me levasse de volta para o acampamento, de onde fugi. Fiquei ali por mais de dois minutos, até quando finalmente apareceu um táxi no meu campo de visão e parou justamente ao meu lado. Abri a porta do carro amarelado  por conta própria, o que me fez lembrar de como Arthur é prestativo e o quanto sinto sua falta, mesmo que só façam poucas horas desde a minha "partida".

Dou as informações necessárias para o taxista e ele guia o carro pela pista com uma velocidade mínima, em direção ao tal acampamento cuja sigla não consigo relembrar. Porque uma sigla tão complicada?

Assim que cheguei no acampamento notei uma imensa locomoção de pessoas, que se moviam em direção à imensa fogueira costumeira sobre a qual minha guia havia me instruído. Estava prestes a anoitecer e os poucos postes do lugar já começavam a serem ligados. Entrar sem ser notada por ninguém não foi um sucesso, mas o ponto principal é: nenhum supervisor ou ajudante me viu e isso já é o bastante.

Pela primeira vez em minha vida eu estava feliz por não ter sido reparada por ninguém, pelo menos eu podia seguir o meu caminho em paz até a minha cabana e simplesmente esquecer que mundo é mundo. Depois de andar um pouco eu finalmente cheguei em minha cabana.

Fiquei parada do lado de fora, simplesmente pensando se deveria entrar ou fugir mais uma vez. Cruzei os meus braços e respirei fundo, criando coragem para fazer o que o meu cérebro me instruía como certo. 

- Blair?! - Ouvi alguém chamar e me movi imediatamente.

E lá estava uma menina de longos cabelos ruivos, altura média, com suas malas cor de rosa chamando toda atenção possível. Olhei pra ela com os olhos semicerrados, tentando extrair alguma informação sobre ela.

- Eu sou Meghan, sua companheira... - ela se apresentou, com um sorrisinho bem amargo no rosto.

- Já me informaram sobre você. - eu disse, cortando a sua fala. Dei alguns passos que foram suficientes para ficar bem perto dela, olhei em seus olhos claros e coloquei um sorriso duro em meus lábios. - Só porque vamos dividir uma cabana não quer dizer que sejamos amigas. Se ponha no seu lugar. Não me pergunte nada e, se possível, evite falar comigo.

O rosto dela empalideceu e uma aparência de pura chateação surgiu nele. Ela apenas assentiu, aceitando o que eu havia dito a ela e os seus olhos me olhavam como se me desafiassem. Eu apenas ignorei e me virei pra voltar para a casa.

- Meu quarto é o de cima. - eu informei, pegando meu celular que ainda estava no chão da sala e as minhas malas que também estavam ali.

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